Escola do Teatro Bolshoi: apresentação em Joinville reuniu mais de 100 dançarinos no palco (NILSON BASTIAN/ DIVULGAÇÃO)
Editor da Região Sul
Publicado em 25 de julho de 2025 às 15h02.
Última atualização em 25 de julho de 2025 às 16h36.
Quando se fala de Joinville, maior município de Santa Catarina com mais de 616 mil habitantes, a primeira imagem que vem à cabeça é a do polo industrial, com empresas que são referência nos setores metalmecânico, plásticos, eletrodomésticos, químico, têxtil e software.
O que pouca gente imagina é que o caminho trilhado à base do associativismo entre a economia formal, o fomento à inovação e o investimento em cultura pavimentaram um crescimento de aproximadamente 40% do PIB do município nos últimos cinco anos. Joinville decolou rumo a uma expansão muito acima da média nacional. E, neste caso, o céu, ou melhor, o espaço sideral já não é mais o limite.
A força de empresas de excelência como Amanco Wavin, Nidec, Tigre, Tupy, Döhler, Whirlpool, Totvs, Britânia, Docol, GM, Krona e Schulz, aliada à inovação de startups como a recém-criada Outer Space, primeiro laboratório de foguetes da região Sul, colocam a cidade em uma rota de desenvolvimento sustentado.
O empreendedorismo está no DNA da economia local. A Rôgga, por exemplo, empresa com apenas 18 anos, já figura entre as seis maiores construtoras de prédios residenciais do país na última edição do ranking Melhores e Maiores da EXAME. Com mais de R$ 1,1 bilhão em vendas líquidas em 2024 e um landbank de R$ 8,7 bilhões, soma recursos que garantem lançamentos por mais de cinco anos.
Guilherme Bertani, presidente da ACIJ (Ricardo Wolffenbüttel/Exame) (Ricardo Wolffenbuttel/Exame)
“As cidades de rápido crescimento e mais admiradas no mundo moderno começaram seu salto para o desenvolvimento a partir de uma visão de futuro”, diz Guilherme Bertani, presidente da Associação Empresarial de Joinville (ACIJ). Para alavancar novos ciclos de desenvolvimento, explica ele à EXAME, foi realizado o fórum intitulado “SC: O Norte encontra o Norte”.
A agenda propositiva, capitaneada pela ACIJ em parceria com a Univille e FIESC, definiu estratégias para o crescimento sustentado de toda a região Norte do Estado, integrando um planejamento para destravar os gargalos em ações integradas com os governos municipal estadual e parlamentares.
Mas como já diriam os Titãs, “a gente não quer só comida, a gente quer bebida, diversão, balé”. Até o dia 2 de agosto, a cidade realiza a 42ª edição do Festival de Dança de Joinville, evento reconhecido pelo Guiness Book como o maior festival de dança do mundo, em 2022. São mais de 16 mil bailarinos inscritos e visitando a cidade — a grande maioria deles acompanhados de familiares. O evento cria a alta temporada dos hotéis na cidade. Cerca de 300 mil pessoas assistem a mais de 500 horas de dança durante os 13 dias do evento, em apresentações no Centreventos, nas praças, shoppings e locais como empresas, lares de idosos e hospitais.
Escola Bolshoi em Joinville é a única fora da Rússia (NILSON BASTIAN/ DIVULGAÇÃO)
A Escola do Teatro Bolshoi no Brasil foi o destaque da noite de abertura do Festival de Dança de Joinville, no dia 21 de julho. Única representante do Bolshoi fora de Moscou, a escola celebrou em março 25 anos de atividades. A apresentação foi de um dos mais importantes balés da história mundial em uma versão produzida especialmente para o Brasil: “O Lago dos Cisnes”. A obra-prima do século 19 ganhou remontagem assinada pelo lendário bailarino e coreógrafo russo Vladimir Vasiliev, do Teatro Bolshoi de Moscou. A apresentação reuniu mais de 100 bailarinos no palco.
Para o prefeito de Joinville, Adriano Silva, o papel do gestor público dentro deste ecossistema que engloba tradição, inovação e arte, é o de atuar como um indutor, um facilitador para que os projetos possam sair do papel. “A minha função, como prefeito, é trabalhar para desburocratizar os processos e oferecer a máxima liberdade econômica aos empreendedores”, afirma Silva.
João Pedro Golynski, engenheiro aeroespacial formado pela UFSC, e Vitor Daniel de Carvalho, estudante do mesmo curso na Federal, ambos com 25 anos, são os idealizadores da startup Outer Space, o primeiro laboratório de foguetes da região Sul. Instalados debaixo do guarda-chuva da Ágora Tech Park, estrutura destinada à inovação dentro do Perini Business Park — o maior distrito industrial da América latina, com mais de 300 empresas de 20 nacionalidades -, os dois iniciaram a busca por recursos ainda em 2022.
Por meio de um aporte de R$ 500 mil, concedido pelo Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação, eles partiram para a efetiva criação do laboratório, que está em fase de montagem e irá operar em uma área isolada do Perini, por questões de segurança, já que o foco será no desenvolvimento dos propulsores dos foguetes.
Ágora Tech Park, espaço para inovação dentro do Perini Business Park (Ricardo Wolffenbüttel/Exame)
As metas para os próximos cinco anos já estão definidas: em 2026 será lançado o primeiro protótipo, com quatro metros de comprimento e um custo estimado em R$ 50 mil. Batizado de Alfa I, deverá atingir 5 mil metros de altura. O Alfa II, ainda sem data definida, deverá alcançar 10 quilômetros (R$ 150 mil). E o maior desafio, claro, será o Alfa III, com previsão de 100 quilômetros e retorno à Terra, após entrar em órbita (R$ 1 milhão).
Batizado de Space or Nothing (o espaço ou nada), o programa pretende atrair investidores e oferecer uma estrutura para disseminar o conhecimento nos avanços da pesquisa aeroespacial brasileira. “Nós somos um laboratório que vai integrar a pesquisa da academia ao desenvolvimento da economia espacial no Sul”, relata Golynski.
Vilson Buss, diretor-presidente da Rôgga (Ricardo Wolffenbüttel/Exame)
Com apenas 18 anos de história, a Rôgga Empreendimentos já se destaca como uma força transformadora no setor nacional de construção civil. Com mais de R$ 1,1 bilhão em vendas líquidas em 2024 e um landbank de R$ 8,7 bilhões, a empresa soma recursos que garantem lançamentos para além dos próximos cinco anos.
Fundada em 2006 em Joinville, a empresa também atua em Jaraguá do Sul e no Litoral Norte, onde é pioneira em Penha, Balneário Piçarras e duas das cidades que mais crescem no Estado – Itapoá e Barra Velha. A partir deste ano, a empresa passa a atuar também em Itajaí.
“A empresa entende que essas conquistas são resultado do compromisso com a qualidade, a inovação, a sustentabilidade e o foco nos clientes. O propósito da Rôgga é melhorar o habitar humano, contribuindo para o desenvolvimento econômico, social e humano das regiões em que atua. O rigoroso sistema de governança é a base para a empresa continuar o ritmo de crescimento”, informa Vilson Buss, diretor-presidente e fundador da Rôgga.
A construtora atua em duas divisões: a Easy e a Prime. O diferencial é uma unidade fabril que também fica dentro do Perini Business Park, onde todas as peças para uma edificação de até 20 andares são produzidas em concreto, reduzindo significamente os custos no canteiro de obras, refletindo em preços mais competitivos no mercado para o cliente final.
“Nós criamos uma tecnologia de construção com peças produzidas por nossa unidade que depois são encaixadas no canteiro de obras, mas não podemos falar em pré-moldados e sim em unidades “engenheiradas”, porque cada empreendimento tem um desenvolvimento estrutural único, elaborado por nossos engenheiros e depois aprovado pelo comitê de inovação”, finaliza Buss.