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Dia sem Uber e 99? Motoristas de aplicativos fazem paralisação de 24 horas e preços disparam em SP

Movimento, que pede valor mínimo de R$ 10 para corridas e aumento do valor pago por quilômetro rodado, começou às 4h desta segunda-feira

Uber e 99: A paralisação nacional foi convocada por meio das redes sociais (Germano Lüders/Exame)

Uber e 99: A paralisação nacional foi convocada por meio das redes sociais (Germano Lüders/Exame)

Publicado em 15 de maio de 2023 às 11h20.

Última atualização em 15 de maio de 2023 às 13h18.

Nesta segunda-feira, 15, motoristas de aplicativos deflagraram uma paralisação da categoria, com perspectiva de interromper os serviços em todo o Brasil. O movimento é chamado de day-off, ou seja, 24 horas sem atividade. A manifestação começou às 4h de hoje e deve se estender até as 4h desta terça-feira, dia 16.

Nesta manhã, no Rio, cerca de 40 motoristas se concentraram em frente ao aeroporto Santos Dumont. Por volta das 8h, eles seguiram em carreata até o prédio da Uber, também no Centro da cidade, para uma manifestação. Policiais militares e agentes da Guarda Municipal acompanham o protesto.

Nas redes sociais, consumidores relatam que foram surpreendidos com os preços mais altos para as viagens ao tentar solicitar o transporte. Mas não há uma queixa generalizada: apesar de alguns relatos, a adesão ao movimento foi abaixo do esperado e o serviço em diversas cidades do País segue operando normalmente.

Os representantes da categoria dizem ser difícil cravar números sobre a adesão ao movimento, mas diz que as corridas a preços dinâmicos - quando há mais solicitações do que carros disponíveis - teriam disparado na cidade de São Paulo, o que demonstraria uma boa adesão por parte dos trabalhadores.

Motivo da greve da Uber e 99

A categoria reivindica que o valor das corridas seja de ao menos R$ 10 (hoje fica em torno de R$ 6), aumento do valor pago pelo quilômetro rodado e redução do percentual das corridas descontado pelas empresas.

"O desconto hoje oscila entre 40% a 60%, o que é muito alto. Estamos pedindo que essa fatia caia. Tivemos reuniões com as duas empresas (Uber e 99) na semana passada mas, por enquanto, só negativas", explica Luiz Corrêa, presidente do Sindicato dos Prestadores de Serviço por Aplicativo do Rio (SindMobi).

Eles querem ainda a cobrança de um adicional para cada parada solicitada pelo passageiro durante uma corrida. Os profissionais pedem também segurança para trabalhar e fim dos banimentos da plataforma sem justificativa.

Eduardo Lima de Souza, presidente da Amasp e diretor da Fembrapp informou que, até o momento, as empresas de transporte por aplicativo não se manifestaram sobre as demandas dos motoristas.

Um levantamento da Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) aponta que o País tem pelo menos 1,66 milhão de brasileiros que trabalham, atualmente, como entregadores ou motoristas de aplicativos no Brasil.

Em nota, a Amobitec declarou que "respeita o direito de manifestação" dos motoristas. "As empresas associadas mantêm abertos seus canais de comunicação com os motoristas parceiros, reafirmando a disposição para o diálogo contínuo, de forma a aprimorar a experiência de todos nas plataformas", afirmou a entidade.

A paralisação foi organizada por entidades como a Federação dos Motoristas de Aplicativos do Brasil (Fembrapp) e pela Associação dos Motoristas de Aplicativos de São Paulo (Amasp).

Questionamento sobre a política de assédio

A motorista Márcia Tatiana Pereira, de 32 anos, que trabalha com aplicativo há 5 anos, também questiona a política da empresa no enfrentamento aos casos de assédio sofridos pelos profissionais, não apenas mulheres. Ela conta que são recorrentes os casos de motoristas que recebem propostas de sexo em troca das corridas e que, comunicada, a empresa diz apenas que "lamenta o ocorrido":

"Já fui abordada por passageiros perguntando sobre minha vida sexual, me fazendo propostas, oferecendo dinheiro. Mas a resposta é sempre essa: "lamentamos o ocorrido". Dão apenas a opção de bloquear o passageiro de voltar a pegar corrida comigo, sem banimento, ou seja, a pessoa pode continuar assediando outros colegas" afirma a motorista: "Se cometemos algum erro, e o passageiro aciona a empresa, somos banidos sem direito à defesa. Mas o contrário não acontece".

Com Agência o Globo e Estadão Conteúdo.

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