Brasil

Dilma e conselheiros da Petrobras descumpriram lei, diz TCU

O ministro André Luís de Carvalho argumenta que a presidente descumpriu lei ao aprovar, em 2006, a compra da Refinaria Pasadena


	Refinaria da Petrobras em Pasadena: em 2006, Dilma era ministra da Casa Civil e presidente do conselho da estatal quando os integrantes deram aval para a compra
 (Agência Petrobras / Divulgação)

Refinaria da Petrobras em Pasadena: em 2006, Dilma era ministra da Casa Civil e presidente do conselho da estatal quando os integrantes deram aval para a compra (Agência Petrobras / Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de fevereiro de 2015 às 13h57.

Brasília - O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) André Luís de Carvalho argumenta que a presidente Dilma Rousseff e outros ex-integrantes do Conselho de Administração da Petrobras descumpriram a Lei das Sociedades por Ações (6.404/1976) ao aprovar, em 2006, a compra da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA).

Para ele, os membros do colegiado falharam ao não fiscalizar adequadamente a gestão dos diretores da empresa no negócio, estando, por isso, sujeitos a responder por "negligência, imperícia ou imprudência".

André Luís é autor de proposta para que o tribunal reavalie o papel do conselho na polêmica aquisição, como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo nesta sexta-feira, 13.

Em julho, a corte de contas decidiu responsabilizar apenas executivos da Petrobras por perdas de US$ 792 milhões e excluiu, a priori, os conselheiros. Mas abriu possibilidade de uma nova análise, caso surjam novos elementos para implicá-los.

Conforme a legislação, aplicável a empresas como a Petrobras, o Conselho de Administração deve "fiscalizar" a atuação dos diretores, além de "examinar, a qualquer tempo, os livros e papéis da companhia, solicitar informações sobre contratos celebrados ou em via de celebração, e quaisquer outros atos.

O texto prevê punições por danos causados por omissão ou atos praticados por culpa ou dolo (quando há intenção).

Em 2006, Dilma era ministra da Casa Civil e presidente do conselho da estatal quando os integrantes deram aval para a compra dos primeiros 50% da refinaria.

Em março do ano passado, a presidente afirmou em nota ao Estadão que só votou a favor da compra porque se baseou num parecer "falho" e "incompleto", do então diretor Internacional Nestor Cerveró.

Porém, ela e os demais membros do colegiado tinham acesso a toda a documentação do negócio, na qual constavam dados completos.

Nas defesas apresentadas ao TCU, alguns executivos, como o ex-presidente da estatal Sérgio Gabrielli, alegam que conselheiros tiveram tanta ou mais responsabilidade ao dar aval para o negócio.

Na última quarta-feira, 11, ministros do TCU discutiram a inclusão do caso do conselho em plenário, a pedido de André Luís, mas preferiram não votar o assunto, considerado complexo, antes de uma análise da área técnica e deles próprios. Eles acordaram que o assunto seja pautado para uma sessão futura.

A proposta foi, então, formalizada num documento pelo ministro.

O TCU apontou em julho prejuízo de US$ 792 milhões na compra de Pasadena. Após a análise de recursos, concluída anteontem, a corte definiu que 14 ex-dirigentes da Petrobras responderão a um processo que visa a confirmar responsabilidades por danos ao erário - dez deles tiveram os bens bloqueados.

Em depoimentos prestados em regime de delação premiada, o ex-diretor da área de Abastecimento Paulo Roberto Costa admitiu ter recebido propina de US$ 1,5 milhão para não atrapalhar a aquisição.

Cerveró, um dos principais responsáveis pelo negócio, está preso, acusado de participar do esquema de corrupção na estatal.

Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasDilma RousseffEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEstatais brasileirasGás e combustíveisIndústria do petróleoPersonalidadesPetrobrasPetróleoPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos TrabalhadoresTCU

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP