Favela Real Parque, em São Paulo (Levi Mendes Jr.)
Bárbara Ferreira Santos
Publicado em 25 de novembro de 2016 às 10h00.
Última atualização em 25 de novembro de 2016 às 10h00.
São Paulo — A desigualdade de renda no Brasil caiu em 2015 pelo 11º ano seguido, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2015, realizada pelo IBGE.
Mas, embora a diferença entre os que ganham mais e os que ganham menos tenha diminuído, todos tiveram redução da renda mensal. A diminuição da desigualdade se deu principalmente porque a faixa de rendimentos mais elevados teve uma redução mais intensa que a dos mais pobres.
O índice de Gini, que mede o grau de concentração de renda, caiu de 0,497 em 2014 para 0,491 em 2015 quando consideradas todas as fontes de receitas da população com 15 anos ou mais. Nessa conta, é levado em conta, além do salário, a arrecadação por pensão, aposentadoria, programa social, pensão alimentícia, aluguel, etc. O índice de Gini varia de 0 a 1 e quanto mais perto do 1, maior a desigualdade.
A menor desigualdade foi registrada na região Sul (0,450) enquanto a região com maior diferença de rendimento foi a Centro-Oeste (0,498).
Entre os estados, Santa Catarina foi o que apresentou a menor desigualdade, com índice 0,419, seguido por Goiás, com 0,436. Na lanterna do ranking por estados, aparece o Distrito Federal, com 0,555 (veja lista por estados abaixo).
Esse levantamento, no entanto, precisa ser visto com cuidado. Diversos economistas apontam que, por trabalhar por amostragem domiciliar, a PNAD não é o melhor instrumento para captar as rendas dos estratos mais ricos.
A pesquisa não considera, rendimentos de capital como aplicações financeiras e ganhos com imóveis, por exemplo, então pode subestimar o tamanho da riqueza nas camadas mais elevadas da pirâmide social e, portanto, comprometer o retrato da desigualdade no país.
Segundo a PNAD, a desigualdade entre os salários mais altos e mais baixos também diminuiu desde 2004, atingindo o índice de 0,485 em 2015 ante 0,490 em 2014.
A Região Nordeste apresentou o maior nível de desigualdade entre salários (0,498), enquanto a Sul, o menor (0,441).
No entanto, a maior queda de concentração ocorreu no Sudeste do país, onde o índice saiu de 0,478 em 2014 para 0,471 em 2015. Em segundo lugar aparece a Região Centro-Oeste, com diminuição de 0,487 para 0,481 entre 2014 e 2015. Nessas duas regiões, a queda de desigualdade também foi puxada pela redução do salário dos trabalhadores mais bem remunerados.
Já no Nordeste, a redução da desigualdade foi pequena (de 0,501 para 0,498) porque os trabalhadores com os salários mais baixos é que tiveram uma queda maior.
Segundo a PNAD 2015, o rendimento médio mensal dos trabalhadores é mais desigual entre os homens (0,487) do que entre as mulheres (0,471). As maiores concentrações de renda entre homens ocorrem no Maranhão (0,551) e Distrito Federal (0,546), enquanto as menores ocorrem em Santa Catarina (0,413) e Goiás (0,412). Já entre as mulheres há mais desigualdade no Piauí (0,552) e menos em Santa Catarina (0,372).
Quando considerado o rendimento médio mensal dos domicílios brasileiros, houve uma queda pequena no índice de Gini entre 2014 e 2015: saiu de 0,494 e foi para 0,493 nesse período.
A pouca variação aconteceu porque em duas regiões a desigualdade aumentou - na região Sul (de 0,445 para 0,449) e Norte (de 0,475 para 0,476) -, além de o índice se manter igual no Nordeste (0,491).
A diminuição nos índices do Sudeste e do Centro-Oeste é que deixou o saldo do país positivo. Enquanto no Sudeste o número caiu de 0,482 para 0,478, no Centro-Oeste variou de 0,500 para 0,493.
Unidades da Federação | Índice de Gini* da distribuição do rendimento mensal das pessoas de 15 anos ou mais de idade, com rendimento |
Brasil | 0,491 |
Santa Catarina | 0,419 |
Goiás | 0,436 |
Alagoas | 0,438 |
Mato Grosso | 0,445 |
Rondônia | 0,452 |
Ceará | 0,453 |
Rio Grande do Sul | 0,454 |
Amapá | 0,457 |
Pará | 0,459 |
São Paulo | 0,460 |
Paraná | 0,465 |
Sergipe | 0,470 |
Espírito Santo | 0,471 |
Amazonas | 0,476 |
Minas Gerais | 0,478 |
Mato Grosso do Sul | 0,479 |
Bahia | 0,481 |
Rio Grande do Norte | 0,487 |
Pernambuco | 0,492 |
Acre | 0,500 |
Roraima | 0,500 |
Rio de Janeiro | 0,503 |
Tocantins | 0,504 |
Piauí | 0,505 |
Maranhão | 0,506 |
Paraíba | 0,510 |
Distrito Federal | 0,555 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, PNAD 2015.
*Quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade.