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Dono de apartamento assinou recibos de Lula em 1 dia, diz jornal

Segundo Costamarques, os documentos foram levados a ele pelo contador de Lula e assinados em um único dia

Lula: os comprovantes apresentados referem-se ao período de agosto de 2011 a novembro de 2015 (Paulo Whitaker/Reuters)

Lula: os comprovantes apresentados referem-se ao período de agosto de 2011 a novembro de 2015 (Paulo Whitaker/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de setembro de 2017 às 11h03.

Última atualização em 28 de setembro de 2017 às 11h14.

São Paulo - O empresário Glaucos da Costamarques afirma ter assinado, em um único dia, todos os recibos de aluguel de 2015 referentes ao apartamento vizinho ao do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em São Bernardo do Campo, usado pelo petista e sua família.

Segundo Costamarques, os documentos foram levados a ele pelo contador de Lula, João Muniz Leite, a pedido de Roberto Teixeira - advogado e amigo do ex-presidente - quando estava internado no Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista, em novembro daquele ano.

As informações são do jornal O Globo. Lula foi condenado a 9 anos e 6 meses de prisão, é réu em seis processos e já foi denunciado em dois.

Os recibos haviam sido solicitados ao ex-presidente pelo juiz federal Sérgio Moro, durante o segundo depoimento prestado por Lula a ele, no dia 13. O petista disse que iria ver com seu contador onde estavam os recibos, entregues por sua defesa na segunda-feira, 26.

Os comprovantes apresentados referem-se ao período de agosto de 2011 a novembro de 2015. De acordo com o jornal, a defesa de Costamarques avalia ajuizar ainda nesta quinta-feira, 27, uma petiçãona 13ª Vara da justiça Federal de Curitiba, revelando a forma como os comprovantes foram assinados e ainda solicitando imagens do circuito interno do hospital para comprovar as visitas feitas a Costamarques por Leite e Teixeira - o empresário ficou hospitalizado entre 22 e 28 de novembro de 2015.

Se comprovada, a fraude pode ser classificada como tentativa de obstrução da Justiça por parte de Lula e seus advogados. O uso do imóvel pelo petista e sua família é investigado pela Operação Lava Jato na mesma ação em que o ex-presidente responde sob suspeita de receber propina da Odebrecht por meio de um terreno onde seria construída a sede do Instituto Lula.

De acordo com o Ministério Público Federal, o aluguel do apartamento foi custeado pela Odebrecht como contrapartida a contratos firmados pela empresa com a Petrobras. Costamarques é primo do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula.

Em depoimento a Moro, Costamarques confirmou que firmou o contrato de aluguel em 2011 com a ex-primeira-dama Marisa Letícia (falecida em fevereiro passado), mas diz que só passou a receber o pagamento em novembro de 2015, após a prisão de Bumlai, tendo recebido "calote" durante quase cinco anos. Apesar disso, afirmou ter declarado à Receita Federal todos os valores.

Entre os recibos entregues pela defesa de Lula a Moro dois têm datas que não existem: 31 de junho e 31 de novembro. Em nota, a defesa do ex-presidente diz que os comprovantes dão quitação em relação aos aluguéis até dezembro de 2015.

"Não há qualquer questionamento em relação às assinaturas que constam no documento. A quitação é a prova mais completa de pagamento, de acordo com a lei. Se houver qualquer dúvida em relação aos recibos, poderão eles ser submetidos a uma prova pericial. A defesa do ex-presidente Lula tem absoluta tranquilidade de que os documentos guardados por dona Marisa revelam a expressão da verdade dos fatos."

Ainda segundo o advogado Cristiano Zanin Martins, "causa estranheza que todas as provas requeridas pela defesa para demonstrar que não existe qualquer valor proveniente da Petrobras envolvido no caso tenham sido indeferidas. A ação passou a ter como único foco uma relação privada de locação desde a audiência realizada em 13/09."

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