Famílias dos mortos: 62 presidiários foram assassinados em presídio da cidade paraense (Picture Alliance/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 1 de agosto de 2019 às 09h34.
Última atualização em 1 de agosto de 2019 às 13h39.
Altamira — Por causa do mau cheiro causado pelo estado de decomposição dos corpos, familiares têm desistido de velar vítimas do massacre no presídio de Altamira, no interior do Pará.
Em vez da cerimônia, os caixões saem direto do Instituto Médico Legal (IML) para algum cemitério da cidade.
Foi o caso de Anderson dos Santos Oliveira, de 26 anos, um dos 62 mortos no ataque promovido pela facção Comando Classe A (CCA) contra rivais do Comando Vermelho (CV).
Assassinado na manhã de segunda-feira (29), ele foi enterrado mais de 48 horas depois. "O corpo já está em decomposição", afirmou a esposa Sirleide Cardoso Pereira, de 41 anos.
Um velório coletivo das vítimas do massacre chegou a ser planejado na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, mas apenas dois caixões chegaram lá — ainda assim, era possível sentir o odor através da madeira.
"A funerária informou que as outras famílias desistiram por causa da situação dos corpos, que demoraram mais para sair", disse uma recepcionista.
Até a noite de quarta-feira (31), 27 corpos haviam sido liberados do IML. Outros 31, entretanto, só devem ser entregues às famílias após identificação por DNA.
Desde o massacre, parentes se reuniram na frente do local para tentar reconhecer as vitimas e passaram também a reclamar da demora de atendimento.