Presidente Dilma Rousseff durante anúncio de investimentos do PAC2 Mobilidade Urbana no Palácio do Planalto (Valter Campanato/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 13 de março de 2014 às 21h29.
Brasília/São Paulo - A presidente Dilma Rousseff anunciou nesta quinta-feira trocas em seis ministérios, numa tentativa de acomodar aliados após uma crise na base, mas recorreu a "soluções técnicas" ao substituir peemedebistas, segundo avaliação da legenda.
As mudanças no primeiro escalão têm sido um dos alvos das recentes tensões entre PMDB e PT, que provocaram derrotas ao governo na Câmara dos Deputados nesta semana.
Para comandar a Agricultura, pasta da cota do PMDB, a presidente decidiu promover o atual secretário de Política Agrícola da pasta, Neri Geller, para o lugar do deputado federal licenciado Antônio Andrade (PMDB-MG).
No Turismo, o atual gerente de assessoria internacional do Sebrae, Vinicius Nobre Lages, assumirá o lugar do também deputado licenciado Gastão Vieira (PMDB-MA).
A bancada do PMDB na Câmara, até então responsável por sugerir candidatos a esses dois postos, eximiu-se de indicar nomes após irritar-se com a condução da reforma ministerial.
O presidente em exercício do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), afastou o envolvimento direto do partido na escolha dos novos nomes. Raupp indicou que as nomeações não obedeceram a critérios políticos.
"Foi uma solução 100 por cento técnica. A torcida minha, e do PMDB, é de que (os novos ministros) possam exercer bem suas funções... Inclusive aqueles que ocuparam ministérios que eram ocupados pelo PMDB e que agora não são mais", disse à Reuters por telefone, acrescentando que não conhece o indicado para a pasta do Turismo.
O líder da bancada peemedebista do Senado, Eunício Oliveira (CE), afirmou à Reuters que Lages é filiado ao partido, mas sua nomeação não foi fruto de indicação do PMDB.
"É uma escolha técnica, não foi política. Essa escolha técnica em final de mandato, em ano eleitoral, é correta", avaliou.
Na Ciência e Tecnologia, Marco Antônio Raupp, também de perfil técnico, deixará o posto para dar lugar ao reitor da Universidade Federal de Minas Gerais, Clélio Campolina, que fez parte do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES). Apesar de ter ligações com o PMDB mineiro, Campolina não é encarado como uma indicação política.
Governo e PMDB têm protagonizado a maior crise desde o início do mandato de Dilma. A condução da reforma ministerial irritou o maior aliado do governo, que anunciou independência do Planalto na Câmara. Além disso, o líder do partido na Casa, Eduardo Cunha (RJ), capitaneou um grupo de deputados insatisfeitos que impôs derrotas ao Planalto.
Outros Aliados
Dilma também recorreu a um nome técnico na pasta de Cidades. O atual vice-presidente de Governo da Caixa Econômica Federal, Gilberto Occhi, substituirá Aguinaldo Ribeiro.
Occhi conta com a simpatia da bancada do PP na Câmara, mas seu nome não é encarado como uma escolha política, segundo uma fonte do partido, que tem comandado a pasta no governo Dilma.
Fugindo ao critério adotado por Dilma nas outras pastas, foi anunciado ainda que o senador Eduardo Lopes (PRB-RJ) comandará o Ministério da Pesca no lugar de Marcelo Crivella; e Miguel Rossetto assumirá o Ministério do Desenvolvimento Agrário na vaga que era de Pepe Vargas.
A presidente sinalizou que deve ainda manter o atual ministro Francisco Teixeira na Integração Nacional, uma forma de afago ao Pros, segundo uma fonte do Planalto que não quis ser identificada.
A pasta da Integração era um desejo antigo do PMDB e chegou a ser oferecida ao partido em troca da pasta do Turismo, que iria para o PTB. Eunício chegou a ser convidado, mas recusou o posto.
O partido reivindicava um sexto ministério --cinco ministérios estavam na "cota" política da legenda: Previdência, Minas e Energia, Aviação Civil, Agricultura e Turismo.
Os novos ministros tomam posse em cerimônia marcada para a manhã da segunda-feira, informou a Presidência.
Matéria atualizada às 21h28min do mesmo dia, para adicionar mais informações.