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Dilma diz a jornal chileno estar com consciência tranquila

"A Constituição do Brasil é muito clara ao assinalar que o julgamento político se aplica à responsabilidade dos crimes pelo líder", lembrou a presidenta

Dilma Rousseff:  (Evaristo Sá / AFP)

Dilma Rousseff: (Evaristo Sá / AFP)

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Da Redação

Publicado em 26 de fevereiro de 2016 às 13h42.

Santiago do Chile - A presidente Dilma Rousseff, que está nesta sexta-feira no Chile em visita oficial, declarou em entrevista ao jornal "El Mercurio" que tem a consciência tranquila de não ter cometido nenhum crime.

Dilma, que chegou ao meio-dia (11h em Brasília) a Santiago para uma viagem que tem como principal objetivo estimular as relações econômicas e comerciais entre os dois países, fez esta afirmação ao ser perguntada por um eventual "impeachment".

"A Constituição do Brasil é muito clara ao assinalar que o julgamento político se aplica à responsabilidade dos crimes pelo líder", lembrou.

E imediatamente enfatizou: "atuei com total transparência e repudiei com veemência a corrupção. Corruptos e corruptores foram julgados e, se comprovados seus delitos, serão punidos de acordo com a legislação nacional".

"Não existe nenhuma dúvida em mim contrária às denúncias de corrupção. Tenho a consciência tranquila de que não cometi nenhum crime", insistiu.

Sobre o processo de impeachment, que está parado na Câmara enquanto aguarda posicionamewnto do STF, Dilma afirmou que: "independentemente das tentativas dos setores da oposição de me afastar da presidência por meios ilegítimos e ilegais, continuarei cumprindo o que me manda a Constituição", enfatizou a presidente.

Neste sentido, Dilma especificou que seu governo está aberto ao diálogo com todos os setores. "Não vamos ser reféns dos que só nos criticam e não apresentam propostas construtivas", especificou.

Ela garantiu na entrevista ao jornal chileno que o clima político que o país vive não enfraquecerá a confiança nas instituições democráticas.

"No Brasil, os fatos demonstram a força e a solidez de nossas instituições e da nossa democracia, estes questionamentos não devem ser vistos só do ângulo negativo. É saudável que as pessoas questionem e peçam respostas aos seus representantes", acrescentou.

Sobre as medidas concretas que está adotando para recuperar a economia do país, que em 2015 se contraiu 4,08%, Dilma declarou que seu governo está enfrentando os desafios econômicos "com transparência e responsabilidade, trabalhando intensamente para fortalecer a situação fiscal e reduzir a inflação".

E citou o "forte ajuste fiscal, que resultou na redução de US$ 33,8 bilhões em 2015 e de US$ 5,915 bilhões adicionais para 2016".

Após reconhecer que o maior desafio que enfrenta "é retomar o crescimento sobre uma base sustentável", a presidente destacou que em 2015, o receita líquida de investimentos diretos foi de US$ 75,1 bilhões, o que demonstra que o Brasil se mantém como um mercado atraente e confiável para o investidor estrangeiro".

Além disso, destacou que a balança comercial teve ano passado superávit de US$ 19,68 bilhões, "o melhor resultado desde 2011".

Dilma elogiou a proposta da presidente chilena, Michelle Bachelet, de aproximar o Mercosul e a Aliança do Pacífico e disse que "as estratégias diferenciadas de integração na economia mundial não impedem uma cooperação mais estreita no âmbito regional".

Convencida de que "as economias de ambos blocos têm um claro potencial de complementariedade", Dilma ressaltou a importância de iniciar os corredores bioceânicos, que unirão o Atlântico e o Pacífico através de vários países sul-americanos.

E ressaltou que seu país é o principal destino para os investidores chilenos no exterior, com um número próximo dos US$ 26 bilhões, enquanto Chile é o segundo destino dos investimentos brasileiros na América do Sul.

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