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Direita aprendeu a usar as redes sociais mais que nós, diz Lula

Segundo o petista, os políticos de direita tiveram "mais recursos" investidos em redes sociais, com "empresário financiando. E isso vai continuar"

Lula: O petista ainda disse que há necessidade de combate a "mentiras disseminadas nas redes" (Nacho Doce/Reuters)

Lula: O petista ainda disse que há necessidade de combate a "mentiras disseminadas nas redes" (Nacho Doce/Reuters)

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Clara Cerioni

Publicado em 20 de novembro de 2019 às 13h37.

Última atualização em 20 de novembro de 2019 às 14h53.

São Paulo — Em entrevista dada nesta quarta-feira (20) ao blog Nocaute, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o PT ainda tem que aprender a utilizar as redes sociais, e que o partido tem perdido esta disputa para a direita brasileira.

"O PT tem clareza de que a direita tem um papel e que aprendeu a utilizar as redes sociais melhor do que nós", disse Lula. O petista ainda disse que há necessidade de combate a "mentiras disseminadas nas redes".

Segundo o ex-presidente, a direita teve nas eleições de 2018 "mais recursos" investidos em redes sociais, com "empresário financiando. E isso vai continuar", previu.

Segundo Lula, a ascensão de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos em 2016 foi um marco importante para o uso político da internet. "Eu jamais esperei que o Trump fosse eleito. Uma parte da humanidade foi transformada em algoritmo. Não é você que utiliza a internet, é ela quem te usa", disse.

Para Lula, o "PT ainda está engatinhando quando deveria ter redes imbatíveis", considerando que o partido tem mais de dois milhões de filiados. "Não temos nem o 'zap' dessa gente. Isso hoje é uma preocupação do partido", explicou.

2020

O petista defendeu, ainda, que o PT não abra mão de candidaturas próprias nas eleições municipais de 2020 quando puder ter candidaturas competitivas.

Citando São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, o petista disse que "um partido do tamanho do PT tem que ter candidatos próprios". As declarações foram feitas em uma entrevista de Lula ao blog Nocaute.

Lula disse que "gosta" de Manuela d'Ávila (PCdoB-RS) e de Marcelo Freixo (PSOL-RJ), potenciais candidatos às prefeituras de Porto Alegre e Rio de Janeiro, respectivamente, em 2022. No entanto, segundo Lula, o PT não pode prescindir de ter candidaturas próprias nessas capitais, e citou o nome de Benedita da Silva (PT-RJ) como possível indicação do PT no Rio de Janeiro.

O petista disse, porém, que o PT pode apoiar candidatos "progressistas, de esquerda", em eventuais situações de segundo turno nas quais o partido fique de fora.

Conservadorismo

O ex-presidente disse também que o PT "não pode aceitar a prevalência do discurso conservador" e criticou quem afirma que não se deve ensinar sobre sexualidade nas escolas públicas brasileiras. Para Lula, a historiografia oficial está comprometida com versões incorretas ou incompletas de fatos e importantes do Brasil, e citou a Cabanagem, Duque de Caxias e Zumbi dos Palmares como exemplos.

O presidente ainda citou o aborto como exemplo no qual se opõe, ainda que parcialmente, ao posicionamento conservador. Para Lula "um presidente da República não pode cuidar do aborto. Eu, pessoalmente, sou contra, mas como chefe de Estado você tem que tratar o aborto como questão de saúde pública". Segundo o petista, "as mulheres pobres ficam furando o útero com agulha de tricô, enquanto a madame vai para Paris fazer um aborto".

EUA e Bolívia

Para o petista, os Estados Unidos têm participação nas instabilidades que surgiram em países latino-americanos nos últimos meses. Lula disse que há "golpes" acontecendo no continente e que a "matriz é a mesma". "Estou convencido de que os americanos, nessa briga com a China, resolveram voltar a transformar a América Latina no quintal deles", falou. Segundo Lula, "há "dedos dos Estados Unidos em todos os golpes aqui" e os americanos "não querem que exista aqui na América Latina nenhum país com mania de protagonismo e é lamentável que o Brasil se submeta a isso".

Sobra a Bolívia, o ex-presidente afirmou que foi contrário à tentativa de Evo Morales de se perpetuar no poder por meio de um quarto mandato. Segundo Lula, "nenhum partido pode achar que vai governar para sempre" e é importante ter em mente que "alternância é importante para a democracia". "Eu dizia para o Hugo Chávez: quando é que você vai achar um sucessor? A gente não pode achar que é imprescindível. Quando a gente começa a achar isso, está nascendo dentro de você um ditadorzinho, e isso é perigoso", disse o petista.

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