Dilma Rousseff e presidente da Bulgária: o presidente Plevneliev participará de encontros empresariais nas sedes da CNI, em Brasília, e da Fiesp, em São Paulo (Evaristo Sa/ AFP)
Da Redação
Publicado em 1 de fevereiro de 2016 às 14h16.
Brasília - Lembrando sua origem búlgara e fazendo uma pequena saudação em búlgaro, a presidente Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira, 1, após encontro com o presidente da Bulgária, Rosen Plevneliev, que os dois países retomaram as conversas para a reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e também discutiram uma forma de agilizar o acordo bilateral entre o Mercosul e a União Europeia.
"À luz do quadro de insegurança internacional retomamos nossa conversa a respeito de reformar o Conselho de Segurança da ONU, a fim de que suas ações sejam mais eficazes e representativas", disse.
"Estamos certos que essa visita trará ainda avanços concretos nas nossas relações bilaterais. E também fará avançar as relações entre Mercosul e União Europeia", disse a presidente, em cerimônia no Palácio do Planalto.
Plevneliev afirmou que a Bulgária pode ser a porta de entrada da União Europeia para o Brasil, assim como o Brasil pode ser a porta de entrada do Mercosul para a Bulgária.
"Faremos todo o possível para que isso aconteça", afirmou, destacando que pretende em sua visita convencer empresários brasileiros a investir em seu país.
"Temos vontade política muito forte para ampliar relações", disse, destacando a importância da figura de Dilma para as boas relações.
Os dois governos assinaram um acordo de Previdência Social que visa facilitar a vida de residentes brasileiros na Bulgária e vice-versa.
Além disso, foi assinado um Memorando de Entendimento entre o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e o Ministério da Educação e da Ciência da Bulgária.
Segundo a presidente, a conversa tratou ainda sobre formas de revigorar fluxos comerciais entre os dois países. "Discutimos todas as variáveis de investimento e diversificação do comércio", afirmou.
No ano passado, o comércio bilateral Brasil-Bulgária foi de US$ 161 milhões, com queda de 34% em relação ao ano anterior (US$ 243 milhões).
Segundo o governo, o Brasil registrou saldo comercial de US$ 75 milhões em 2015, redução de 55% (US$ 168 milhões em 2014).
Dilma disse ainda que os dois mandatários "convergiram" sobre a necessidade de se encontrar uma "solução política e abrangente para o conflito na Síria" e para a questão dos refugiados.
No fim do discurso, Dilma convidou o presidente e sua delegação para visitarem o Brasil durante os Jogos Olímpicos, que acontecem em agosto, no Rio de Janeiro.
A visita de Plevneliev ao Brasil atende a um convite da presidente Dilma feito no encontro bilateral durante a Cúpula Celac-UE, em Bruxelas, e em reciprocidade à visita da presidente a Sófia, capital da Bulgária, em outubro de 2011.
Segundo informações do governo, após a visita, o fluxo de comércio entre os dois países atingiu recorde histórico em 2012, com a operação de leasing de nove jatos comerciais E-190 da Embraer pela Bulgaria Air.
Após a declaração à imprensa, Dilma e o presidente da Bulgária participam de um almoço no Palácio do Itamaraty.
A comitiva do presidente da Bulgária, composta por empresários dos setores farmacêutico, petrolífero, informático e do agronegócio, deve permanecer três dias no País.
O presidente Plevneliev participará de encontros empresariais nas sedes da CNI, em Brasília, e da Fiesp, em São Paulo.
Além disso, será recebido pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e encontrará a comunidade búlgara em São Paulo.
Origens
Filha de pai búlgaro, Dilma disse que a visita de Plevneliev tinha "um significado especial" para ela. "Como todos sabem tenho uma parte búlgara, a metade", afirmou.
O presidente da Bulgária também destacou o fato de Dilma ter ligação com o seu país. Disse que o povo búlgaro sente "simpatia especial" pelo Brasil e que tem "muito orgulho" das origens da petista.
Quando esteve na Bulgária, em outubro de 2011, Dilma visitou a cidade natal do pai, Gabrovo, onde se encontrou com parentes.
Petar Rousseff emigrou da Bulgária para a França em 1929 e depois foi para o Brasil, passando pela Argentina.
Aqui ele adotou o nome de Pedro Rousseff. Ele deixou para trás a mulher, que estava grávida, e outros familiares, que pensaram que ele tivesse morrido.
Somente em 1948 sua mãe, Tsana, recebeu uma carta dele, anunciando que tinha se casado com uma brasileira e tido três filhos, entre eles Dilma.
A presidente nunca chegou a conhecer seu meio-irmão búlgaro, Lyuben, que morreu em 2007.