Novo empreendimento: complexo gastronômico e cultural no Edifício Touring (Rogério Reis/Pulsar Imagens/Exame)
Agência de notícias
Publicado em 7 de julho de 2024 às 10h01.
Última atualização em 7 de julho de 2024 às 10h02.
Alvo de grandes transformações nos últimos anos, a Região Portuária ganhou um novo projeto que deve agradar ao paladar de cariocas e turistas. É um complexo gastronômico e cultural no Edifício Touring, construção histórica na Praça Mauá, às margens da Baía de Guanabara. A ideia é instalar no casario de quase cem anos quatro restaurantes tradicionais do Rio — II Piccolo, Azumi, Nova Capela e Cais do Oriente. O “tempero” do empreendimento ficará por conta de rodas de samba e shows.
"O Edifício Touring é tombado, não vamos mexer na estrutura. Pretendemos instalar cozinhas móveis na área externa, no estacionamento. Vamos colocar samba à tarde e depois, a partir das 23h, vamos realizar shows, principalmente de música eletrônica e rap, num dos galpões ao lado. Para alimentar a garotada, iremos montar três food-trucks. Além disso, queremos aproveitar o espaço para feiras de artesanato e eventos de vinho", diz o empresário Antônio Rodrigues, dono da rede de bares Belmonte, idealizador do projeto.
Para facilitar o acesso, o empresário planeja colocar, nos fins de semana e feriados, cerca de dez ônibus em pontos das zonas Sul e Norte do Rio, em quatro horários, de ida e de volta, para quem quiser visitar o espaço. O serviço será oferecido sem custo e sob agendamento.
"Quero que seja para todos os públicos. Muitos jovens não conhecem o Centro. A região é sensacional, está crescendo, com muitos prédios novos, moradores novos chegando. Imagina sentar ali naquela orla, virada para a Baía de Guanabara, num fim de semana, com sambinha no armazém, boa comida e preço acessível", destaca o empresário.
Em 2019, o Edifício Touring chegou a ser cogitado pelo empresário Marcelo Torres, dono do grupo Best Fork, para abrigar o Mercado do Porto, inspirado no empreendimento português, mas o projeto não avançou. Antigo terminal de passageiros de navios, o prédio em estilo art déco foi projetado pelo arquiteto francês Joseph Gire, que também assina o Hotel Copacabana Palace, o Edifício A Noite e o Palácio Laranjeiras.
Na região do Porto, a antiga fileira de galpões abandonados — à sombra do elevado da Perimetral, derrubado entre 2013 e 2014 — deu lugar a uma combinação de infraestrutura, mobilidade, boemia e arte. Além de pontos turísticos, como a Yup Star, a maior roda-gigante da América Latina, a área abriga bares, atrações (como o MAR e o Museu do Amanhã), o Boulevard Olímpico e polos gastronômicos que já fazem parte da agenda de lazer da cidade.
O conjunto formado pelos bairros da Gamboa, da Saúde e do Santo Cristo tem se consolidado como “point” de diversão e, ao mesmo tempo, opção de moradia próxima do centro da cidade. Segundo a prefeitura, desde 2021 foram 12 lançamentos residenciais, totalizando mais de 9,1 mil unidades habitacionais. Dessas, 80% já foram vendidos.
O veterano Armazém da Utopia, na ativa desde 2010, acompanhou de perto o movimento de reurbanização do Porto. Por muito tempo, foi um dos poucos equipamentos de cultura no local a ter funcionamento noturno, com eventos e espetáculos. O diretor Luiz Fernando Lobo comemora a chegada dos vizinhos:
"A Zona Portuária tinha o IDH mais baixo da cidade e em pouco tempo se transformou. A tendência é uma alteração rápida nas dinâmicas daqui. Prefeitura e governo do estado precisam estar atentos à segurança. Essa região sempre foi historicamente muito segura, mas, com novos movimentos sociais, essas coisas se alteram".
Com uma grande estrutura, o Complexo Cultural D-Edge (CDD), um dos principais clubes de música do mundo, apostou no sucesso da Zona Portuária e chegou ao Rio em novembro do ano passado. Em cinco andares, o empreendimento, comandado pelo DJ e empresário Renato Ratier, foi montado em um prédio retrofitado, construído no início do século XX, para reunir música, arte, moda, design e gastronomia. Nos próximos meses, o complexo deve ganhar restaurante próprio. Para Léo Janeiro, curador artístico do espaço, a chegada de novos moradores trará mais prestígio para os estabelecimentos ali localizados.
"Valoriza a área do porto, o comércio e todas as coisas que são feitas naquele espaço. É muito bom colocar o centro do Rio novamente no lugar de destaque e de prestígio. Mais do que econômicos, os benefícios são sociais e criam novos pontos para as pessoas poderem visitar", opina.
Também na região, o Complexo Portinho é um espaço colaborativo gastronômico que abriga diferentes marcas, incluindo cafés, cervejas e hamburguerias, além de receber exposições, eventos de música e ensaios fotográficos.
"O Portinho é um mix de entretenimento para todo mundo. O Porto do Rio representa as raízes da cidade e tem tudo para fazer ainda mais sucesso", ressalta Roberto Kreimer, responsável pelo espaço.