Brasil

Desmatamento cresce quase 30% na Mata Atlântica

Segundo levantamento da Fundação SOS Mata Atlântica, entre 2018 e 2019, mais de 14.000 hectares foram eliminados; Situação é mais intensa em Minas Gerais

Mata Atlântica: área volta a ter alta no desmatamento após período de queda (Fundação SOS Mata Atlântica/Divulgação)

Mata Atlântica: área volta a ter alta no desmatamento após período de queda (Fundação SOS Mata Atlântica/Divulgação)

Desmatamento na Mata Atlântica

Mata Atlântica: área volta a ter alta no desmatamento após período de queda (Fundação SOS Mata Atlântica/Divulgação)

Bioma que mais perdeu floresta no Brasil, a Mata Atlântica teve aumento de 27,2% no desmatamento entre 2018 e 2019: foram 14.502 hectares desflorestados no período, contra 11.399 hectares eliminados entre 2017 e 2018.

O levantamento é do Atlas Mata Atlântica — iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A evolução do desmatamento volta a ocorrer após dois períodos de queda.

Realizada com base em estados, a análise destaca que a situação é mais intensa em Minas Gerais, que perdeu quase 5.000 hectares de floresta nativa. Na sequência estão Bahia (3.532 hectares) e Paraná (2.767 hectares).

Segundo Mario Mantovani, diretor de políticas públicas da SOS Mata Atlântica, a evolução do desmatamento nestas regiões mostra uma expansão das ações de destruição do meio ambiente, recentemente focadas com mais ênfase na região amazônica.

O quadro é alarmante, já que, hoje, restam pouco mais de 12% da Mata Atlântica.

Alguns estados, no entanto, apresentaram desmatamento zero — entre eles, os estreantes Alagoas e Rio Grande do Norte. A diretora executiva da fundação, Marcia Hirota, alerta, no entanto, para a possibilidade do “efeito formiga”, quando há pequenos desmatamentos que seguem ocorrendo, mas não são detectáveis por satélite.

Flexibilização de normas

O estudo é publicado dias depois da divulgação, por decisão do Supremo Tribunal Federal, do vídeo da reunião ministerial. Na ocasião, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, falou em aproveitar o foco da imprensa na pandemia da covid-19 para “ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas”.

A fala sugere uma possível intenção de flexibilização das normas ambientais, o que foi posteriormente negado pelo ministro. O vídeo teve repercussão internacional: a ativista sueca Greta Thunberg chegou a postar notícia sobre o assunto no Twitter, com o comentário "Imagine as coisas que foram ditas longe da câmera... Nosso futuro comum é apenas um jogo para eles".

No início de maio, Salles fez um despacho para recomendar aos órgãos ambientais a seguir as normas do Código Florestal, e não da Lei da Mata Atlântica — esta mais rigorosa.

Em agosto de 2019, o Brasil se viu no centro de uma crise ambiental que teve como estopim uma série de alertas de desmatamento gerados pelo INPE. Em um movimento polêmico, o instituto chegou a ter seu comando trocado. A má gestão das ações para evitar o desmatamento teve impacto internacional, e fez com que a Alemanha bloqueasse doações ao Fundo Amazônia.

Acompanhe tudo sobre:DesmatamentoMata Atlântica

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 23 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP