Em campanha pela reforma do Conselho de Segurança da ONU, Dilam defendeu que “as Nações Unidas precisam estar à altura de um mundo multipolar” (Roberto Stuckert Filho/PR)
Da Redação
Publicado em 19 de julho de 2012 às 14h27.
Brasília - A decisão do Brasil de, mais uma vez, abster-se em uma votação no Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre uma condenação do regime ditatorial sírio partiu diretamente da presidente Dilma Rousseff e, desta vez, incomodou profundamente o Itamaraty. A resolução votada na noite de hoje teve o Brasil como um de seus principais negociadores e, em sua versão final, foi ainda mais branda do que o texto com o qual os diplomatas brasileiros já haviam concordado. Ainda assim, Dilma, consultada em Bruxelas, onde participava da Cúpula Brasil-União Europeia, instruiu a missão em Nova York a se abster.
A decisão foi tomada pela presidente para manter uma paridade com as posições de outros países dos BRICs, já que a Índia e África do Sul haviam informado sua decisão de se abster, e Rússia e China, sempre mais resistentes em condenar o governo sírio, avisaram que iriam usar seu poder de veto.
Na votação final, além de Índia, Brasil e África do Sul, apenas o Líbano também se absteve. O país do Oriente Médio, que ocupava a presidência do Conselho até a semana passada, sempre resistiu a condenar o regime de Bashar Al-Assad e havia impedido, na sua presidência, o avanço de um texto com sanções.
A avaliação de diplomatas ouvidos pelo Grupo Estado é que o Brasil, depois de mais esse veto, ficou em uma posição de difícil defesa, já que a missão brasileira foi uma das principais negociadoras do texto. O País já tinha concordado com uma resolução que daria um prazo máximo de 30 dias para que o governo sírio parasse com a violência ou embargos econômicos, de armas e viagens poderiam ser colocados em prática. O texto final foi desidratado para tentar conquistar pelo menos a abstenção de China e Rússia, retirando até mesmo menções aos possíveis embargos.