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Dilma confirma Meirelles à frente de Autoridade Olímpica

Sérgio Cabral e Eduardo Paes, que resistiam à ideia de um executivo com respaldo internacional no posto, ouviram de Dilma que Meirelles será mesmo o chefe da autoridade

Henrique Meirelles: respaldo internacional usado à favor do Comitê Olímpico brasileiro (Antônio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

Henrique Meirelles: respaldo internacional usado à favor do Comitê Olímpico brasileiro (Antônio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 17 de fevereiro de 2011 às 18h41.

Brasília - Em audiência no Planalto, a presidente Dilma Rousseff apresentou hoje ao governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e ao prefeito do Rio, Eduardo Paes, uma proposta de nova medida provisória que criará a Autoridade Pública Olímpica (APO), órgão que gerenciará as obras da Olimpíada de 2016. O texto, preparado pelo vice-presidente, Michel Temer, e pelo ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, afasta qualquer possibilidade da prefeitura e do governo do Estado terem interlocução direta com o Comitê Olímpico Internacional (COI).

Cabral e Paes, que resistiam à ideia de um executivo com respaldo internacional no posto, ouviram ainda de Dilma que Meirelles será mesmo o chefe da APO. O governador pleiteava retirar Meirelles, considerado um nome independente no PMDB, para indicar um aliado fiel no cargo. Na conversa, Cabral conseguiu apenas expor a Dilma que Meirelles era da cota pessoal da presidente e não do partido.

Pelo texto, que está em análise na Casa Civil, a prefeitura e o governo do Estado terão espaço na composição do novo órgão, mas a "autoridade olímpica que estará nos holofotes da imprensa nacional e internacional será Meirelles". Passarão por ele projetos de obras tocadas pelo governo estadual e pelo município. Foi descartada a criação de uma estatal, a Brasil 2016, para realizar as obras e operar como um braço executor da APO. A estatal era pleiteada pelo PCdoB, do ministro dos Esportes, Orlando Silva.

Nos últimos dias, interlocutores do Planalto usaram o arquivamento da proposta da Brasil 2016 para conter as reclamações de Cabral e Paes, de perda de espaço político nos Jogos do Rio. O Planalto argumenta que, sem a estatal executora, a prefeitura e o governo estadual tocarão as obras.

Cabral e Paes deixaram hoje o Planalto sem esconder o desapontamento. Em entrevista após a audiência, no entanto, procuraram mostrar afinamento com o governo federal, elogiando a escolha de Meirelles, que terá um salário de R$ 21 mil e poderá preencher cerca de 500 cargos comissionados. Cabral chegou a dizer que a reunião com Dilma foi "extraordinária". "Esse ambiente harmônico vai dar resultado", afirmou. "Vamos fazer os melhores jogos olímpicos da história."

O governador evitou ataques à proposta de Temer e Meirelles. "Não há nada a comentar negativamente, pelo contrário, são apenas observações positivas", disse. "O ministro Antonio Palocci (Casa Civil) e a presidente nos apresentaram o conceito da APO, as suas responsabilidades", completou.

Cabral admitiu, na entrevista, que Meirelles teve papel importante no processo de candidatura e escolha do Rio como sede dos Jogos de 2016. "Meirelles é uma pessoa extremamente qualificada para a função", disse. Mais contido que Cabral, o prefeito Eduardo Paes desconversou ao ser questionado sobre o nome do ex-presidente do Banco Central para gerenciar as ações da Olimpíada. "Não se tratou de nomes na reunião", disse. O prefeito afirmou que o texto da nova medida provisória "atende" aos interesses dos três níveis de governo. "Se chegou a um consenso", se limitou a responder.

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