Brasil

Dilma tenta desatar nós da política e da economia

Na política, a presidente terá de resolver a disputa entre aliados por cargos do segundo escalão


	Dilma: na economia, o desafio é aprovar o Orçamento de 2015 no Congresso
 (Evaristo Sá/AFP)

Dilma: na economia, o desafio é aprovar o Orçamento de 2015 no Congresso (Evaristo Sá/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de janeiro de 2015 às 08h42.

Brasília - Ao retornar do descanso na Bahia, na quarta-feira, a presidente Dilma Rousseff terá pela frente nós a desatar. Na política, terá de resolver a disputa entre aliados por cargos do segundo escalão, anunciar os novos titulares dos bancos públicos e articular a base para impedir a reinstalação da CPI da Petrobrás.

Na economia, o desafio é aprovar o Orçamento de 2015 no Congresso e fazer o ajuste das contas sem sacrificar programas sociais. É uma equação difícil que já teve seu primeiro incidente neste fim de semana. Dilma mandou o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, desmentir que a regra de correção do salário mínimo mudaria.

Continuando a formação da equipe, Dilma deve nomear a ex-ministra do Planejamento Miriam Belchior (PT) para a presidência da Caixa Econômica Federal nos próximos dias. Paulo Caffarelli, que era secretário executivo do Ministério da Fazenda, é o mais cotado para comandar o Banco do Brasil. A dúvida ainda reside nos nomes que substituirão Arno Augustin no Tesouro Nacional e Luciano Coutinho na presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Além de novos nomes, Dilma trabalha também num rearranjo operacional do governo. Numa tentativa de melhorar a costura política, a coordenação do governo terá agora a participação do novo ministro da Defesa, Jaques Wagner (PT). "O fato de eu estar no Ministério da Defesa não me impede de ajudar a presidente em outras áreas, quando for requisitado", disse Wagner.

A ideia da presidente é retomar as reuniões semanais de seu "núcleo duro" para discutir os rumos da gestão. Além de Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Wagner, os ministros Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência), Pepe Vargas (Relações Institucionais) e José Eduardo Cardozo (Justiça) comporão a coordenação de governo, ao lado do vice-presidente Michel Temer.

"Há uma clara orientação da presidente para ampliarmos o diálogo com os líderes dos partidos, os movimentos sociais, os empresários e todas as representações da sociedade", disse Rossetto. "O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social terá papel fundamental nessa agenda de mudanças e reformas."

Rossetto não quis comentar a ameaça da oposição de criar uma nova CPI da Petrobrás. "Isso é com o Pepe Vargas."

Ele destacou, porém, que os discursos de Dilma "encerram definitivamente" as especulações sobre o futuro da Petrobrás. Na cerimônia de posse para o segundo mandato, semana passada, a presidente afirmou que defenderá a estatal de "predadores internos e inimigos externos".

A Petrobrás precisa publicar seu balanço ainda este mês, sob pena de enfrentar o vencimento antecipado de contratos de financiamento. A expectativa é de que os novos números já saiam depurados das irregularidades investigadas na operação Lava Jato, da Polícia Federal.

Comunicação

Dilma está convencida de que precisa melhorar a comunicação do governo. No fim do ano passado, ela ficou impressionada com o resultado de uma pesquisa mostrando que quase 70% dos estudantes do ProUni eram contra o Bolsa Família. Além disso, a maioria dos integrantes da nova classe média também acha que suas conquistas são fruto de esforço próprio, e não da ação do governo.

Apesar da "trombada" com Nelson Barbosa a respeito do mínimo, os debates internos sobre o ajuste fiscal deste ano deverão prosseguir nesta semana. O governo prepara medidas para aumentar a arrecadação.

Pelo lado das despesas, a previsão é de que seja necessário contingenciar gastos num montante próximo a R$ 65 bilhões. O valor, porém, só será determinado depois que o Congresso aprovar o Orçamento de 2015.

Antes de viajar para a Base Naval de Aratu, onde está descansando, Dilma comparou o Brasil de 2015 a um navio que vai enfrentar um "mar com ondas".

Ela previu que o governo enfrentará obstáculos, mas se mostrou confiante que a embarcação "não afundará". A imagem foi usada pela primeira vez por ela em dezembro, em coquetel com a equipe do primeiro mandato, e repetida a amigos na quinta-feira, dia da posse.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Dilma RousseffGoverno DilmaPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

Lula foi monitorado por dois meses pelos 'kids pretos', diz PF

Tentativa de golpe de Estado: o que diz o inquérito da PF sobre plano para manter Bolsonaro no poder

A importância de se discutir as questões climáticas nos livros didáticos

Bolsonaro planejou e dirigiu plano de golpe de Estado, afirma PF