Diretor-executivo da operadora de saúde Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior (Edilson Rodrigues/Agência Senado)
Alessandra Azevedo
Publicado em 22 de setembro de 2021 às 14h39.
Por decisão do relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), o diretor-executivo da operadora de planos de saúde Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, passou da condição de testemunha para a de investigado pelo colegiado. Batista presta depoimento desde às 11h30 desta quarta-feira, 22.
“Mandarei para a Procuradoria de Justiça do Estado de São Paulo, porque esses fatos aconteceram lá e há um desejo do MP-SP de levantar essas circunstâncias”, disse Renan, em relação aos fatos investigados pela CPI, como a orientação obrigatória do “kit-covid” por médicos do plano de saúde.
A CPI teve acesso a um dossiê elaborado por ex-médicos da Prevent Senior, no qual eles apontam irregularidades, como a prescrição de medicamentos sem eficácia comprovada para covid-19. O protocolo teria sido acordado com o governo Bolsonaro, para testar a tese de que o kit covid funcionava para tratar pacientes com a doença.
Segundo os médicos, os pacientes não foram informados sobre o tratamento experimental. Durante o depoimento, Batista afirmou que ex-funcionários da empresa invadiram uma planilha interna e adulteraram dados para elaborar o dossiê.
Benedito negou que a Prevent tenha desenvolvido qualquer protocolo junto ao Ministério da Saúde. Segundo ele, também não houve omissão de informações relativas a mortes de pacientes infectados com covid-19 e submetidos ao estudo com uso de medicamentos sem eficácia para a doença, como a hidroxicloroquina
“Ex-médicos da Prevent, desligados em junho de 2020, manipularam dados de uma planilha interna, que era uma planilha de acompanhamento de pacientes, para tentar comprometer a operadora”, disse o diretor-executivo da empresa.
Esses médicos, segundo ele, “invadiram o sistema, acessaram esta planilha e, mesmo não tendo mais nenhuma responsabilidade em cima desse processo, adulteraram a planilha”. Em seguida, no dia 28 de agosto, eles teriam encaminhado o arquivo para uma advogada, sem autorização dos familiares dos pacientes.
“Esses dados precisaram ser manipulados para deturpar a real conduta de mais de 3 mil médicos e, desta maneira, após furtados e adulterados, pudessem ser usados para atacar uma empresa idônea”, afirmou Batista.