Na avaliação do grupo, Dilma deve construir outras alianças, "voltando a dar prioridade a uma frente de partidos de esquerda e de centro-esquerda" ( REUTERS/Sergio Moraes)
Da Redação
Publicado em 29 de julho de 2013 às 08h19.
Brasília - A presidente Dilma Rousseff precisa "refazer" suas alianças para a eleição de 2014, mirando partidos de esquerda e centro-esquerda, se quiser "dar conta" dos avanços necessários ao País.
A avaliação consta do documento intitulado "Para o PT liderar um novo ciclo da revolução democrática", produzido pela corrente Mensagem ao Partido, que, em 2005, no auge do escândalo do mensalão, propôs a "refundação" da legenda.
Integrada pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e pelo governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, a corrente diz que os protestos de junho trouxeram um "elemento de imprevisibilidade" à disputa de 2014 e prega uma "aliança programática".
O documento, redigido pela chapa que apoia a candidatura do deputado Paulo Teixeira (SP) à presidência do PT, afirma que as parcerias com "setores conservadores" são um "empecilho" para mudanças, como a instituição do imposto sobre grandes fortunas.
"O novo quadro anuncia, neste momento, uma disputa mais complexa do que a anteriormente esperada para as eleições de 2014", diz um trecho da tese apresentada pelo grupo Mensagem ao Partido, a segunda maior força do PT.
"Não parece mais bastar a divulgação dos enormes avanços dos dez anos do governo Lula e Dilma e a comparação com o período anterior", completa o texto, numa referência ao governo do tucano Fernando Henrique Cardoso, sempre criticado por petistas.
Na avaliação do grupo, para que o Brasil avance, a partir deste novo momento, Dilma deve construir outras alianças, "voltando a dar prioridade a uma frente de partidos de esquerda e de centro-esquerda, e a organizações e movimentos sociais progressistas e libertários".
Mídia
A chapa também cobra de Dilma uma ação "urgente" para destravar o projeto de regulamentação da mídia e critica a atuação do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que é filiado ao PT.
"Nosso Ministério das Comunicações tem adotado neste governo uma política moderada, recuando de avanços que se anunciavam no final do segundo governo Lula", observa o texto. "É natural e legítimo que esse tema apareça nos debates do PT. Achei essa abordagem pertinente e também moderada", devolve Bernardo.
Em 2005, na crise do mensalão, a corrente Mensagem ao Partido chegou a pregar a "refundação" do PT, mas depois voltou atrás.
Cardozo, hoje ministro, foi um dos autores do Código de Ética do partido, que prevê a expulsão de filiados envolvidos em corrupção e condenados em última instância pela Justiça. Agora, embora alegando ser preciso superar "erros cometidos", o mesmo grupo afirma que houve "manipulação" do julgamento do mensalão pela direita.
Com o argumento de que Dilma é "alvo de campanha sistemática de desgaste", a chapa de Teixeira prega a defesa da presidente e a mobilização em torno da ideia do plebiscito para a reforma política. Admite, porém, que "resistências conservadoras" podem inviabilizar a consulta popular.
Diante desse quadro, o grupo tenta manter de pé a proposta de Constituinte exclusiva para mudar o sistema eleitoral, considerada inconstitucional pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB). Além de Teixeira e do atual presidente do PT, Rui Falcão, que concorre à reeleição, outros quatro candidatos disputam o comando petista. A eleição interna será dia 10 de novembro.