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Dilma e Aécio disputarão 2º turno da eleição presidencial

Com quase 94% da apuração, Dilma tem 40,3 milhões de votos, enquanto Aécio aparece com 33,5 milhões


	Aécio Neves e Dilma Rousseff: disputa do segundo turno será novamente entre PSDB e PT
 (REUTERS/Ricardo Moraes)

Aécio Neves e Dilma Rousseff: disputa do segundo turno será novamente entre PSDB e PT (REUTERS/Ricardo Moraes)

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Da Redação

Publicado em 5 de outubro de 2014 às 21h36.

São Paulo - Em uma arrancada final impressionante, o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, garantiu neste domingo uma vaga no segundo turno da eleição presidencial e também se aproximou da primeira colocada, a presidente Dilma Rousseff (PT), como em nenhum momento da campanha.

Com mais de 98 por cento da apuração neste domingo, Dilma tinha 41,4 por cento dos votos válidos, ou 42,4 milhões. Aécio estava com 33,7 por cento, o equivalente a 34,5 milhões.

A candidata Marina Silva (PSB) --que há 10 dias estava 10 pontos percentuais à frente de Aécio, segundo pesquisa Datafolha-- aparecia com 21,3 por cento (21,8 milhões), de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

"Surpreende o desempenho do Aécio. A Dilma teve um desempenho abaixo", disse o cientista político e professor da PUC-Rio Ricardo Ismael. 

"Os votos no Aécio e na Marina apontam que a oposição está forte para o segundo turno. O segundo turno vai ser bastante disputado e sem favoritos."

Parte da reviravolta pode ser explicada pelo desempenho do tucano no Estado de São Paulo. 

Há cinco dias, o Ibope mostrava Dilma e Marina com 29 por cento das intenções de voto cada entre os paulistas, contra 22 por cento de Aécio. Mas nas urnas o tucano teve uma vitória arrasadora no maior colégio eleitoral do país.

Com a apuração no Estado de São Paulo quase encerrada, o senador mineiro tinha 44,3 por cento dos votos válidos, ou 10,1 milhões. Dilma estava com 25,8 por cento (5,9 milhões) e Marina aparecia com 25 por cento (5,7 milhões).

Por outro lado, Aécio perdeu em Minas Gerais, que duas vezes o elegeu governador no primeiro turno. Também quase concluída a apuração no Estado, Dilma tinha 43,5 por cento dos votos válidos (4,8 milhões) e o tucano estava com 39,8 por cento (4,4 milhões). 

Marina aparecia com 14 por cento (1,6 milhão).

O deputado federal Marcos Pestana, presidente do PSDB em Minas, reconheceu que o partido cometeu "uma série de erros na campanha" no Estado e que serão corrigidos agora no segundo turno".

"Eu tenho convicção que ele sairá vitorioso em Minas", disse. "O importante é que o Aécio entra no segundo turno em uma curva ascendente, muito próximo da Dilma", acrescentou.

Dos quase 143 milhões de brasileiros habilitados a votar, mais de 113 milhões compareceram às urnas para escolher o próximo presidente, na eleição mais acirrada desde 1989, a primeira eleição direta para presidente desde a redemocratização.

Marina surgiu como um furacão na corrida presidencial, ao substituir Eduardo Campos, morto em um acidente aéreo em 13 de agosto, como cabeça de chapa do PSB.

Imediatamente após ser alçada à condição de candidata, pesquisas a mostraram próxima de Dilma em primeiro turno e com até 10 pontos de vantagem sobre a presidente na simulação de segundo turno.

Sob forte ataque de Dilma e de Aécio, Marina foi perdendo fôlego a partir de meados de setembro e caiu para a terceira posição nas pesquisas de intenção de voto divulgadas na véspera da eleição, atrás numericamente do tucano, embora em empate técnico.

Marina se colocava como uma alternativa à polarização entre PT e PSDB, que governam o país há 20 anos.

Em 2010, quando foi candidata à Presidência pelo PV e surpreendeu com 19,6 milhões de votos, Marina decidiu não apoiar nem Dilma nem o tucano José Serra no segundo turno.

Para o deputado federal Alfredo Sirkis (PSB-RJ), próximo de Marina, o resultado deste domingo não surpreendeu. 

"Era só analisar a tendência das pesquisas... Qualquer um que analisar a situação reconhece as circunstâncias difíceis em que essa campanha se deu", afirmou, referindo-se à candidatura emergencial de Marina após a trágica morte de Campos.

"Daqui para frente, eu pessoalmente sou favorável ao apoio a Aécio no segundo turno", disse Sirkis. 

"Desta vez a situação é totalmente diferente de 2010. Em 2010, inclusive eu fui favorável à posição de neutralidade. Em 2014, eu acho que é fundamental para a democracia no Brasil que haja alternância", completou.

Polarização Continua 

Depois de ser eleita em 2010 sob a marca de gestora competente, Dilma Rousseff passa para o segundo turno deste ano com o pior desempenho de um candidato do PT desde 1998, quando Luiz Inácio Lula da Silva perdeu a eleição para Fernando Henrique Cardoso (PSDB) já no primeiro turno.

A imagem mostrada na campanha de quatro anos atrás ficou bastante desgastada no decorrer do mandato, principalmente pelo fraco desempenho econômico. 

Hoje, a presidente é retratada, até por aliados, como uma gestora muito apegada a detalhes, que dialoga pouco, que intervém exageradamente na economia e que agiu de forma inábil politicamente para fazer sua enorme base aliada aprovar as reformas necessárias ao país.

Já o senador mineiro Aécio consegue se manter como uma das principais estrelas do PSDB, após ter resistido às reviravoltas da disputa presidencial sem precedentes.

Agora, na pior das hipóteses ele vai igualar o resultado do partido nas últimas três eleições, todas vencidas pelo PT.

Visto por aliados como gestor eficiente e por adversários como "playboy" e censor da imprensa mineira, Aécio sobreviveu ao que ele mesmo classificou como "uma nova eleição" no meio da campanha e agora tentará no próximo dia 26 recolocar o PSDB no comando do governo federal.

Texto atualizado às 21h34min do mesmo dia.

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