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Desmatamento cresce e Amazônia perde área equivalente a três cidades de SP

Entre agosto de 2019 a março deste ano foi derrubado 5.076 quilômetros quadrados de floresta. O Pará foi o estado com maior área perdida

Amazônia: desmatamento aumentou (Per-Anders Pettersson/Getty Images)

Amazônia: desmatamento aumentou (Per-Anders Pettersson/Getty Images)

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Clara Cerioni

Publicado em 15 de abril de 2020 às 12h07.

O desmatamento na Amazônia bateu recorde entre agosto de 2019 a março deste ano, segundo levantamento do jornal O Estado de S. Paulo. O volume registrado de devastação da floresta é o dobro do verificado no mesmo intervalo anterior, quando a derrubada recorde da floresta virou alerta global.

Os números são do próprio governo federal. O jornal levantou os dados no Sistema de Detecção do Desmatamento na Amazônia Legal em Tempo Real (Deter), ferramenta do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que serve para orientar ações de fiscalização contra o desmatamento. Foram checados os cortes feitos de agosto (mês em que começa a medição oficial) até 26 de março, data mais atual disponível.

Os dados mostram que o desmatamento nesses últimos oito meses atingiu uma área de nada menos que 5.076 quilômetros quadrados (km²) da Amazônia, mais de três vezes o tamanho da capital paulista, com seus 1.521 km². Esse volume de corte é quase o dobro do que foi verificado no mesmo intervalo anterior, de agosto de 2018 a março de 2019, quando 2.649 km² de floresta foram devastados. Se observado o intervalo de agosto de 2017 a março de 2018, o número era ainda menor, de 2.433 km².

Uma das situações mais críticas é a do Pará, que concentrou 44% do desmatamento. Os satélites do Deter mostram que, de 1.º de fevereiro a 26 de março, 65 quilômetros quadrados de mata foram devastados no Pará, ante 62 km² verificados nos dois meses completos do ano passado. Em Rondônia, outro Estado que lidera os índices de desmatamento, o corte ilegal também já supera o de fevereiro e março de 2019 e chega a 43 km² neste ano.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sustenta que os alertas do desmatamento são apenas uma referência da situação e têm inconsistências, por causa da incidência de nuvens no período. Ocorre que os dados consolidados e usados pelo governo como a informação mais precisa sobre o desmatamento - o sistema Prodes - sempre resulta em um volume muito maior de área devastada. Em média, o volume confirmado fica 33% acima do verificado pelo Deter.

No período de agosto de 2018 a julho de 2019, por exemplo, quando o Deter captou 6.839 km² de área devastada, o Prodes detalhou a situação e concluiu que o desmatamento total na região amazônica havia atingido 10,1 mil km², maior volume dos últimos 11 anos.

Medida

Ao Estado, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB) disse que pediu apoio federal imediato. "É um volume assustador de desmatamento. Se não houver uma medida drástica e imediata de fiscalização, não haverá mais tempo. Vamos ter um ano de 2020 pior que o ano passado", disse.

Questionado, o Ibama informa que tem mantido as operações em campo na região, mas prioriza algumas ações consideradas prioritárias. No Pará, diz Helder Barbalho, o Ibama conta com apenas 48 servidores para cuidar de todo o Estado. "É uma presença absolutamente rarefeita", diz. "Se continuar desse jeito, quando acabar o coronavírus o nível de derrubada da floresta será estratosférico."

Na segunda, 13, começou a operar no Pará a Força Estadual de combate ao desmatamento, criada em janeiro. Cem agentes ambientais serão remunerados para entrar na floresta. Eles vão ser pagos com recursos repatriados pela operação Lava Jato, por meio da Petrobrás.

Demissão no Ibama

Em meio ao aumento do desmatamento, o Ministério do Meio Ambiente exonerou, na última terça-feira, 14, o diretor do Ibama, Olivaldi Azevedo. A demissão foi assinada pelo ministro Ricardo Salles e publicada no Diário Oficial da União.

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