Ainda no discurso, a presidente ressaltou que é fundamental que a população tenha condições de renda decente (Roberto Stuckert Filho/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 18 de julho de 2012 às 18h35.
São Paulo - A presidente Dilma Rousseff disse hoje que vai conversar com os governadores para que se empenhem no combate à violência contra os moradores de rua e os catadores de material reciclável. "O importante é criar com os governadores um diálogo para impedir isso, pois o que está ocorrendo é uma limpeza humana nas grandes cidades desse País", argumentou a presidente, ao participar hoje da celebração de Natal com catadores de materiais recicláveis e da população em situação de rua, no Sindicato dos Bancários, no centro da cidade de São Paulo.
"Vamos ter que lutar muito em 2012 contra a violência que atinge moradores de rua", disse Dilma, sinalizando a prioridade que dará à inclusão social dos catadores de material reciclável e moradores de rua. "Sou a presidenta de todos os brasileiros, mas também dos pobres", frisou, numa menção a um dos trechos de seu discurso de posse, no dia 1º de janeiro deste ano, no Congresso Nacional. "O meu governo tem compromisso com os catadores e população de rua", disse ela, destacando que os 190 milhões de brasileiros precisam ter direitos iguais e acesso aos mesmos serviços prioritários, como educação, saúde e previdência.
Antes do pronunciamento da presidente, um dos momentos mais emocionantes da cerimônia foi quando as cerca de 700 pessoas presentes ao evento, junto com Dilma e outras autoridades, rezaram em voz alta um Pai-Nosso em intenção da rápida recuperação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que faz tratamento de combate a um câncer na laringe. "O presidente Lula não pôde vir hoje, mas tenho certeza que ele estará junto comigo aqui no ano que vem", disse a presidente.
No evento, Dilma pediu ao público que repetisse para ela o número de 142 mortes de pessoas em situação de rua registradas neste ano pelo movimento nacional que trata da questão, compiladas em vários órgãos de imprensa por todo o território nacional. "O governo federal vai fazer tudo o que puder nas cidades e Estados para evitar esse nível de violência", disse. E citou que o diálogo com os governadores será realizado, preservado os princípios da Constituição, entre os quais destaca que o País é uma República Federativa. "Não posso acabar com a federação e nem quero. O que temos que fazer é aperfeiçoar", afirmou.
De acordo com um assessor do ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência da República, há no Brasil cerca de 700 mil catadores de rua, sendo que 35 mil são organizados. No caso de moradores de rua, as estatísticas são muito divergentes, mas a Secretaria Geral trabalha com um número ao redor de 70 mil pessoas em todo o País.
No discurso que Dilma fez, depois de ter vestido o chapéu e segurado a bandeira do movimento nacional dos catadores de material reciclado, ela se comprometeu ainda a promover o diálogo com prefeitos sobre a questão que envolve a incineração de resíduos sólidos. "Uma discussão séria de resíduos sólidos passa por cooperativas de catadores e a meta das prefeituras para 2014", disse. Segundo ela, o objetivo do debate é "impedir que um deles tenha prejuízo, que é o mais fraco, neste caso, os catadores".
Ainda no discurso, a presidente ressaltou que é fundamental que a população tenha condições de renda decente, organização forte e possa educar de forma cada vez melhor os seus filhos. "Se eu fracassar nesse compromisso, eu fracassei na minha missão", complementou. "Eu juro que farei o possível e o impossível para que as populações marginalizadas sejam populações com direitos, oportunidades e elevada auto estima", prometeu.
Além disso, a presidente destacou que o lema do seu governo "País rico é País sem Pobreza", visa acabar com uma herança negativa dos tempos da escravidão, na qual o Brasil era "para poucas pessoas." "Ao considerar que o Brasil tinha cidadãos de primeira e segunda classe e aqueles que nem eram considerados cidadãos, fizemos um pecado, levamos o País a um atraso", destacou Dilma.