Brasil

Dilma alerta para riscos das políticas dos países desenvolvidos

Segundo a presidente, diferentes velocidades de crescimento entre países avançados e em desenvolvimento estão gerando desafios para a administração dos emergentes

A presidente Dilma Rousseff criticou no "Davos asiático" o fluxo de capitais para emergentes (Getty Images)

A presidente Dilma Rousseff criticou no "Davos asiático" o fluxo de capitais para emergentes (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 15 de abril de 2011 às 10h20.

Boao, China - A presidente Dilma Rousseff alertou nesta sexta-feira no Fórum de Boao, o Davos asiático, para as políticas que estão sendo adotadas nos países desenvolvidos para lutar contra a crise, e que têm repercussão nas economias emergentes.

As "diferentes velocidades" de crescimento entre países avançados e em desenvolvimento estão "gerando desafios para a administração de nossas economias", afirmou Dilma, para quem a mais importante é a pressão que a "expansão da liquidez" exerce sobre as economias emergentes.

As economias emergentes estão recebendo grandes fluxos de capitais atraídos pelas elevadas taxas de juros adotadas para combater a inflação e que estão contribuindo para valorizar as moedas nacionais, o torna suas exportações menos competitivas.

"Somos favoráveis ao controle da inflação e à estabilidade fiscal, que são fundamentais para a recuperação econômica mundial, mas isto deve ter como objetivo criar condições para o crescimento econômico", disse.

Também defendeu a inclusão social como chave para o desenvolvimento sustentável nos países em desenvolvimento e a aproximação da Ásia e da América Latina em um mundo multipolar e sem hegemonias.

"Não buscamos modelos únicos nem unanimidade", destacou, antes de recordar que os "consensos que foram tentados na história recente sobre a égide do comércio e do Estado e que, supostamente, nunca falhariam mostraram ser frágeis como castelos de cartas".


"Não haverá crescimento estável sem inclusão social", advertiu a presidente, que citou o modelo econômico e de inclusão aplicado no Brasil que nos últimos anos, nas palavras da chefe de Estado, tirou 36 milhões de pessoas da pobreza.

Dilma Rousseff fez uma visita oficial nesta semana à China e participou na quinta-feira na reunião de cúpula dos BRICS - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul -, que aconteceu na ilha de Hainan.

Durante a viagem, onde tentou mudar o modelo comercial existente - que permitiu ao Brasil passar um volume de negócios de 2,3 bilhões de dólares em 2000 a US$ 56,4 bilhões em 2010 -, para ampliar a linha de exportação a mais produtos com maior valor agregado, a presidente do Brasil se empenhou em estreitar as relações com o continente asiático.

"Somos favoráveis a todas as iniciativas que buscam aproximar, integrar e desenvolver a América Latina e a Ásia, as duas regiões que mais crescem no mundo neste momento", declarou no Davos asiático, que reuniu vários presidentes, entre eles o chinês Hu Jintao, o russo Dmitri Medvedev e o sul-africano Jacob Zuma, todos eles integrantes dos BRICS.

Para os interessados em investir no Brasil, Dilma Rousseff afirmou que "existem grandes oportunidades" no país, onde há "estabilidade econômica, crescimento acelerado, projetos estratégicos de desenvolvimento, estímulo à ciência, tecnologia e inovação, inclusão social e distribuição de renda".

E em uma referência velada a países como China, com um longo histórico de violações aos direitos humanos, também recordou que no Brasil impera o "direito democrático, a estabilidade política, o compromisso com os direitos humanos e a sustentabilidade ambiental", assim como um "profundo sentimento de autoestima do povo brasileiro".

Dilma apelou ainda à "criatividade" para forjar os laços entre os diferentes continentes e por uma "quebra de paradigmas para estabelecer um diálogo pioneiro entre Estados, empresas, sociedades e instituições para construir um mundo baseado em nossas melhores tradições de humanidade, paz e solidariedade".

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