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Dilma saiu de mãe do PAC a madrinha da inflação, diz Campos

O pré-candidato do PSB à Presidência também criticou o baixo crescimento e a desestruturação do setor elétrico no governo Dilma


	A presidente Dilma Rousseff e o governador Eduardo Campos 
 (Roberto Stuckert Filho/PR)

A presidente Dilma Rousseff e o governador Eduardo Campos  (Roberto Stuckert Filho/PR)

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Da Redação

Publicado em 27 de maio de 2014 às 07h25.

São Paulo - O pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, disse na noite de segunda-feira que a presidente Dilma Rousseff passou de "mãe do PAC", quando era ministra do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para "madrinha da inflação" depois que assumiu o governo.

Em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, Campos também procurou delinear as diferenças que tem com o outro principal pré-candidato ao Planalto, Aécio Neves, do PSDB, e disse que somente ele e sua pré-candidata a vice, a ex-ministra Marina Silva, são capazes de garantir a manutenção das conquistas sociais.

"Quem era a mãe do PAC, das obras, começou a ser a madrinha da inflação, a madrinha do baixo crescimento, a madrinha da desestruturação do setor elétrico, a madrinha do que está acontecendo na Petrobras. E aí, o povo quer mudança. E nós queremos ser a mudança do futuro", disse o socialista.

Ele referia-se às denúncias de irregularidades na Petrobras e ao Programa de Aceleração de Crescimento, criado por Lula, que o entregou ao comando de Dilma quando ela era sua ministra-chefe da Casa Civil.

A alta dos preços tem sido tema constante na atual pré-campanha à Presidência, tendo sido amplamente explorada por Aécio e gerado preocupação no governo Dilma.

Na entrevista, Campos defendeu ainda transparência na escolha de diretores para agências reguladoras e voltou a se expressar favoravelmente à independência do Banco Central. Disse ainda não ter "nenhum preconceito" com privatizações, embora tenha afirmado não enxergar, atualmente, nenhuma estatal brasileira que devesse ser vendida ao setor privado.

Ele defendeu também uma reforma tributária gradual e a criação de novas faixas de tributação da renda abaixo do teto atual, que é de 27,5 por cento, "de maneira a tornar mais justa a escala, como já tivemos no passado", disse.

O presidenciável do PSB comentou ainda a crítica de seus assessores econômicos sobre a atuação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Embora tenha defendido a atuação do banco de fomento após a crise econômica, quando bancos públicos emprestaram diante da inibição dos bancos privados, Campos avaliou que é hora de o BNDES "voltar ao seu leito natural".

"Os bancos oficiais cumpriram um papel importantíssimo, numa fase completamente atípica. O atípico não pode virar rotina", defendeu.

Ao lembrar a Carta ao Povo Brasileiro, elaborada por Lula na eleição de 2002 na qual o ex-presidente se comprometia a manter com os fundamentos econômicos do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Campos disse que somente ele e Marina podem garantir a manutenção das conquistas sociais.

"Da mesma forma que Lula garantiu na sucessão a Fernando Henrique que teria responsabilidade na condução da economia, e fez a carta aos brasileiros, a nossa chapa, eu e a Marina Silva, somos a garantia aos mais pobres do Brasil que as conquistas sociais serão preservadas."

DIFERENÇAS DE ORIGEM Campos procurou também delimitar suas diferenças em relação a Aécio, destacando que a origem política do tucano é "mais conservadora".

"A diferença é óbvia. A origem política de Aécio é de uma determinada origem mais conservadora que a minha. O Aécio participou do ciclo do (ex-presidente) Fernando Henrique, eu participei do ciclo de Lula", disse.

O ex-governador de Pernambuco também justificou sua decisão e de seu partido de romper com Dilma, depois de tê-la ajudado a se eleger em 2010 e ter participado de quase três anos de seu governo. Para ele, foi necessário "firmeza" para deixar a base aliada quando percebeu que "o Brasil começou a sair do caminho certo".

Campos foi indagado, ainda, se desistiria de sua candidatura caso Lula decidisse ser o candidato do PT ao Palácio do Planalto. Ele se esquivou de responder diretamente à questão, limitando-se a afirmar que sua disputa é com Dilma e que o ex-presidente já declarou publicamente que não será candidato.

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