Maduro recebe Dilma e Cristina Kirchner para uma cúpula do Mercosul, em Caracas (Jorge Silva/Reuters)
Da Redação
Publicado em 29 de julho de 2014 às 17h25.
A presidente Dilma Rousseff defendeu nesta terça-feira a Argentina, que está em um processo de negociação de dívida com credores e corre o risco de default, e disse ser inaceitável que a ação de "uns poucos especuladores" coloque em risco a estabilidade de um país.
O governo argentino negocia com credores nos Estados Unidos para evitar o calote de uma dívida que vence na quarta-feira, após um grupo rejeitar uma proposta de renegociação anterior e acionar o país sul-americano na Justiça norte-americana.
"O problema que atinge hoje a Argentina é uma ameaça não só para um país irmão. Atinge a todo o sistema financeiro internacional", disse Dilma durante reunião de cúpula do Mercosul em Caracas.
"Não podemos aceitar que a ação de alguns poucos especuladores coloquem em risco a estabilidade e o bem-estar de países inteiros. Precisamos de regras claras e de um sistema que permita foros imparciais, permita previsibilidade e, portanto, justiça no processo de reestruturação de dívidas soberanas."
Dilma se colocou à disposição para levar a questão argentina ao encontro do G20 e, durante seu discurso na reunião de cúpula do Mercosul, também defendeu que um acordo comercial entre o bloco e a União Europeia precisa ser baseado no equilíbrio.
"No caso da negociação do acordo de associação entre o Mercosul e a União Europeia, nosso bloco já concluiu uma oferta compatível com os compromissos assumidos nas negociações de 2010. Esperamos agora que o lado europeu consolide a sua oferta", disse.
"Essa negociação só poderá prosperar com o intercâmbio simultâneo de ofertas e o equilíbrio entre o que demandamos, o que demandam eles, o que oferecemos e o que oferecem eles."
Oriente Médio
Dilma também citou o conflito entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza e voltou a pedir um cessar-fogo imediato.
A decisão do governo brasileiro de chamar seu embaixador em Tel Aviv por conta da escalada do conflito, em que mais de mil palestinos morreram, boa parte civis, tensionou as relações entre Brasil e Israel, depois que o porta-voz da chancelaria israelense chamou o Brasil de "anão diplomático".
"Não podemos aceitar impassíveis a escalada da violência entre Israel e Palestina", disse Dilma durante o encontro do Mercosul, acrescentando que o Brasil condenou os disparos do Hamas contra o território israelense e jamais negou o direito de Israel de se defender.
"No entanto, é necessário ressaltar a nossa mais veemente condenação ao uso desproporcional da força por Israel na Faixa de Gaza, do qual resultou elevado número de vítimas civis, incluindo mulheres e crianças."