Brasil

Dilma veta nova taxa para financiar o movimento sindical

O Palácio do Planalto defende a substituição do atual modelo de financiamento, calcado desde 1943 no imposto sindical, pela taxa negocial


	A presidente se surpreendeu com a repercussão negativa, nos últimos dias, diante da possibilidade da nova taxa ser criada
 (REUTERS/Ueslei Marcelino)

A presidente se surpreendeu com a repercussão negativa, nos últimos dias, diante da possibilidade da nova taxa ser criada (REUTERS/Ueslei Marcelino)

DR

Da Redação

Publicado em 15 de março de 2013 às 21h47.

Brasília - A presidente Dilma Rousseff vetou nesta sexta-feira a criação de uma nova taxa para financiar o movimento sindical. Ao sancionar lei que regulamenta a profissão de comerciário, a presidente decidiu não aprovar o parágrafo que previa a chamada "taxa negocial", que poderia ser cobrada pelos sindicatos junto a sua categoria, no limite de até 1% do salário por mês.

Segundo apurou a Agência Estado, a presidente se surpreendeu com a repercussão negativa, nos últimos dias, diante da possibilidade da nova taxa ser criada. Pelo projeto aprovado no Congresso que aguardava sanção presidencial, os comerciários seriam a primeira profissão do Brasil a contar com estrutura sindical (sindicatos, federações e confederações) com duplo financiamento: o imposto sindical e a nova taxa.

O Palácio do Planalto defende a substituição do atual modelo de financiamento, calcado desde 1943 no imposto sindical, pela taxa negocial. Hoje, todos os 47 milhões de trabalhadores recolhem o equivalente a um dia de trabalho por ano ao governo federal, que reparte o bolo de quase R$ 2 bilhões por ano, com o movimento sindical. No acordo selado pelo governo com as centrais sindicais em 2008, quando elas começaram a receber uma parte do dinheiro, a substituição pela taxa negocial estava prevista para ocorrer em 2010. Isso não aconteceu.

Defesa interna

Nas discussões internas que antecederam a sanção da lei, o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência, defendeu a criação da nova taxa, ainda que sem a extinção do imposto sindical, como um primeiro passo rumo à reforma desejada em Brasília. A presidente chegou a pedir ao Ministério do Trabalho que formulasse um decreto direcionando os recursos da taxa negocial para atividades de saúde e educação nos sindicatos.


"O governo não recuou de sua vontade de reformar o sistema sindical, mas a presidente considerou inapropriado criar uma nova taxa sem acabar com a antiga", disse um interlocutor da presidente no Planalto.

Em nota oficial, o presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, Ricardo Patah, comemorou a regulamentação da carreira, mas criticou o veto presidencial. "Para revolta e desgosto de todos os sindicatos e federações de comerciários do Brasil, houve o veto. Nossa luta agora volta ao Congresso, para a derrubada do veto", disse.

Mesmo empresários do ramo do comércio criticaram o veto da presidente. Segundo afirmou o presidente do conselho de assuntos sindicais da Fecomercio em São Paulo, Ivo Dall'Ácqua Júnior, a criação da taxa negocial estimularia o trabalho dos sindicatos, hoje acomodados ao dinheiro garantido do imposto sindical. "Vivemos uma autofagia do movimento sindical no País, com a criação de sindicatos de fachada apenas para abocanhar uma parte do bolo repartido pelo governo", afirmou Dall'Ácqua. "Perdemos a oportunidade de criação de um novo modelo".

Acompanhe tudo sobre:Dilma RousseffPersonalidadesPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos TrabalhadoresPolítica no BrasilLegislaçãoSindicatos

Mais de Brasil

Oficial de Justiça tenta notificar Eduardo Bolsonaro, mas é informado que ele está nos EUA

Relator apresenta parecer pela rejeição da PEC da Blindagem em comissão do Senado

Governo de SP vai usar detentos do semiaberto para limpeza de ruas após fortes chuvas e vendaval

Governo dos EUA afirma que dois milhões de imigrantes ilegais já deixaram o país