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Dilma sanciona sem vetos a PEC das domésticas

De olho na classe média, a presidente não vai vetar a regulamentação da proposta que garante direitos das empregadas domésticas


	Empregada doméstica: Dilma sancionará o texto aprovado pelo Congresso, que prevê encargos menores aos empregadores
 (GettyImages)

Empregada doméstica: Dilma sancionará o texto aprovado pelo Congresso, que prevê encargos menores aos empregadores (GettyImages)

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Da Redação

Publicado em 1 de junho de 2015 às 23h43.

Brasília - Em um aceno à classe média, a presidente Dilma Rousseff não vai vetar a regulamentação da proposta que garante direitos das empregadas domésticas

Com a decisão, Dilma sancionará o texto aprovado pelo Congresso, que prevê encargos menores aos empregadores.

Em 2013, o Congresso aprovou uma Proposta de Emenda à Constituição, conhecida como PEC das Domésticas, que consolidou direitos da categoria. Mas alguns benefícios ainda dependiam de normatização para entrar em vigor, o que só foi feito agora.

Entre os dispositivos que serão sancionados pela presidente está o recolhimento devido pelos patrões ao INSS. O texto prevê a redução dessa alíquota, dos atuais 12% para 8%. Outro ponto de polêmica foi a forma de compensar o empregado demitido sem justa causa. Pela nova lei, fica criado um fundo no qual o empregador terá de depositar mensalmente 3,2% do salário do trabalhador, valor que poderá ser sacado caso ele seja demitido sem motivo.

Uma proposta que chegou a ser aprovada pela Câmara, mas acabou derrubada depois pelo Senado, previa que, nessas situações, seria aplicada uma multa de 40% sobre o FGTS, conforme estabelece a Consolidação das Leis de Trabalho (CLT).

Durante a tramitação do projeto, a redação foi alvo de uma queda de braço entre o Senado e a Câmara. Os deputados propuseram que os direitos das domésticas fossem equiparados aos das demais categorias, mas o Senado optou por criar mecanismos pelos quais eles podem ser flexibilizados.

Por causa do ajuste fiscal e do aperto financeiro, o governo fez muitas contas antes de tomar a decisão sobre a regulamentação da PEC das Domésticas. Na noite de ontem, porém, os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Carlos Gabas (Previdência) fecharam acordo com os senadores.

Na avaliação do Palácio do Planalto, Dilma precisa mais do que nunca recuperar apoio entre setores refratários ao PT, como a classe média. Esse segmento, segundo diagnóstico do governo, está "divorciado" da presidente. O aceno faz parte da estratégia de Dilma de melhorar sua popularidade entre diferentes segmentos: o empresariado, com um plano de investimentos, e as centrais sindicais, com a apresentação de uma proposta que termine com o fator previdenciário, fórmula que reduz o valor das aposentadorias em até 30%.

A sanção da regulamentação da PEC das Domésticas será publicada no Diário Oficial desta terça-feira. "É um jogo de ganha, ganha", disse Romero Jucá (PMDB-RR), relator da proposta no Senado. "Ganha o trabalhador, o patrão, o FGTS e o INSS".

Jucá afirmou que, como o novo mecanismo de poupança obrigatória para compensar o pagamento da multa de 40%, em caso de demissão sem justa causa, haverá pacificação das relações entre patrões e empregados. "Se isso não fosse feito haveria uma despesa extra, na hora da dispensa, que poderia gerar insegurança tanto para o trabalhador como para o empregador".

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