Brasil

Dilma pede reforma política ao Congresso

Em mensagem ao Congresso, a presidente também defendeu ajustes para manter "rumo" do país


	Dilma: "conto com o Congresso Nacional para realizarmos a tão demandada, e sempre adiada, reforma política", disse a presidente em mensagem
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Dilma: "conto com o Congresso Nacional para realizarmos a tão demandada, e sempre adiada, reforma política", disse a presidente em mensagem (Ueslei Marcelino/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 2 de fevereiro de 2015 às 20h27.

Brasília - A presidente Dilma Rousseff defendeu os ajustes econômicos que o governo vem promovendo como necessários para manter o "rumo" e fez mais um apelo, em texto encaminhado ao Congresso Nacional nesta segunda-feira, pela "sempre adiada" reforma política.

Levada ao Parlamento pelo ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, a mensagem presidencial marcou o início dos trabalhos legislativos e discorreu sobre as ações do governo nos últimos anos.

Ao defender as medidas de ajuste econômico recentemente anunciadas, Dilma afirmou que têm caráter "corretivo" e que obedecem a uma necessidade de readequação à nova realidade do país.

"Estamos diante da necessidade de promover um reequilíbrio fiscal para recuperar o crescimento da economia o mais rápido possível, criando condições para a queda da inflação e da taxa de juros no médio prazo. Garantindo, assim, a continuidade da geração de emprego e renda", disse a presidente no documento levado ao Congresso e lido por quase uma hora e meia pelo primeiro-secretário do Congresso, deputado Beto Mansur (PRB-SP).

"Os ajustes que estamos fazendo são necessários para manter o rumo e ampliar oportunidades, preservando as prioridades sociais e econômicas do nosso governo." Ainda no fim do ano passado, o Executivo anunciou uma série de mudanças em regras de acessos a benefícios trabalhistas e previdenciários, parte de um pacote para gerar economia aos cofres públicos.

Dilma voltou a dizer que tais alterações não se tratam de medidas fiscais, mas sim de um "aperfeiçoamento" de políticas sociais para que sejam mais eficazes.

Em outra frente, a presidente discorreu sobre as mudanças fiscais que o governo vem executando, como a redução de gastos do governo e correções em alíquotas de contribuições e impostos, e afirmou que a ideia é promover um reequilibrio fiscal "de forma gradual".

"Contas públicas em ordem são necessárias para o controle da inflação, o crescimento econômico e a garantia, de forma sustentada, do emprego e da renda... Nossa primeira ação foi estabelecer a meta de resultado primário em 1,2 por cento do Produto Interno Bruto", afirmou.

Na avaliação do presidente do DEM, senador José Agripino (RN), a mensagem de Dilma não merece crédito e as palavras enviadas pela presidente ao Congresso não passam de "intenção política".

“Mensagem da presidente da República não tem hoje significado algum. Não passou de uma intenção política”, disparou o parlamentar.

“Tudo que se fala neste governo, se fala com descrédito. A começar por este pecado mortal que, em qualquer país do mundo civilizado, geraria um processo de impeachment: 2,7 bilhões de reais jogados fora, como foi o caso das duas refinarias anunciadas, mas extintas para o Nordeste", completou, numa referência à decisão da Petrobras PETR4.SA de desistir da construção de refinarias no Ceará e no Maranhão.

RESPONSABILIDADE CONSTITUCIONAL Na mensagem, Dilma voltou a bater na tecla da reforma política, tema já visitado por ela em seu discurso de posse e também abordado pelos recém-eleitos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Ao prometer combate "sem trégua" à corrupção, a presidente aproveitou para cobrar os parlamentares e lembrar que é prerrogativa do Legislativo aprovar mudanças que possam aliviar a crise de representatividade política e dar mais transparência ao financiamento de campanhas.

"Esse esforço no combate à corrupção e à impunidade produzirá resultados apenas parciais, caso o Brasil não enfrente a fonte principal dos desvios e dos desmandos: as insuficiências e as distorções do nosso sistema de representação política", disse.

"Por isso, conto com o Congresso Nacional para realizarmos a tão demandada, e sempre adiada, reforma política, de responsabilidade constitucional do Poder Legislativo", afirmou, um dia após sofrer uma derrota no Congresso ao ver um desafeto --Eduardo Cunha-- ser eleito para a presidência da Câmara tendo como bandeira a independência em relação ao Executivo.

Em discurso nesta segunda-feira, o deputado reconheceu que o 2015 será um ano com "muitos desafios" e defendeu a necessidade de se manter a harmonia entre os Poderes. Reiterou, no entanto, que o clima de disputa que reinou até o domingo, quando foi eleito presidente da Casa, foi encerrado ali. Cunha derrotou o candidato do PT, deputado Arlindo Chinaglia (SP).

Renan também defendeu a necessidade de debater a reforma política e propôs uma agenda coordenada entre Câmara e Senado.

Na mensagem, Dilma prometeu ainda, como parte de um conjunto de medidas para potencializar investimentos públicos e privados, um "aperfeiçoamento" do processo de licenciamento ambiental.

"Em 2015, vamos iniciar a modernização do licenciamento ambiental, essencial para que esse processo venha a ser praticado em bases mais técnicas, com mecanismos de tomada de decisão mais objetivos e rápidos." (Com reportagem adicional de Jeferson Ribeiro)

Acompanhe tudo sobre:CongressoDilma RousseffPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos TrabalhadoresReforma política

Mais de Brasil

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP

Governos preparam contratos de PPPs para enfrentar eventos climáticos extremos

Há espaço na política para uma mulher de voz mansa e que leva as coisas a sério, diz Tabata Amaral

Quais são os impactos políticos e jurídicos que o PL pode sofrer após indiciamento de Valdemar