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Dilma diz ter convicção de que tem votos contra impeachment

O PMDB marcou para o dia 29 de março a reunião para que o partido desembarque do governo


	A presidente Dilma Rousseff: "eu tenho convicção de que teremos votos necessários"
 (REUTERS/Adriano Machado)

A presidente Dilma Rousseff: "eu tenho convicção de que teremos votos necessários" (REUTERS/Adriano Machado)

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Da Redação

Publicado em 23 de março de 2016 às 12h46.

Brasília - No momento em que o PMDB prepara o desembarque do governo, assim como outros partidos da base aliada, e o Palácio do Planalto contabiliza voto a voto para segurar o impeachment, a presidente Dilma Rousseff assegurou, em entrevista, que tem os votos necessários para barrar a tentativa de afastá-la do cargo.

"A gente tem que esperar o processo acontecer. Mas eu tenho convicção de que teremos votos necessários (para impedir o impeachment)", declarou a presidente, que precisa ter 172 votos para barrar o processo.

Dilma classificou como "uma suposição que não é correta" a notícia divulgada de que o vice-presidente Michel Temer (PMDB) já estaria se movimentando para fazer composições para a sucessão da petista.

"Tem avaliações que não são só precipitadas, como não são corretas", afirmou ela, acrescentando que tem "muita certeza de que os nossos ministros (do PMDB) estão comprometidos com sua permanência no governo".

E apelou: "Nós queremos muito que o PMDB permaneça no governo. Tenho certeza que meus ministros têm compromisso com o governo. Vamos ver quais serão as decisões do PMDB e respeitaremos tal decisão."

O PMDB marcou para o dia 29 de março a reunião para que o partido desembarque do governo. Nesta terça-feira, 22, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o ex-presidente José Sarney para tentar manter o partido na base, mas não conseguiu os apoios necessário.

Questionada sobre o insucesso de Lula junto ao PMDB, a presidente afirmou que ele "não estava tratando disso". Dilma disse também que "não só acredita" que o presidente Lula vá para a Casa Civil, "como está trabalhando para tal".

Golpe

Dilma voltou a chamar o processo de impeachment contra ela de "ilegítimo", "ilegal" e "golpe".

Pediu também que houvesse "grande esforço para parar a tentativa sistemática de golpe" e elogiou a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki de trazer para a suprema corte todas os processos ligados ao ex-presidente Lula e que contém conversas dela em gravações.

"A palavra não é comemorar. Todos os brasileiros devem ficar muito preocupados quando processos judiciais não são feitos dentro da lei", disse ela, acentuando que "a base do estado democrático é o cumprimento por todos da legislação, da Constituição. Isso vale para presidente, ministro, Ministério Público, Polícia Federal, para todos os cidadãos, para cada um de nós, vale a mesma lei, dentro do princípio de que somos todos iguais perante a lei".

A presidente comentou ainda que considera a decisão do ministro Teori "importante porque ela estabelece o primado da lei, nas relações dos órgãos que investigam o presidente Lula".

Dilma prosseguiu afirmando que as investigações contra Lula foram "um absurdo". Em seguida, explicou que este processo, "feriu a base do estado democrático de direito e as garantias e direitos constitucionais" porque "vazaram um diálogo com a presidente da República".

E emendou: "autorizar ele (grampo) é uma violência legal. Vazar diálogos pessoais que não fazem parte do conteúdo da investigação é uma violência, é um padrão que não se deve aceitar, compactuar, padrão de comportamento que atinge a nós todos".

Depois de lembrar que, em privado, as pessoas falam de uma forma mais descontraída, sem se policiar como acontece, quando se está falando em público, a presidente Dilma condenou também o grampo a advogados.

"É um absurdo violar direito de defesa, grampeando advogado. Uma democracia moderna não compactua com esse tipo de prática", comentou.

Na avaliação da presidente, a decisão de Teori foi importante porque a sociedade brasileira "conquistou a duras penas um processo que nos levou à construção do que temos hoje, que é um País com liberdade de expressão, de manifestação, com instituições sólidas e preservá-las é nosso objetivo".

A presidente não quis comentar a decisão do presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, de fazer delação premiada.

As declarações foram dadas em entrevista após visitar as obras de solo de construção do satélite geoestacionário de defesa e comunicações estratégicas que está previsto para ser lançado entre dezembro deste ano e fevereiro do ano que vem. O satélite é o primeiro equipamento totalmente controlado pelo governo brasileiro.

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