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Dirceu ainda pode ter papel significativo no PT, diz Suplicy

Condenado a sete anos e 11 meses de prisão por corrupção ativa, ex-ministro ficou preso por pouco mais de 11 meses e cumpre o restante da pena em regime aberto


	José Dirceu: ele teria recebido R$ 3,7 milhões das construtoras Galvão Engenharia, OAS e UTC Engenharia
 (Elza Fiúza/Agência Brasil)

José Dirceu: ele teria recebido R$ 3,7 milhões das construtoras Galvão Engenharia, OAS e UTC Engenharia (Elza Fiúza/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 23 de janeiro de 2015 às 18h16.

São Paulo - O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) pretende procurar em breve o ex-ministro José Dirceu, condenado no processo do mensalão.

"É possível que eu o procure nos próximos dias para conversarmos um pouco. Afinal, o conheço desde a fundação do partido. Tantas vezes interagimos e sempre mantivemos uma atitude de respeito mútuo e cooperação", disse ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

O senador afirmou não ter conhecimento dos movimentos de Dirceu nos bastidores para retomar o poder dentro do PT, como noticiado pelo jornal O Estado de S. Paulo nesta quinta-feira, mas afirma não ver problemas na intenção do ex-ministro de voltar a atuar politicamente.

Suplicy relata ter falado com Dirceu pela última vez há cerca de três meses, por telefone, e disse que a última vez que o viu pessoalmente foi na segunda visita que fez ao ex-ministro no Complexo da Papuda.

Condenado a sete anos e 11 meses de prisão por corrupção ativa, o ex-ministro ficou preso por pouco mais de 11 meses e cumpre o restante da pena em regime aberto desde novembro.

"Zé Dirceu é considerado na história do partido uma das pessoas que mais colaborou para sua formação e organização. Ele foi julgado, teve direito de defesa e recebeu a pena que tem cumprido", disse Suplicy.

"Um ser humano pode cometer erros, mas pode procurar depois os caminhos de correção e superação de sua trajetória. Portanto, ele pode dentro do PT ainda ter um papel significativo na medida em que ele tiver cumprido sua pena", completou.

Sobre a quebra dos sigilos fiscal e bancário de Dirceu, por recebimento de pagamentos suspeitos de empreiteiras investigadas na operação Lava Jato, conforme noticiado no Jornal Nacional, Suplicy disse ter pouco conhecimento do caso para comentar.

"Ele certamente terá os meios de explicar a natureza dos serviços prestados, eu não poderia adiantar qualquer conclusão."

Dirceu teria recebido R$ 3,7 milhões das construtoras Galvão Engenharia, OAS e UTC Engenharia.

Em seu blog, o ex-ministro publicou uma nota dizendo que "a relação comercial com as empresas não guarda qualquer relação com contratos na Petrobras sob investigação na Operação Lava Jato".

Ao longo da entrevista, Suplicy lembrou três momentos emblemáticos de sua relação com o ex-ministro da Casa Civil do governo Lula para justificar a proximidade que tem com ele.

Falou de quando participaram juntos dos comícios das Diretas Já em 1983 e 1984, da coleta de assinaturas para abrir a Comissão Parlamentar de Inquérito que resultou no impeachment de Fernando Collor em 1992, e as prévias do PT para presidência em 2000, quando houve atrito entre os dois.

Dirceu não concordou com a postura de Suplicy de disputar a vaga com Lula.

"Zé Dirceu, de maneira muito correta, organizou as prévias de maneira isenta. Lula ganhou e eu o apoiei até o fechar das urnas. Hoje, acho que a prévia contribuiu até para a candidatura dele ter mais legitimidade."

Audiência com Dilma

O senador voltou a dizer que aguarda uma audiência com a presidente Dilma Rousseff (PT) para falar da criação de um grupo de trabalho que estabelecerá fases de implementação da Renda Básica de Cidadania.

Suplicy insistiu pela audiência ao longo dos quatro anos do primeiro mandato da presidente e não conseguiu.

Na cerimônia de posse do segundo mandato de Dilma, no dia 1º, recebeu da presidente a promessa de que o encontro aconteceria antes do fim de seu mandato como senador.

Suplicy enviou diversas cartas e fez telefonemas à Presidência insistindo pelo encontro até 31 de janeiro.

Explicou à reportagem que agora insiste pelo encontro até o dia 28, pois nos dias 29 e 30 participará de atividades na Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

A Renda Básica foi instituída formalmente, por meio de lei de autoria de Suplicy, em 2004.

A lei determina a aplicação gradual da Renda Básica em substituição a programas de transferência de renda como o Bolsa Família.

O governo federal, no entanto, não dá sinalização de que queira dar andamento à proposta de Suplicy.

O senador disse à reportagem que aguarda resposta da presidente também para agendar o encontro com Dirceu.

Um dos assuntos que Suplicy diz ter interesse de tratar com Dirceu é a aplicação da Renda Básica.

Quando da aprovação da lei, Dirceu era o ministro da Casa Civil.

Em fevereiro, após cumprir o mandato de senador, Suplicy assumirá o cargo de secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, na gestão do petista Fernando Haddad (PT) na capital paulista.

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