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Dilma e Aécio decidem presidência no segundo turno

A presidente e o senador disputarão a presidência no próximo dia 26 de outubro, no segundo turno das eleições


	Aécio Neves e Dilma Rousseff em debate: Dilma obteve 41,59% dos votos, e Aécio 33,55%
 (REUTERS/Ricardo Moraes)

Aécio Neves e Dilma Rousseff em debate: Dilma obteve 41,59% dos votos, e Aécio 33,55% (REUTERS/Ricardo Moraes)

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Da Redação

Publicado em 6 de outubro de 2014 às 11h03.

Brasília - A presidente Dilma Rousseff (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB) disputarão a presidência no próximo dia 26 de outubro, no segundo turno das eleições no Brasil, após a votação realizada neste domingo.

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Dilma obteve 41,59% dos votos, Aécio, 33,55%, e Marina Silva (PSB), 21,32%.

"A luta continua, uma luta que sem dúvida será, mais uma vez, vitoriosa, porque é a luta da maioria do povo brasileiro", disse Dilma para seus correligionários em Brasília.

"Uma vez mais, o povo brasileiro me honrou com sua confiança e me deu a vitória neste primeiro turno", destacou Dilma, que agradeceu o apoio da "militância guerreira" do Partido dos Trabalhadores e, especialmente, do "líder, companheiro e amigo" Luiz Inácio Lula da Silva, que fez uma incansável campanha este ano.

"Sem o presidente Lula eu não teria chegado aonde cheguei, não teria conseguido realizar o sonho de fazer um Brasil melhor". "O povo brasileiro quer mais avanços e diz que vê, no projeto que eu represento, a mais legítima e confiável força de mudança. É uma responsabilidade que nós, que defendemos este projeto, temos que assumir diante da história".

O senador Aécio Neves afirmou que "está na hora de unir nossas forças" contra Dilma. "Minha candidatura não é mais a candidatura de um partido político ou de um conjunto de alianças, é um sentimento mais puro, de todos os brasileiros que ainda têm a capacidade de se indignar".

"Todos os que querem contribuir com nosso projeto são bem-vindos", destacou Aécio, que homenageou o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos: "A seus ideais e sonhos, minha reverência, saberemos transformá-los em realidade".

Eduardo Campos morreu em um acidente aéreo em Santos, no dia 13 de agosto passado, quando encabeçava a chapa do PSB à presidência.

Marina Silva evitou manifestar seu apoio a Aécio Neves ou a Dilma, e afirmou que sua coalizão tomará uma decisão conjunta.

"Manteremos reuniões e estaremos conversando entre nós. O Brasil sinalizou claramente que não concorda com o que está aí”, disse Marina à imprensa.

"Temos uma aliança de vários partidos e tomaremos uma posição conjunta, mantendo aquilo que nos une, nosso programa", explicou Marina. "Temos tempo, mas é preciso levar em conta o sentido de urgência".

Lula previu embate Dilma-Aécio

Rodeado por simpatizantes que gritavam seu nome, o ex-presidente Lula votou em São Bernardo do Campo (São Paulo), berço do PT, e antecipou um segundo turno entre Dilma e Aécio.

O PT e o PSDB "são duas forças políticas muito fortes". "Uma candidatura não se faz do nada, é preciso ter um time para entrar em campo", disse Lula, que teve Marina Silva como sua ministra do Meio Ambiente.

Eliana Veracruz, 60, funcionária de um hospital, revelou que "vota no PT por tudo que fizeram por mim e pelo Brasil. Melhoraram minha vida".

Eleição tranquila

No total, 142,8 milhões de brasileiros foram convocados às urnas para eleger 513 deputados federais, 27 senadores (1/3 do Senado), 27 governadores e 1.059 deputados estaduais.

Segundo o TSE, 1.433 pessoas foram detidas em todo o país, por irregularidades eleitorais, incluindo 71 candidatos, mas no geral, as eleições foram "tranquilas".

"Levando-se em conta que essa é a quarta maior eleição do mundo, com 142,8 milhões de eleitores - o Brasil só tem menos eleitores do que Índia, Estados Unidos e Indonésia -, podemos dizer que o povo brasileiro, a cidadania e a democracia deram prova de uma grande maturidade e tranquilidade" nas eleições, declarou o presidente do TSE, ministro José Antonio Dias Toffoli.

Ao todo, 428.894 urnas eletrônicas foram distribuídas em todo o país. Apenas em dois municípios, no Rio Grande do Norte e no Espírito Santo, foi necessário recorrer à antiga urna manual, segundo o TSE.

Essa é a primeira eleição com o uso mais amplo de leitura biométrica dos dados, atingindo 21 milhões de eleitores. Houve atrasos e longas filas nessas seções, já que, em muitos casos, foi preciso repetir o procedimento de leitura várias vezes.

Surpresa

Segundo o analista André César, de consultoria Prospectiva de Brasília, "Aécio renasceu das cinzas e chega com força ao segundo segundo turno". "Acredito que Dilma e Aécio têm as mesmas chances de eleição. Será uma campanha curta mas intensa".

Em 12 anos de poder, o Partido dos Trabalhadores, de Luiz Inácio Lula da Silva e sua sucessora na presidência, Dilma, tirou 40 milhões de brasileiros da pobreza, e elegeu a primeira mulher para a governar o Brasil.

Mas após quatro anos de pouco crescimento na sétima economia mundial, inflação em alta e escândalos de corrupção, o governo do PT vê crescer os apelos por mudanças e a ameaça de seu eterno adversário, o PSDB, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Após a onda de protestos que sacudiu o Brasil em 2013 por melhores serviços públicos e contra a corrupção, mobilizando principalmente os jovens nas grandes cidades, Marina tentou encarnar este anseio de mudança prometendo uma "nova política", quando se tornou candidata à presidência depois da morte do candidato oficial do PSB, Eduardo Campos.

Elevada nas pesquisas após a morte de Campos, Marina foi alvo de uma dura campanha de seus adversários, e acabou recuando nas pesquisas até chegar a este domingo como terceira colocada, perdendo assim muitos votos "anti-Dilma" no dia decisivo.

Já Aécio, que mergulhou nas pesquisas após Marina assumir a cabeça da chapa do PSB, ignorou as previsões dos especialistas de que era carta fora do baralho e manteve-se firme na campanha, para chegar ao segundo turno com uma votação bem superior às previsões.

"Marina subiu após a morte de Eduardo Campos, que provocou uma comoção nacional, e se apresentou como uma alternativa, mas não era uma alternativa" e sim uma "força conservadora" e evangélica, disse a AFP Carlos Alberto Alkmim, professor da Universidade Católica do Rio de Janeiro.

A batalha PSDB-PT representa "a bipolarização que vem ocorrendo há várias eleições", com os dois partidos no centro no espectro político.

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