Brasil

Desmatamento da Amazônia atinge recorde em uma década

De acordo com dados do governo, desmatamento é impulsionado pela exploração ilegal de madeira e pelo avanço da agricultura sobre a floresta

Amazônia: aumentar a fiscalização na floresta é uma das medidas pedidas pelo ministério do Meio Ambiente (Wilson Dias/AGÊNCIA BRASIL/Agência Brasil)

Amazônia: aumentar a fiscalização na floresta é uma das medidas pedidas pelo ministério do Meio Ambiente (Wilson Dias/AGÊNCIA BRASIL/Agência Brasil)

R

Reuters

Publicado em 23 de novembro de 2018 às 21h51.

São Paulo - O desmatamento da Amazônia atingiu seu maior nível em uma década neste ano, impulsionado pela exploração ilegal de madeira e pelo avanço da agricultura sobre a floresta, mostraram dados do governo nesta sexta-feira.

Imagens de satélite nos 12 meses até o final de julho deste ano mostraram que 7.900 quilômetros quadrados de floresta amazônica foram destruídos, equivalente a mais da metade do território da Jamaica. O valor representa ainda um crescimento de 13,7 por cento em relação ao mesmo período do ano anterior.

O desmatamento é um fator-chave por trás do aquecimento global e responde por cerca de 15 por cento das emissões anuais de gases do efeito estufa, patamar similar ao do setor de transporte.

Nesta sexta-feira, um relatório do governo dos Estados Unidos apontou que a mudança climática custará aos EUA centenas de bilhões de dólares até o final do século.

O ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, disse em comunicado que a exploração ilegal de madeira é o principal fator por trás do aumento do desmatamento da Amazônia. Ele pediu que o governo aumente a fiscalização na floresta.

Pará e Mato Grosso foram os Estados que mais contribuíram para o crescimento do desmatamento. Mato Grosso é principal produtor de grãos do Brasil e lidera a elevação na produção de soja.

O Observatório do Clima, uma rede de organizações não-governamentais, disse em outro comunicado que o aumento do desmatamento não foi uma surpresa. Além da exploração ilegal de madeira, a entidade disse que o setor de commodities do país, que está em expansão, contribuiu para a destruição da floresta, uma vez que produtores buscam expandir a área plantada.

Marcio Astrini, do Greenpeace, disse que o governo brasileiro não faz o bastante para combater o desmatamento e políticas adotadas recentemente, como a redução de áreas protegidas, incentivaram a destruição florestal.

Os dois grupos demonstram preocupação com a possibilidade de o desmatamento aumentar ainda mais durante o governo do presidente eleito Jair Bolsonaro, que assumirá em janeiro. Ele é um crítico do Ibama e tem no setor agrícola um de seus principais grupos de apoio.

Apesar da elevação recente, o desmatamento ainda está bem abaixo dos níveis recordes do início dos anos 2000, antes de o governo brasileiro lançar uma estratégia para combater a destruição florestal. Em 2004, por exemplo, mais de 27 mil quilômetros quadrados foram desmatados, uma área do tamanho do Haiti.

Cientistas consideram a Amazônia como uma das principais proteções naturais contra o aquecimento global, já que a floresta atua como gigantesca absorvedora de carbono. A floresta também é rica em biodiversidade e abriga bilhões de espécies ainda não estudadas.

Acompanhe tudo sobre:AmazôniaDesmatamentoFlorestasMinistério do Meio Ambiente

Mais de Brasil

PF investiga incêndios criminosos no Pantanal em área da União alvo de grilagem usada para pecuária

Nunes tem 26,8%, Boulos, 23,7%, e Marçal, 21%, em SP, diz Paraná Pesquisas

Mancha de poluição no rio Tietê cresce 29% em 2024, 3ª alta anual consecutiva

'Perigo': Inmet alerta para tempestades no Sul e baixa umidade no centro do país; veja previsão