Brasil

Doleiro seria ligado a sócia de Furnas em hidrelétrica

A PF suspeita que a empresa que arrematou a concessão da usina Três Irmãos seja sócia de Alberto Youssef no laboratório Labogen


	Torres de transmissão de energia perto da hidrelétrica de Furnas: de acordo com as investigações, a Quality pertence à rede de empresas criadas por Alberto Youssef para movimentar seus negócios
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Torres de transmissão de energia perto da hidrelétrica de Furnas: de acordo com as investigações, a Quality pertence à rede de empresas criadas por Alberto Youssef para movimentar seus negócios (Paulo Whitaker/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de abril de 2014 às 09h10.

Brasília e São Paulo - A Polícia Federal (PF) suspeita que a empresa que arrematou, em parceria com Furnas, a concessão da usina hidrelétrica de Três Irmãos, seja sócia do doleiro Alberto Youssef no laboratório Labogen. É o que informa o relatório da Operação Lava Jato.

A principal sócia de Furnas na usina hidrelétrica é a GPI Participações e Investimentos. Ela é presidida por Pedro Paulo Leoni Ramos, conhecido como PP, que foi secretário de Assuntos Estratégicos no governo de Fernando Collor de Mello (1990-1992).

Nas investigações que levaram ao impeachment do ex-presidente e hoje senador, PP foi apontado como operador de um esquema de corrupção ligado à Petrobras e aos fundos de pensão de empresas estatais do governo federal.

Entre os papéis apreendidos na Lava Jato está um documento de "promessa de compra e venda de ações e outras avenças da Labogen S. A Química Fina e Biotecnologia" para três empresas, entre elas a GPI.

Os outros sócios são Quality Holding Participações e Investimentos S.A e a Linear Participações e Incorporações Ltda.

De acordo com as investigações, a Quality pertence à rede de empresas criadas por Alberto Youssef para movimentar seus negócios. Ela tem dois sócios, e há indícios que ambos trabalhem para o doleiro.

Um é João Procópio Junqueira Pacheco de Almeida Prado. Outro é Matheus Oliveira dos Santos. Ambos informam como endereço comercial o mesmo da DGF - que, segundo a PF, é empresa de fachada de Youssef. A DGF é dona do apartamento onde mora o doleiro. Um boleto de condomínio vem em nome de Youssef "a/c João Procópio".

Matheus aparece trocando e-mails com dois executivos da Labogen, Pedro Argese Júnior, diretor executivo, e Leonardo Meirelles, presidente, e neles menciona mais de uma vez um dos sócios de Leoni Ramos na GPI, João Mauro Boschiero.

O relatório da PF traz uma mensagem eletrônica de Matheus a Leonardo Meirelles, dizendo que iria "pedir uma reunião de emergência na gpi" para levar um orçamento e obter dinheiro para concluir uma obra.


Em outro momento, Boschiero aparece mandando os destinatários apagarem mensagens. "Pedro e Leonardo (além de todos os que receberam os e-mails abaixo). D E L E T E M -N O U R G E N T E. As citações que foram feitas DERRUBAM NOSSO PROJETO", escreveu.

A Labogen tentava fechar um acordo de Parceria para Desenvolvimento Produtivo (PDP) com o Ministério da Saúde. Foi nesse processo que Youssef contou com a ajuda do deputado André Vargas (PT-PR).

Mais planos

Mas o laboratório tinha mais planos, segundo mostram os papéis em poder da PF. Os documentos mostram que a Labogen, além do caso já conhecido de tentativa de parceria com o Ministério da Saúde, também tinha planos de fornecer para a Petrobras, mais especificamente para a BR Distribuidora.

"Chama atenção na apresentação do tema ‘projetos em desenvolvimento’, onde se observa que o foco da Labogen é a Petrobras", diz o relatório. Um documento com projetos da Labogen foi até ilustrado com o logotipo da BR Distribuidora. O plano era fornecer à estatal produtos como glicerina, sequestrante de H2S, dissolventes de encrustração, inibidor de corrosão, desidratante de gás natural.

Procurada, a GPI informou que só falará após seus advogados terem acesso ao inquérito. Negou, porém, que Boschiero seja diretor da Labogen, como informou a revista Época.

A relação com o Labogen adiciona mais um elemento de incerteza num processo de concessão da Três Irmãos, que já está enrolado.

A assinatura do contrato com a usina, o primeiro na área de geração de energia após a aprovação das novas regras que vieram com o pacote de redução das contas de luz, está suspensa por liminar do ministro José Jorge, do Tribunal de Contas da União (TCU).

Não por suspeita de irregularidade, mas porque o ministro exige uma definição sobre quem operará as eclusas e o canal Pereira Barreto, hoje atrelados a Três Irmãos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:DoleirosEmpresasEnergia elétricaEstatais brasileirasFurnasHidrelétricasPolícia Federal

Mais de Brasil

Revalida divulga resultado de recursos para atendimento especializado

Com segurança reforçada, Alexandre de Moraes recebe homenagem no Tribunal de Contas de SP

Nova onda de frio terá ciclone e 'chuva congelada' no Brasil; veja quando começa

São Paulo terá chuva, rajadas de vento e temperatura de 6 ºC; Defesa Civil emite alerta