Dilma assegurou que o Brasil ''fez sua parte'' com medidas voltadas a criar empregos e fomentar a demanda doméstica (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de setembro de 2012 às 20h35.
Brasília - A presidente Dilma Rousseff recebeu nesta sexta-feira em Brasília o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, com quem concordou em que a crise global só será superada com maiores investimentos e menos barreiras ao comércio internacional.
''Devemos promover o comércio, combater o protecionismo e dar um renovado impulso aos investimentos'', declarou Cameron junto a Dilma, após uma reunião realizada no Palácio do Planalto, em Brasília.
Dilma, por sua vez, assegurou que o Brasil ''fez sua parte'' com medidas voltadas a criar empregos e fomentar a demanda doméstica, embora tenha evitado referências às críticas que recebeu de países desenvolvidos que avaliaram como protecionistas algumas de suas iniciativas, que implantaram novas barreiras ao comércio.
A presidente ressaltou que essas medidas ''não impediram'' que o Brasil, ''em plena crise mundial'', mantenha seu comércio exterior em alta e tenha aumentado suas exportações e suas importações.
Dilma destacou o interesse que o próprio Cameron e as empresas britânicas manifestaram em elevar seus volumes de investimento no Brasil e disse que durante a reunião foram identificadas novas oportunidades em diversas áreas.
Ela citou em particular as de infraestruturas, petróleo, defesa, serviços financeiros, indústrias criativas e mineração, e ressaltou o ''enorme esforço'' que seu Governo faz em favor da modernização das antigas redes de estradas, portos e aeroportos.
No campo político, concordaram em que o multilateralismo deve ser a ''guia'' nas relações internacionais e Cameron expressou seu apoio ao velho anelo do Brasil de obter um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Dilma, por sua vez, expôs a visão brasileira em relação ao Oriente Médio e reiterou sua firme rejeição a uma possível intervenção militar unilateral no Irã e a qualquer solução desse tipo para a crise síria.
''Qualquer iniciativa desse tipo constituiria uma violação à Carta da ONU e teria graves consequências para o Oriente Médio'', assegurou Dilma sobre os conflitos nessa perturbada região do planeta, à qual Cameron não fez alusão alguma em seu discurso.
No âmbito bilateral, ambos concordaram em que o Brasil e o Reino Unido, duas das dez maiores economias do mundo, devem buscar fórmulas para dar um maior impulso ao comércio, que no ano passado somou US$ 8,6 bilhões, um número que consideraram pouco para o ''enorme potencial'' que os dois países têm.
Ambos também trataram da cooperação que o Brasil e o Reino Unido estabeleceram na área esportiva, e sobretudo com vistas à realização dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro.
Cameron disse que, na sua visita ao Brasil, foi acompanhado de ''muitas empresas'' que trabalharam na organização dos Jogos Olímpicos de Londres 2012 e que estão interessadas em fornecer sua experiência aos organizadores do evento no Rio de Janeiro.
O premiê do Reino Unido assinalou, além disso, que 22 empresas britânicas já assinaram contratos vinculados aos Jogos Olímpicos de 2016 e à Copa de 2014, os quais somam cerca de 70 milhões de libras esterlinas (cerca de US$ 113 milhões).
No marco da visita de Cameron a Brasília, foram assinados seis acordos de cooperação referentes às áreas de cinema, tributária, esportiva, educativa e científica.
O encontro de Cameron com Dilma representa o fechamento de uma visita ao Brasil de dois dias, nos quais o primeiro-ministro do Reino Unido também visitou as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.
Em São Paulo, teve contatos com empresários brasileiros, aos quais encorajou a investir no Reino Unido, e no Rio de Janeiro participou de um ato no qual as autoridades locais receberam a estatueta dos prêmios Laureus, os mais importantes do esporte e que em suas duas próximas edições serão entregues nessa cidade.