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Doleiro fará confissão total, diz advogado

Alberto Youssef será ouvido a partir de um acordo de delação premiada


	PF: as investigações da PF apontam que o doleiro tinha contato com vários políticos
 (Divulgação/Polícia Federal)

PF: as investigações da PF apontam que o doleiro tinha contato com vários políticos (Divulgação/Polícia Federal)

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Da Redação

Publicado em 29 de setembro de 2014 às 09h17.

São Paulo - Preso pela Operação Lava Jato da Polícia Federal e alvo de ações que o acusam de uma série de crimes, o doleiro Alberto Youssef vai fazer uma "confissão total dos fatos" nos depoimentos que prestará nos próximos dias, segundo o seu advogado, Antonio Figueiredo Basto.

Youssef será ouvido a partir de um acordo de delação premiada, na qual diz o que sabe aos investigadores em troca de redução da pena. Esse acordo precisa ser aprovado pela Justiça, algo que ainda não ocorreu.

"Acordo de colaboração pressupõe a confissão integral dos fatos, responder todos os fatos que for perguntado, a responsabilidade em colaborar com a Justiça", afirmou o advogado do doleiro em entrevista ao Estado. "As outras pessoas (apontadas por Youssef) vão ter o direito de se defender", ressaltou Basto.

Deflagrada em março deste ano, a Operação Lava Jato desbaratou um esquema de lavagem de cerca de R$ 10 bilhões liderado por Youssef e pelo ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa.

O ex-executivo da estatal já firmou um acordo de delação premiada no qual acusou uma série de políticos da base do governo da presidente Dilma Rousseff de receber dinheiro desviado de contratos irregulares da Petrobrás.

Em razão do acordo, Costa deve ser solto ainda nesta semana. Depois, aguardará a conclusão do caso em liberdade e poderá ter eventuais penas judiciais reduzidas.

As investigações da PF apontam que o doleiro, assim como o ex-diretor da Petrobrás, tinha contato com vários políticos, como os deputados federais André Vargas (sem partido-PR) e Luiz Argôlo (SD- BA).

Youssef também é suspeito de fazer negócios com dirigentes partidários. Uma das linhas de investigação da PF mira no tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. O petista, segundo as investigações, era um dos contatos de fundos de pensão com a CSA Project Finance, empresa de fachada de Youssef.

"João Vaccari esteve várias vezes na sede da CSA, possivelmente a fim de tratar de operações com fundos de pensão com Cláudio Mente", relatou à Justiça o advogado Carlos Alberto Pereira da Costa, apontado como laranja de Youssef. Vaccari nega ter participado de negociações com Claudio Mente.

Vargas, por sua vez, é amigo de Youssef e foi alvo de processo na Comissão de Ética na Câmara que pediu a cassação de seu mandato por suas ligações com o doleiro. A empresa Labogen, controlada por Youssef, contou com a ajuda do parlamentar para se aproximar do Ministério da Saúde. Além disso, Vargas chegou a utilizar um jatinho pago pelo doleiro para sua viagem de férias com a família para João Pessoa (PB) em dezembro do ano passado. Ele admitiu que o episódio do jatinho foi um "equívoco".

O parlamentar se desfiliou do PT após a Polícia Federal revelar suas relações com Youssef. Sua cassação ainda será votada no plenário da Câmara. Já Argôlo recebeu dinheiro do doleiro, segundo depoimento da ex-contadora de Youssef, Meire Poza.

O próprio juiz Sergio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato que tramitam na Justiça Federal do Paraná, chegou a citar, em uma de suas decisões, os pagamentos de propinas realizados pelo doleiro "a parlamentares".

"Relativamente a Alberto Youssef, as medidas investigatórias revelaram seu suposto envolvimento, na condição de líder, de grupo criminoso dedicado à lavagem de dinheiro e a pagamento de vantagens indevidas a ex-diretor da Petrobrás, sem contar pagamentos a dois parlamentares federais", escreveu o juiz.

Passado. Considerado "criminoso profissional" por Moro, Youssef foi condenado a 4 anos e 4 meses de prisão por corrupção após ter descumprido um acordo de delação no caso Banestado - escândalo de evasão de divisas que pode ter alcançado US$ 30 bilhões, nos anos 1990.

Na época, ele se comprometeu com a Justiça a não voltar a cometer crimes. Após ser pego pela Lava Jato, contudo, seu acordo foi rompido. Por esse motivo, autoridades ainda estão reticentes em aceitar ou não o acordo de delação na Lava Jato. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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