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Youssef confirmou repasse de US$ 5 mi a Cunha, diz doleiro

Doleiro Leonardo Meirelles depôs no Conselho de Ética da Câmara e falou sobre pagamentos de US$ 5 milhões a Eduardo Cunha


	Eduardo Cunha: em depoimento, doleiro confirmou que presidente da Câmara recebeu US$ 5 milhões por ter ajudado a viabilizar contratos com a Petrobras.
 (Adriano Machado/Reuters)

Eduardo Cunha: em depoimento, doleiro confirmou que presidente da Câmara recebeu US$ 5 milhões por ter ajudado a viabilizar contratos com a Petrobras. (Adriano Machado/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 7 de abril de 2016 às 12h39.

Brasília - O doleiro Leonardo Meirelles afirmou nesta quinta-feira, 7, em depoimento no Conselho de Ética da Câmara, que o doleiro Alberto Youssef confirmou a ele que repassou cerca de US$ 5 milhões ao presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a mando do lobista Júlio Camargo.

Meirelles disse que o montante foi repassado ao peemedebista em espécie, já transformados em reais.

O doleiro afirmou não ter, "a princípio", conhecimento de ter feito transferências bancárias de contas de suas empresas para contas do presidente da Câmara no exterior, nem saber se Cunha tem contas secretas fora do País.

O peemedebista é alvo de processo no Conselho e Ética sob acusação de ter mentido durante depoimento à CPI da Petrobras na Câmara em 2015 a respeito da existência de contas secretas no exterior.

Investigações da Operação Lava Jato apontam, contudo, que o Cunha possui contas na Suíça que foram supostamente abastecidas por recursos desviados da petrolífera brasileira.

Transferências

Em abril de 2012, Youssef chamou o doleiro em seu escritório para informar que cerca de US$ 5 milhões seriam depositados em contas de Meirelles no exterior, afirmou o depoente.

Youssef disse, segundo o doleiro, que ele deveria providenciar contratos fictícios de prestação de serviço para justificar a transferência.

Segundo Meirelles, o contrato fictício teria sido celebrado em maio de 2012 e o dinheiro foi enviado para contas dele por meio de três transferências: duas de cerca de US$ 2,4 milhões feitas em 8 de junho e 28 de outubro de 2012 e outra de US$ 400 mil feita em 7 de novembro daquele ano.

Meirelles disse que, devido ao alto valor do montante, Youssef confirmou que os cerca de US$ 5 milhões que seriam depositados viriam de Júlio Camargo, mas não comentou os motivos que levaram o lobista a pedir para fazer a transferência.

Em depoimento no âmbito da Operação Lava Jato, Julio Camargo disse ter pago US$ 5 milhões a Cunha.

Segundo o lobista, o presidente da Câmara o teria pressionado a transferir o montante como pagamento por ter ajudado a viabilizar contratos de navios-sonda de empresas coreanas e japonesas com a Petrobras.

Após receber o dinheiro no exterior, o doleiro Meirelles disse que "arrecadou" os cerca de US$ 5 milhões em reais e levou para o escritório de Alberto Youssef. De acordo com Meirelles, o valor em espécie foi levado ao Rio de Janeiro pelo ex-policial federal Jaime Careca - que atuava como entregador de Youssef.

"Fiz a entrega sem saber quem era. Uma semana depois, em almoço, o Alberto comentou informalmente de quem se tratava", disse o doleiro. Segundo Meirelles, Youssef disse que o valor foi entregue em um condomínio na Barra da Tijuca, na capital carioca, mesmo bairro onde Cunha possui residência.

Pendência

Meirelles contou que Youssef disse a ele que teria que terminar logo aquele contrato, porque era um assunto "pendente do passado". "Ele comentou informalmente. Olha, você não imagina a pressão que estava sofrendo, graças a Deus consegui liquidar aquela transferência, que era de Eduardo Cunha", disse no depoimento.

O doleiro afirmou ainda que "nunca" esteve com o presidente da Câmara. "O Alberto só me passava valores e pedia para checar contas. Ele usava tanto para receber como para repagamentos. Geralmente me informava só as informações bancárias", contou.

Questionado pelo relator do processo contra Cunha no Conselho de Ética, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), se fez transferências bancárias para contas de Cunha no exterior, Meirelles disse que "não houve". "Não que eu tenha conhecimento", emendou.

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