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Dilma toma posse como presidente do banco dos Brics. Qual a importância do cargo?

O NDB, o "banco dos Brics", foi criado durante o primeiro mandato de Dilma, entre 2011 e 2014

Dilma: ex-presidente já despacha na sede do banco (Ricardo Stuckert/Planalto/Divulgação)

Dilma: ex-presidente já despacha na sede do banco (Ricardo Stuckert/Planalto/Divulgação)

Publicado em 13 de abril de 2023 às 06h13.

Última atualização em 13 de abril de 2023 às 07h20.

A ex-presidente Dilma Rousseff tomou posse nesta quinta-feira, 13, como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o chamado "banco dos Brics". A sede da instituição fica em Xangai, na China, e a cerimônia contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está em viagem oficial ao país asiático. 

Anteriormente, a posse de Dilma ocorreria no fim de março, mas o governo brasileiro teve de cancelar a viagem por conta de um quadro de pneumonia em Lula.

O mandato da ex-presidente como presidente do banco vai até julho de 2025. Ela foi indicada ao cargo pelo governo Lula. Mesmo sem a posse, Dilma já vinha despachando na sede do banco.

Em seu discurso de posse, Dilma Rousseff  falou sobre o viés social do banco e assumiu o compromisso do NDB com a proteção ambiental, infraestrutura social e digital.

“Assumir à presidência do NDB é uma oportunidade de fazer mais para os países dos Brics, mas também para os países emergentes e os países em desenvolvimento”, disse. “Estou confiante de que juntos podemos realizar nossa visão de desenvolvimento. Queremos que a prosperidade seja comum a todos os países”, acrescentou.

Discurso de Lula na posse de Dilma no Brics

Em seu primeiro evento oficial na China, Lula afirmou que a posse de posse de Dilma Rousseff "à frente de um banco global de tal envergadura é um fato extraordinário em um mundo ainda dominado pelos homens". Ele também destacou a história da ex-presidente na luta contra a ditadura e afirmou que o novo cargo é uma "ferramenta de redução da desigualdade entre países ricos e emergentes".

Ao exaltar o papel do Banco do Brics, o presidente criticou o modelo tradicional de financiamento de instituições financeiras internacionais. O NDB não tem a participação do Fundo Monetário Internacional (FMI) ou instituições financeiras de países de fora do grupo. Fato destacado por Lula.

“Pela primeira vez um banco de desenvolvimento de alcance global é estabelecido sem a participação de países desenvolvidos em sua fase inicial. Livre, portanto, das amarras e condicionalidades impostas pelas instituições tradicionais às economias emergentes. E mais, com a possibilidade de financiamento de projetos em moeda local”, disse.

O que é o "banco dos Brics"

O NDB, o "banco dos Brics", foi criado durante o primeiro mandato de Dilma, entre 2011 e 2014. A decisão do grupo de países por criar a instituição ocorreu após reunião de cúpula em Fortaleza, em 2014.

Uma das intenções é ampliar fontes de empréstimos e fazer um contraponto ao sistema financeiro e instituições multilaterais como o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Atualmente, a carteira de investimentos do banco dos Brics é da ordem de US$ 33 bilhões em 96 projetos pelo mundo. A meta, segundo relatório divulgado banco, é investir mais cerca de US$ 30 bilhões até 2026.

O conceito dos Brics perdeu força nos últimos anos em meio às crises econômicas e políticas dos países envolvidos. Quando o grupo foi criado, a expectativa era que o Brasil seguisse a transição de país de renda média para país rico, o que não ocorreu.

Países como Rússia e Índia, dos presidentes Vladimir Putin e do premiê Narendra Modi, também viram deterioração em suas instituições democráticas desde então. A China é hoje a maior força entre os países originais do grupo.

O foco do banco é o financiamento de projetos de energia limpa e eficiência energética, infraestrutura de transportes, saneamento básico, proteção ambiental, infraestrutura social e digital. Tanto empresas privadas quanto órgãos públicos podem ter empréstimos aprovados pelo Banco dos Brics.

O NDB é um dos oito grandes bancos de desenvolvimento mundiais, ao lado de órgãos como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco Europeu de Investimento, Banco Africano de Desenvolvimento, Banco Asiático de Desenvolvimento, Banco Mundial, entre outros.

Papel de Dilma nos Brics

Dilma se mudou para Xangai e despacha no novo e moderno edifício construído para abrigar o NDB, inaugurado em 2021. A cidade é um centro financeiro global. Ela trabalha num gabinete com vista para a metrópole, maior cidade chinesa, e recebe remuneração no mesmo patamar de outros bancos multilaterais, conforme executivos da instituição.

Este é o primeiro cargo público de Dilma desde o impeachment em seu segundo mandato como presidente, em 2016. Desde então, a ex-presidente tem atuado na vida partidária do PT e em palestras e organizações acadêmicas, além de ter se candidatado ao Senado nas eleições de 2018.

À frente do NDB, Dilma tem como missão mobilizar recursos para projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável nos Brics e em outras economias emergentes e países em desenvolvimento. No total, o Brasil já recebeu mais de US$ 5 bilhões do NBD desde sua fundação.

A China lidera esse ranking com mais de US$ 8 bilhões. Segundo um interlocutor da ex-presidente, a indicação de Dilma para presidir o banco seria também uma forma de reaproximar o Brasil da China, já que Dilma mantém boas relações com o presidente chinês Xi Jinping, que já estava no poder durante seu mandato.

Dilma deve ganhar em torno de US$ 500 mil por ano. O valor exato não é divulgado pelo NDB, mas pessoas com passagem pela gestão do banco dizem que o parâmetro é o valor pago pelo Banco Mundial. Procurado, o NDB não se manifestou.

Segundo especialistas, Dilma terá a oportunidade de ampliar a inserção internacional na instituição, mas enfrentará dois desafios no comando do banco. O de impulsionar projetos ligados ao meio ambiente e driblar o impacto geopolítico das retaliações ocidentais à Rússia, um dos sócios-fundadores.

(Com informações de Agência Brasil, Estadão Conteúdo e Agência O Globo)

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