O presidente Bolsonaro e o ex-presidente Lula: se as eleições fossem hoje, o petista seria eleito, segundo a pesquisa EXAME/IDEIA (Bolsonaro: Andressa Anholete / Lula: Minas/Bloomberg/Getty Images)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 12 de novembro de 2021 às 07h00.
Última atualização em 12 de novembro de 2021 às 12h34.
A menos de um ano das eleições presidenciais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ampliou a vantagem em relação ao presidente Jair Bolsonaro (que anunciou que irá se filiar ao PL) nas intenções de voto do segundo turno. Se as eleições fossem hoje, o petista teria 48% e o candidato à reeleição, 31%. Em julho, esta distância entre os dois era de 12 pontos percentuais.
Os dados são da mais recente pesquisa EXAME/IDEIA um projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. A sondagem ouviu 1.200 pessoas entre os dias 9 a 11 de novembro. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. Clique aqui para ler o relatório completo.
A pesquisa EXAME/IDEIA testou possíveis cenários de segundo turno considerando os candidatos com a maior intenção de votos no primeiro turno: Lula e Bolsonaro. Com o petista, foram considerados quatro cenários, além da disputa com o atual presidente. Em todas as simulações, o ex-presidente venceria.
Com Bolsonaro, EXAME/IDEIA simulou a votação em dois cenários, além do segundo turno com Lula. Pela primeira vez desde o início da sondagem para 2022, Ciro Gomes (PDT) venceria o atual presidente, com uma margem de 4%. Para Maurício Moura, fundador do IDEIA, apesar de Bolsonaro ter uma parcela fiel de eleitores, reverter este cenário é muito difícil.
"O presidente Jair Bolsonaro tem níveis de aprovação abaixo dos seus pares que tentaram a reeleição: Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. No terceiro ano de mandato, todos tinham um patamar de aprovação acima de 30% e menor rejeição. E, para serem reeleitos, precisaram melhorar sua performance de popularidade no ano eleitoral. No caso de Bolsonaro, essa recuperação teria de ser recorde”, explica.
Na sondagem de primeiro turno, Lula também lidera todos os cenários. Na pesquisa estimulada (quando os candidatos são apresentados previamente), o ex-presidente tem 35% das intenções de voto, Bolsonaro aparece com 25%, seguido de Ciro Gomes, com 7%, e Sergio Moro (Podemos), com 5%.
Maurício Moura explica que Lula mantém uma vantagem considerável em classes de renda mais baixa, e no Nordeste - que chega a 46% das intenções de voto em um cenário de primeiro turno.
“Apesar disso, a variável mais relevante é a intenção de voto espontânea [quando não são apresentadas alternativas]. Esses são os respondentes que concentram os eleitores mais fiéis de Lula e de Bolsonaro. E é esse o dado que ainda mostra uma desconexão de grande parte do eleitorado, com quase 45% que não conseguem verbalizar um nome sequer de um presidenciável”, afirma.
O ex-juiz Sergio Moro se filiou ao Podemos na última quinta-feira, 10. Em seu discurso, ele falou de combate à corrupção. Sem mencionar que é candidato especificamente à presidência, o tom da fala foi carregada de símbolos de um postulante ao Palácio do Planalto.
Em entrevista ao UOL, o senador do Podemos pelo Paraná (terra de Moro), Álvaro Dias, garantiu que o ex-ministro de Bolsonaro será candidato a chefe do Executivo nacional.
A desaprovação do presidente se manteve acima dos 50% em relação à última pesquisa. Entre os entrevistados, 54% acham o governo de Jair Bolsonaro ruim ou péssimo. A parcela que mais avalia negativamente o presidente está nos jovens de 16 a 29 anos (58%), no Nordeste (61%), e nas classes D e E (60%).
“A nossa experiência de opinião pública mostra que é muito improvável reverter esse cenário. Além disso, 64% dos brasileiros acreditam que o presidente não merece continuar no cargo. Um número bastante superlativo e que mostra o grau de dificuldade de reeleição”, diz Maurício Moura.