Pré-candidata a um segundo mandato, em 2014, Dilma está mais política, faz afagos nos insatisfeitos e chama a reforma de "ajuste" (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 12 de novembro de 2012 às 08h42.
Brasília - A presidente Dilma Rousseff pretende fazer uma reforma ministerial enxuta, depois da eleição que renovará o comando da Câmara e do Senado, em 1.º de fevereiro de 2013.
Até agora, Dilma avalia que é mais conveniente esperar a acomodação da base aliada no Congresso, antes de promover as trocas na equipe. A estratégia foi traçada para evitar o costumeiro jogo de intrigas e pressões, além de ruídos na dobradinha entre o PT e o PMDB.
Pré-candidata a um segundo mandato, em 2014, Dilma está mais política, faz afagos nos insatisfeitos e chama a reforma de "ajuste".
Na prática, porém, ela tem seguido os conselhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem se reuniu na última terça-feira (6): não vai comprar brigas desnecessárias, muito menos desalojar parceiros que podem estar no palanque petista, daqui a dois anos.
Depois de se unir a José Serra (PSDB) na eleição em São Paulo, o PSD do prefeito Gilberto Kassab ingressará na coligação governista, apoiará Dilma e ganhará um ministério. Presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, Paulo Simão - que comanda o PSD de Minas - é cotado para ocupar o recém-criado Ministério da Micro e Pequena Empresa.
Nas fileiras do PSD, outras opções para uma vaga na Esplanada são o líder do partido na Câmara, Guilherme Campos (SP), o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, e a senadora Kátia Abreu (TO).
A opção por Simão seria uma forma de ampliar o espaço de Minas na equipe. Dilma está decidida a contemplar Kassab, que em julho chegou a intervir na seção municipal do PSD para avalizar a candidatura de Patrus Ananias (PT), derrotado depois, em Belo Horizonte, na disputa contra o prefeito Márcio Lacerda (PSB).
O xadrez da reforma, no entanto, não é tão simples como parece. O PMDB de Minas, que retirou a candidatura na capital para ser vice na chapa de Patrus, também espera uma recompensa. Atualmente, o PMDB controla cinco ministérios (Minas e Energia, Previdência, Agricultura, Turismo e Secretaria de Assuntos Estratégicos) e o plano de Dilma é pôr o partido do vice-presidente Michel Temer no comando de mais uma cadeira.
Se nada mudar até fevereiro, porém, o contemplado não será mineiro. O acerto é para abrigar o deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP) no Ministério da Ciência e Tecnologia, hoje ocupado pelo técnico Marco Antônio Raupp. Chalita aderiu à campanha de Fernando Haddad (PT) no 2.º turno da eleição paulistana.
A Secretaria da Aviação Civil, hoje nas mãos de Wagner Bittencourt, também poderá ser alvo de mudanças. Senadores e deputados alegam que esse ministério tem mais ônus do que bônus, mas, de qualquer forma, a pasta é uma espécie de "plano B" para acomodar o PSD de Kassab.
O PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, nega que o partido queira mais ministérios, além dos dois que já controla - Integração Nacional e Portos. "Se a gente fosse querer, íamos pedir logo uns vinte", provocou o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), que almoçou na quinta-feira com Dilma.