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Do julgamento à prisão preventiva: a linha do tempo da condenação de Bolsonaro

Polícia Federal realizou a prisão preventiva do ex-presidente na manhã deste sábado, por determinação do ministro Alexandre de Moraes

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 22 de novembro de 2025 às 14h24.

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A Polícia Federal (PF) prendeu preventivamente o ex-presidente Jair Bolsonaro, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), neste sábado, 22.

A justificativa da medida foi a preservação da ordem pública, após a convocação de uma vigília organizada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, prevista para a noite do mesmo dia. Desde 4 de agosto, Bolsonaro cumpria regime domiciliar.

A operação da PF teve início por volta das 6h, com um comboio de ao menos cinco veículos. Bolsonaro foi conduzido cerca de 20 minutos depois à Superintendência da PF, onde permanecerá preso em uma área reservada com cama, banheiro privativo e mesa.

O ex-presidente foi condenado a 27 anos e três meses de prisão sob a acusação de liderar uma tentativa de golpe de estado após vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais de 2022. É a primeira condenação desse tipo imposta a um ex-presidente na história do país.

Outros sete réus considerados parte do núcleo central da trama também foram sentenciados, com penas entre 2 e 26 anos de prisão.

A prisão preventiva decretada para o ex-presidente não se estende, neste momento, aos demais condenados, já que não está relacionada ao fim do trâmite judicial para cumprimento de pena.

Bolsonaro também foi considerado culpado pelos crimes de organização criminosa armada, abolição do Estado democrático de Direito, dano qualificado ao patrimônio público e deterioração de bem tombado.

Veja a linha do tempo da condenação de Bolsonaro

Outubro de 2022 - Derrota nas eleições

Na eleição presidencial, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu Jair Bolsonaro (PL), então presidente da República. Com 100% das urnas apuradas, Lula terminou com 50,90% dos votos válidos, ante 49,10% dos votos obtidos pelo atual presidente, Jair Bolsonaro (PL).

Após a disputa, Jair Bolsonaro passou a figurar como investigado em diversos inquéritos conduzidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Desde então, tornou-se alvo de sucessivas investigações e operações da Polícia Federal (PF), relacionadas a diferentes frentes de apuração.

Abril de 2023 - Bolsonaro na PF

Jair Bolsonaro foi ouvido pela Polícia Federal no inquérito que apura os atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro. O depoimento ocorreu em razão de ele ter sido apontado como possível “instigador” das ações que resultaram na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília.

Setembro de 2023 - Delação premiada de Mauro Cid

A Polícia Federal firmou um acordo de delação premiada com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. No depoimento prestado no âmbito do acordo, Cid relatou que Bolsonaro teria participado de reuniões com comandantes das Forças Armadas para tratar da possibilidade de uma ruptura institucional. As declarações integram um dos inquéritos em andamento no STF.

Novembro de 2024 - Indiciamento de Bolsonaro pela PF

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal junto com outras 36 pessoas, incluindo quatro ex-ministros, pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de direito e organização criminosa.

A investigação mirava cúpula que arquitetou uma tentativa de golpe no país, após invasão de golpistas a prédios da Praça dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro de 2023.

Fevereiro de 2025 - Denúncia da PGR contra Bolsonaro

O Procurador-Geral da União (PGR), Paulo Gonet, apresentou uma denúncia contra Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa, entre outros crimes.

"A responsabilidade pelos atos lesivos à ordem democrática recai sobre organização criminosa liderada por JAIR MESSIAS BOLSONARO, baseada em projeto autoritário de poder", disse o trecho da denúncia da PGR.

De acordo com a peça de acusação, a organização estava "enraizada na própria estrutura do Estado e com forte influência de setores militares", e se "desenvolveu em ordem hierárquica e com divisão das tarefas preponderantes entre seus integrantes".

Março de 2025 - STF aceita denúncia e torna Bolsonaro réu

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) e tornou Jair Bolsonaro e outros sete acusados réus por tentativa de golpe de Estado.

Os ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin acompanharam o voto do relator do caso, Alexandre de Moraes, em decisão unânime.

Maio de 2025 - Eduardo Bolsonaro

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de investigação contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL). A apuração envolve uma suposta tentativa de interferência nos Estados Unidos nas investigações relacionadas à tentativa de golpe de Estado. O caso passou a ser tratado como parte da linha investigativa conhecida como coação no curso do processo do golpe de Estado.

Julho de 2025 - Tornozeleira eletrônica e medidas cautelares contra Bolsonaro

O ministro Alexandre de Moraes determinou a adoção de medidas cautelares contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica. A iniciativa tinha o propósito de restringir eventuais interferências no andamento das investigações conduzidas pela Polícia Federal no contexto do inquérito que investiga a coação no curso do processo sobre a tentativa de golpe de Estado.

Agosto de 2025 - Prisão domiciliar

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL). Segundo ele, o ex-presidente violou as medidas cautelares impostas a ele ao compartilhar conteúdo nas redes sociais dos filhos.

"Em face do reiterado descumprimento das medidas cautelares impostas anteriormente decreto a prisão domiciliar de Jair Messias Bolsonaro", decidiu Moraes.

Na decisão, Moraes afirmou que o ex-presidente utilizou as redes sociais de aliados, incluindo seus três filhos parlamentares, para divulgar mensagens com "claro conteúdo de incentivo e instigação a ataques ao Supremo Tribunal Federal e apoio ostensivo à intervenção estrangeira no Poder Judiciário brasileiro".

Setembro de 2025 - Condenação

A 1ª turma do Supremo Tribunal Federal (STF) realizou sessões consecutivas e conclui o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. Bolsonaro é condenado a 27 anos e 3 meses de prisão.​

Serão 27 anos e 3 meses de pena privativa, sendo 24 anos e 9 meses de reclusão e 2 anos e 6 meses em detenção. Além disso, Bolsonaro pagará 124 dias-multa, que representa dois salários mínimos por dia.

Com o resultado do julgamento, Bolsonaro se tornou o primeiro ex-presidente da República a ser condenado por tentativa de golpe de Estado.

Com a condenação em trânsito, Bolsonaro passou a cumprir prisão domiciliar, decisão acompanhada de monitoramento eletrônico pela Polícia Federal para garantir o cumprimento da ordem judicial.​

21 de novembro de 2025 (fim da noite)

A Polícia Federal pede ao STF a conversão da prisão domiciliar em prisão preventiva. O pedido é motivado por risco de fuga, diante da proximidade do trânsito em julgado da sentença e eventos públicos organizados por apoiadores próximos ao local de residência de Bolsonaro.​

22 de novembro de 2025 (manhã)

O ministro Alexandre de Moraes decreta a prisão preventiva de Jair Bolsonaro, justificando a medida pelo risco à ordem pública e pela tentativa de violação da tornozeleira eletrônica. Bolsonaro é então detido pela Polícia Federal por volta das 6h35 e levado à Superintendência da PF em Brasília, onde passa por exame de corpo de delito.

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