DILMA: Ex-presidente falará por meio de videoconferência ao juiz federal Sergio Moro no dia 24 de março / Roberto Stuckert Filho/PR
Da Redação
Publicado em 9 de agosto de 2016 às 19h34.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h20.
Desde as 9h45 da terça-feira, o Senado está em plenário para decidir se a presidente Dilma Rousseff deverá ou não ser julgada pelo crime de responsabilidade fiscal. Caso a maioria dos senadores aceite o parecer da Comissão Especial do Impeachment, que alega o descumprimento das leis fiscais e orçamentárias de 2015, tem início o julgamento final do processo e, em votação, Dilma pode ser definitivamente afastada do cargo.
Enquanto seu processo avança, Dilma deve apresentar nesta quarta-feira uma carta aos senadores que está sendo chamada de “Carta aos Brasileiros”. A presidente vai defender, no texto, a realização de um plebiscito para a convocação de novas eleições. Ontem, o ex-presidente Lula viajou à Brasília para discutir os ajustes finais da carta. A jogada final da presidente, porém, não deve colar entre os senadores. Os próprios aliados do PT estão com medo de que, já nesta votação de hoje, Dilma tenha menos votos favoráveis do que na votação que abriu o processo. Em maio, foram 55 votos a favor do impeachment; agora, aliados estimam que número pode chegar a 60.
Na Justiça, também não há apoio. O ministro do STF Gilmar Mendes, que é também presidente do Tribunal Superior eleitoral, criticou a postura de Dilma, alegando que “não vê razão para novas eleições” e que não a realização de um plebiscito não está prevista na legislação. Porém, há caminhos legais para a realização de eleições antecipadas. As mais prováveis são a cassação da chapa pelo TSE, que tem analisado as contas da campanha desde o ano passado, ou a renúncia do presidente interino Michel Temer.
A votação desta etapa do processo é um termômetro para o julgamento final de Dilma, em que dois terços dos 81 senadores precisam votar a favor do impeachment para que ela seja destituída do cargo. Como nem a própria Dilma acredita em uma reversão desse cenário, por isso, pede novas eleições, evitando que Michel Temer permaneça no cargo. A proposta não é insensata. O presidente interino foi condenado por ser ficha-suja, estando inelegível, e é acusado de receber 10 milhões de reais da Odebrecht em dinheiro vivo. O povo também gosta da ideia: mais de 60% dos brasileiros são a favor de novas eleições. Dilma já sabe que não volta; mas vai brigar para que Temer caia também.