Brasil

Dilma decide elevar corte de gastos para R$20 bilhões

O Planalto pretende aumentar alíquotas de impostos já existentes para zerar o déficit de R$ 30,5 bilhões previsto no Orçamento para 2016


	Impostos: o Planalto pretende aumentar alíquotas de impostos já existentes para zerar o déficit de R$ 30,5 bilhões previsto no Orçamento para 2016
 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Impostos: o Planalto pretende aumentar alíquotas de impostos já existentes para zerar o déficit de R$ 30,5 bilhões previsto no Orçamento para 2016 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de setembro de 2015 às 06h30.

Em nova rodada de reuniões no Palácio da Alvorada, a presidente Dilma Rousseff decidiu ontem elevar de R$ 15 bilhões para até R$ 20 bilhões a meta de redução de gastos públicos.

Mais adiante, em uma outra etapa do ajuste nas contas, o Planalto pretende aumentar alíquotas de impostos já existentes para zerar o déficit de R$ 30,5 bilhões previsto no Orçamento para 2016.

Esse arranjo abriria caminho político no Congresso para a criação de novos tributos que teriam como meta atingir o superávit primário de 0,7% do PIB.

Durante as discussões no fim de semana, a equipe econômica chegou a sugerir o congelamento de salários do funcionalismo. Por ora, essa ideia não será levada adiante porque tem alto custo político.

Os programas sociais também serão sacrificados, mas, segundo os auxiliares da presidente, a ideia é tentar preservá-los ao máximo.

Dilma reuniu-se com 12 ministros no fim de semana. No sábado, ela encontrou-se pela manhã com a junta orçamentária, grupo integrado por Casa Civil, Planejamento e Fazenda. No fim da tarde, ela convocou outros nove ministros - um de cada partido da base no Congresso - para dar diretrizes sobre cortes na máquina administrativa.

Até a noite de sábado, o corte deveria ficar em R$ 15 bilhões, conforme antecipou o Estado. Ontem, Dilma voltou a se reunir com os ministros Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento) e Aloizio Mercadante (Casa Civil) e ampliou o tamanho dos cortes.

A ideia era "zerar" o déficit de R$ 30,5 bilhões somente com cortes, mas essa meta foi descartada.

"Não podemos parar a máquina administrativa. É impossível chegar aos R$ 30 bilhões sem receitas novas", disse ao Estado um auxiliar palaciano. Desse modo, a equipe econômica insistirá na elevação de alíquotas e na recriação de impostos, como a volta da CPMF.

Após o rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s, Dilma decidiu implementar os cortes. A princípio, queria forçar o Congresso a aprovar o aumento de impostos imediatamente.

A cúpula do PMDB da Câmara e do Senado se negou a assumir o desgaste e exigiu que o governo promovesse cortes.

"Inicialmente, a volta da CPMF não foi bem articulada, mas o Congresso tem consciência do momento do país e estará disposto a discutir aumento de tributos após o governo tomar medidas estruturantes", disse o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS).

Há uma expectativa de que os cortes comecem a ser divulgados a partir de hoje, quando a presidente volta a se reunir com a equipe de coordenação de governo.

A primeira leva de medidas gira em torno da revisão de contratos, reavaliação dos investimentos, demissão de funcionários comissionados e até venda de imóveis. Também estão em estudo a aglutinação e o corte de ministérios.

Salários

Correndo contra o tempo para anunciar respostas à decisão da agência Standard & Poor’s de rebaixar a nota de crédito do Brasil, Dilma não se mostra favorável a acabar com o reajuste dos servidores públicos.

Segundo auxiliares da presidente, essa medida é uma das mais impopulares e aumentaria o desgaste da presidente.

No início do mês, o Planejamento chegou a propor reajuste de 10,8% escalonado entre 2016 e 2017.

Entre outras medidas em estudo, está a regulamentação da Medida Provisória 691, que autoriza a União a vender imóveis de sua propriedade.

Acompanhe tudo sobre:Agências de ratingDilma RousseffGoverno DilmaJoaquim BarbosaJoaquim LevyOrçamento federalPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos TrabalhadoresStandard & Poor's

Mais de Brasil

'Extrema-direita não voltará a governar esse país', diz Lula sobre eleições de 2026

Moraes manda Ministério da Justiça formalizar pedido de extradição de Zambelli

Projeto que anula aumento do IOF deve ser pautado na terça, diz Hugo Motta

Empresários franceses prometem a Lula investir R$ 100 bi no Brasil