Brasil

Dilma: empresas não podem ser punidas por causa dos dirigentes

A ex-presidente depôs em videoconferência ao juiz federal Sérgio Moro como testemunha de defesa do ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine

Dilma: o depoimento de hoje foi o primeiro encontro entre o juiz e a ex-presidente (Ueslei Marcelino/Reuters/Reuters)

Dilma: o depoimento de hoje foi o primeiro encontro entre o juiz e a ex-presidente (Ueslei Marcelino/Reuters/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 27 de outubro de 2017 às 16h38.

A ex-presidente Dilma Rousseff disse hoje (27) que empresas não podem ser punidas pelos erros de seus dirigentes, durante depoimento em videoconferência ao juiz federal Sérgio Moro, da Justiça Federal do Paraná.

Ela depôs como testemunha de defesa do ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil Aldemir Bendine.

"Era um assunto presente para o governo, nós discutíamos leniência. Achávamos que a gente tem de punir executivos e funcionários que pratiquem maus feitos. Agora, as instituições são produtos sociais; elas não podem ser punidas", disse.

A ex-presidente citou a Siemens como exemplo de empresa internacional que já foi investigada algumas vezes por atos de corrupção de seus executivos, mas foi protegida como instituição ao longo dos processos investigativos.

"A mesma coisa era a nossa preocupação. Nós tínhamos, de fato, uma preocupação pública em relação a construir as condições de leniência para que os processos tivessem punição dos responsáveis, mas que se salvasse as empresas de engenharia desse país, que são elementos essenciais da nossa competitividade, e ainda são", ressaltou.

Dilma foi questionada sobre a relação do governo com o Grupo Odebrecht, empresa que costumava contribuir para as campanhas eleitorais do Partido dos Trabalhadores.

"Eu acredito que o Grupo Odebrecht, como qualquer outro grupo, merecia toda a atenção do governo. Tínhamos uma relação de grande interesse; não por eles contribuírem ou não para a campanha, mas pela importância que o grupo tinha, e acredito que ainda tem, na economia brasileira", disse a ex-presidente.

Comando da Petrobras

Durante o depoimento, Dilma falou das circunstâncias que levaram à nomeação de Aldemir Bendine para a presidência da Petrobras.

Ela contou que a presidente anterior, Graça Foster, havia colocado o cargo à disposição em duas oportunidades. Na terceira vez, Dilma não conseguiu demovê-la da ideia de deixar o cargo.

A ex-presidente disse que convidou Bendine para comandar a petrolífera na mesma semana em que Foster anunciou sua saída.

"Eu escolhi o Bendine e o Ivan [Monteiro] pelo desempenho que tinham tido diante do Banco do Brasil, que era de fato um elemento para mim bastante valioso. O Banco do Brasil vinha se recuperando desde 2003, ao longo do governo do presidente Lula, e ao longo de 2010 passou a apresentar muito bons resultados".

Dilma disse, ainda, que deixar o Banco do Brasil e assumir o comando da Petrobras não era uma mudança muito atraente para Bendine.

"Ele tinha uma situação mais confortável na presidência do Banco do Brasil, porque os principais desafios ele já tinha conseguido superar e o banco dava lucros significativos. Houve necessidade de uma persuasão", contou.

O depoimento de hoje foi o primeiro encontro entre o juiz Sérgio Moro e Dilma Rousseff, que não responde a nenhuma ação penal da Operação Lava Jato. A audiência durou cerca de 30 minutos.

Acompanhe tudo sobre:Dilma RousseffEmpresasJustiçaSergio Moro

Mais de Brasil

As 10 melhores rodovias do Brasil em 2024, segundo a CNT

Para especialistas, reforma tributária pode onerar empresas optantes pelo Simples Nacional

Advogado de Cid diz que Bolsonaro sabia de plano de matar Lula e Moraes, mas recua

STF forma maioria para manter prisão de Robinho