Brasil

Dilma e Aécio podem ficar de fora das eleições neste ano

Os responsáveis por 105 milhões de votos no 2º turno de 2014, passaram dos papéis de protagonistas para os de coadjuvantes no jogo político

Dilma e Aécio: ela foi alvo de um processo de impeachment, e ele, denunciado por corrupção e obstrução da Justiça (Paulo Whitaker/Reuters)

Dilma e Aécio: ela foi alvo de um processo de impeachment, e ele, denunciado por corrupção e obstrução da Justiça (Paulo Whitaker/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de março de 2018 às 08h21.

Brasília - Destinatários de 105 milhões de votos no segundo turno da eleição presidencial de 2014, a presidente cassada Dilma Rousseff (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) passaram, em apenas quatro anos, dos papéis de protagonistas para os de coadjuvantes no jogo político nacional. Mantido o cenário atual, tanto Dilma quanto Aécio devem ficar de fora da disputa eleitoral deste ano.

As trajetórias individuais da petista e do tucano refletem as reviravoltas desde 2014, período no qual o País saiu de uma relativa tranquilidade institucional, foi chacoalhado por eventos como Lava Jato, impeachment, crise econômica sem precedentes, crescimento do antipetismo e da extrema-direita, rejeição ao governo do MDB, e chega à eleição seguinte em um quadro de muitas dúvidas.

Neste cenário, Dilma, alvo de um processo de impeachment, e Aécio, denunciado por corrupção e obstrução da Justiça na Operação Lava Jato, são dados como peças fora do tabuleiro.

A petista, que cogitava concorrer ao Senado por Minas, seu Estado natal, foi barrada pelo seu próprio partido. "Dilma não é candidata a nada. Pelo menos por Minas não vai ser", disse o deputado Reginaldo Lopes, coordenador do Grupo de Trabalho Eleitoral do PT mineiro.

"Acho que ela já cumpre um papel grande como ex-presidente golpeada. Não sei se precisa de papel no Parlamento, nessa mediocridade que caminhamos", acrescentou o parlamentar, que também deseja ser candidato ao Senado por Minas.

Segundo Lopes, o governador Fernando Pimentel (PT), amigo pessoal de Dilma, negocia ampla aliança de partidos para tentar garantir sua reeleição, em que estariam MDB, PR, PRB, PCdoB e PV, e, por isso, precisa das duas vagas ao Senado para negociar apoio.

Na avaliação de petistas, a vaga se tornou ainda mais valiosa após o ex-governador mineiro e senador Antonio Anastasia (PSDB) decidir articular candidatura ao Palácio Tiradentes neste ano.

Crise

Em conversas reservadas, petistas dizem que Pimentel não quer que Dilma contamine a disputa estadual com temas nacionais, especialmente a crise econômica nascida durante o governo dela.

A presidente cassada também foi excluída da chapa majoritária do PT no Rio Grande do Sul, Estado onde construiu carreira política e fixou seu domicílio eleitoral.

Petistas avaliam que uma saída seria Dilma ser candidata ao Senado por algum Estado do Nordeste, mas ela própria tem afastado a ideia, segundo interlocutores.

Há, no PT, quem pregue até uma candidatura à Câmara. "Defendo que ela seja candidata até a deputada federal, para ajudar a eleger uma bancada grande aqui", disse José Guimarães (PT-CE).

Mas, segundo pessoas próximas, Dilma nem considera a hipótese. A assessoria da petista disse que ela não definiu se será ou não candidata e que a decisão será tomada junto com a direção do PT. Para assessores, será difícil Dilma ser candidata por algum Estado do Nordeste.

Desgaste

Aliados de Aécio dizem que o senador desistiu de concorrer à reeleição em função das negociações para que Anastasia dispute o governo de Minas. Anastasia se recusava a entrar na campanha com Aécio na chapa, temendo o desgaste provocado pelo grampo no qual o ex-candidato a presidente aparece pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, do Grupo J&F. A informação foi antecipada pela colunista do Estado Vera Magalhães.

Em condição de anonimato, tucanos dizem que foi o próprio Aécio quem avaliou ser mais importante se concentrar em sua defesa jurídica em vez de se expor numa campanha eleitoral.

Para integrantes da Executiva do PSDB, o senador tem condições de provar sua inocência na Justiça e voltar à carreira política. Com isso, a tendência é de que ele fique alheio à eleição ou, no máximo, concorra a deputado federal.

"Pelas conversas que tivemos com Aécio, ele colocou o projeto de Minas em primeiro lugar", disse o presidente do PSDB-MG, deputado Domingos Sávio.

"Ele (Aécio) diz com todas as letras que, neste momento, se preocupa em dar sua contribuição para que a gente possa resgatar Minas para os mineiros. O senador Aécio vai decidir ainda. E ele, obviamente, tem o nosso respeito. Se ele se decidir pela candidatura ao Senado, a candidatura dele não tem que ser colocada em discussão, é uma candidatura natural", afirmou o dirigente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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