Segundo os parlamentares, a presidente abriu a reunião e, em seguida, deixou o ministro da Fazenda explicar os termos da medida provisória (Antonio Cruz/ABr)
Da Redação
Publicado em 15 de julho de 2012 às 10h11.
Brasília - A menos de dois meses da Rio +20, o governo federal, deputados e senadores descobriram que o preço dos hotéis no Rio de Janeiro durante a conferência se transformou em um problema. A presidente Dilma Rousseff pediu nesta quinta-feira aos ministros da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e do Turismo, Gastão Vieira, que tentem achar uma solução. Na Câmara dos Deputados, a Comissão de Turismo quer convocar o setor hoteleiro a dar explicações. No Senado, a Comissão de Relações Exteriores aprovou uma resolução em que pede ao prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que intervenha no assunto.
O assunto veio à tona esta semana, depois que o Parlamento Europeu declarou que havia cancelado o envio de uma delegação ao evento por conta dos altos custos de hospedagem. A conta poderia chegar a 100 mil euros, 10 vezes mais do que o orçamento inicial feito pelos europeus. Outras delegações também diminuíram o número de participantes por conta dos preços, até 60% maiores do que o normal em uma cidade que já cobra caro pelas vagas em seus hotéis.
Ao ficar sabendo do cancelamento dos deputados europeus, a presidente teria ficado irritada com o "abuso" pediu à ministra da Casa Civil que se reunisse sexta-feira com o ministro do Turismo para ver o que seria possível fazer. Foram chamados representantes dos Ministérios da Fazenda, Justiça, Turismo, Receita Federal, Embratur e do setor hoteleiro do Rio. A avaliação do governo é que os preços dos hotéis estão abusivos. Além disso, considera irregular a exigência dos pacotes de cobrar uma estadia de pelo menos sete dias. "Não há compreensão por parte do setor da importância do evento para o País", diz um auxiliar da presidente Dilma".
Apesar de reconhecer que o preço dos hotéis é uma questão de mercado, o fato de países já terem anunciado a redução no número de delegados acendeu o sinal vermelho. "Esse é um assunto que nos preocupa. Nós queremos que a Rio+20 seja inclusiva. Os preços estão muito elevados", disse o ministro das Relações Exteriores, Antonio de Aguiar Patriota, ao sair de uma audiência no Senado. Patriota fez questão de destacar que, apesar dos preços, a participação na conferência será alta. São esperados 116 chefes de Estado ou de governo. No entanto, para esses o custo da hospedagem é bancado pelo Brasil e pelas Nações Unidas. O restante das delegações paga do próprio bolso ou tem a sua despesa custeada pela organização da qual faz parte.
O alto custo fez com que a Câmara brasileira também decidisse não ter uma delegação oficial para não pagar as diárias cobradas pelos hotéis cariocas, a menos que haja uma redução nos preços. "Fiquei sabendo que a diária do hotel que estava sendo oferecida à Câmara dos Deputados é de algo em torno de R$ 1,6 mil por dia. E eu já determinei que a Câmara não irá pagar essa diária para garantir a participação dos deputados na Rio+20, não nessas condições", afirmou o presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS). "Vamos ver o que é possível fazer para reverter isso. Qualquer atitude que represente abuso ou crime contra a economia popular nós podemos tomar medidas".
Já no Senado, ao final da audiência com Patriota, a Comissão de Relações Exteriores aprovou um requerimento do senador Luiz Henrique (PMDB-SC) pedindo que a Prefeitura do Rio de Janeiro intervenha, de alguma forma, no setor para baixar os preços. Apesar do súbito zelo das autoridades, talvez não haja mais muito o que fazer. A grande maioria dos hotéis já estão lotados para o evento, apesar dos preços abusivos. Uma rápida busca pela internet encontra poucas vagas, raramente com diárias inferiores a R$ 1 mil.