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Dilma acusa Netflix de propagar notícias falsas em série sobre Lava Jato

A ex-presidente se incomodou com a série "O Mecanismo", que conta a história da Lava Jato mas usa nomes fictícios – como Janete em vez de Dilma

Dilma: a ex-presidente ficou incomodada com a maneira como foi retratada na série "O Mecanismo" (Andres Stapff/Reuters)

Dilma: a ex-presidente ficou incomodada com a maneira como foi retratada na série "O Mecanismo" (Andres Stapff/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de março de 2018 às 06h25.

Última atualização em 3 de abril de 2018 às 10h57.

São Paulo — A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) acusou o cineasta José Padilha de distorcer a realidade, agir de má fé e criar notícias falsas na série "O Mecanismo", produção da Netflix que estreou na sexta-feira.

A série conta a história da operação Lava Jato desde as primeiras tentativas fracassadas de um agente da Polícia Federal de pegar o doleiro Alberto Youssef, em 2003, por suas atividades de lavagem de dinheiro.

Como acontece em outras biografias e textos históricos romanceados, "O Mecanismo" mistura realidade com cenas fictícias, inseridas para compor o roteiro. Na série, personagens reais aparecem com nomes fictícios. Youssef, por exemplo, é chamado de Roberto Ibrahim; e Dilma, de Janete Ruscov.

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Dilma publicou uma nota em seu site acusando Padilha e a Netflix de "propagação de mentiras de toda sorte". "O cineasta não usa a liberdade artística para recriar um episódio da história nacional. Ele mente, distorce e falseia. Isso é mais do que desonestidade intelectual. É próprio de um pusilânime a serviço de uma versão que teme a verdade", acusa a ex-presidente em nota.

Ela afirma que, ao produzir ficção sem avisar a opinião pública , a série tenta dissimular, inventa passagens da história e distorce fatos reais "ao seu bel prazer". Não é bem assim, já que, em cada episódio da série, uma mensagem é exibida informando que a série é baseada em fatos reais mas inclui elementos de ficção.

"O diretor inventa fatos. Não reproduz 'fake news'. Ele próprio tornou-se um criador de notícias falsas", afirma Dilma sobre Padilha, que também dirigiu "Tropa de Elite", uma das maiores bilheterias do cinema nacional.

Entre as distorções supostamente cometidas na produção, Dilma diz que a série atribui ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a frase sobre "estancar a sangria", dita, na realidade, pelo senador Romero Jucá, hoje presidente do MDB, numa conversa gravada pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado em que o emedebista sugere um pacto para conter as investigações da Lava Jato.

A ex-presidente, diferentemente do que apresenta a série, nega que fosse próxima do ex-diretor da Petrobras e delator da Lava Jato, Paulo Roberto da Costa, assim como afirma que o doleiro Alberto Youssef "jamais" participou de sua campanha de reeleição ou esteve na sede do comitê, como, segundo ela, mostra a série no primeiro capítulo.

Para terminar, Dilma ataca a imprensa: "Sobre mim, o diretor de cinema usa as mesmas tintas de parte da imprensa brasileira para praticar assassinato de reputações, vertendo mentiras na série de TV, algumas que nem mesmo parte da grande mídia nacional teve coragem de insinuar", afirma.

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