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Desfile militar com Bolsonaro dá início às tensas comemorações da Independência

O desfile militar, cancelado em 2020 e 2021 devido à pandemia, ocorreu sob um esquema de segurança excepcional

Jair Bolsonaro e sua esposa Michelle no desfial do Dia da Independência em Brasília (Evaristo Sa/AFP)

Jair Bolsonaro e sua esposa Michelle no desfial do Dia da Independência em Brasília (Evaristo Sa/AFP)

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AFP

Publicado em 7 de setembro de 2022 às 11h38.

Última atualização em 7 de setembro de 2022 às 11h41.

O presidente Jair Bolsonaro participou, nesta quarta-feira (7), do desfile militar em Brasília que deu início às comemorações do bicentenário da Independência, sob um clima de tensão a menos de um mês das eleições.

O presidente convidou os brasileiros a irem às ruas e defendeu que "ainda dá tempo de sair, de verde e amarelo, para festejar e comemorar a terra onde vivemos", antes do início dos atos à TV Brasil.

"O que está em jogo é nossa liberdade, nosso futuro", acrescentou, numa alusão velada às eleições de 2 de outubro.

No ano passado, o Dia da Independência foi marcado por manifestações pró-Bolsonaro, com slogans golpistas e com o presidente jurando que "só Deus" poderia tirá-lo do poder.

As pesquisas, porém, mostram que ele está atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na eleição mais polarizada da história recente do Brasil.

"O 7 de setembro de 2022 acontece no pico da campanha, na reta final da campanha. Então será necessariamente politizado", comentou à AFP Paulo Baia, professor de ciência política da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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"Teremos um 7 de setembro tenso, com possibilidades de violência, na medida em que o dia está sendo apropriado como parte da campanha eleitoral de todas as candidaturas, não só de Jair Bolsonaro", apontou.

O presidente chinês, Xi Jinping, e seu colega russo, Vladimir Putin, enviaram mensagens de felicitações ao governo brasileiro pelo bicentenário.

Rolls Royce com a primeira-dama

Escoltado por um tanque, Bolsonaro chegou ao desfile no clássico Rolls Royce presidencial, com a faixa presidencial no peito, e acompanhado pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e vários filhos.

O presidente e sua esposa sorriram e cumprimentaram o público, enquanto avançavam pela Esplanada dos Ministérios.

Bolsonaro então desceu do veículo e continuou a pé, cumprimentando de perto milhares de pessoas que seguiam o desfile militar, ao qual se juntaram vários tratores pertencentes a apoiadores de Bolsonaro.

"Mito, mito!", gritaram seus seguidores.

O desfile militar, cancelado em 2020 e 2021 devido à pandemia, ocorreu sob um esquema de segurança excepcional.

Uma manifestação a favor de Bolsonaro começará mais tarde em Brasília, às 13h.

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À tarde, as atenções vão se voltar para o Rio de Janeiro e à praia de Copacabana.

Tradicionalmente, o desfile militar no Rio acontece a cerca de 15 km, na Avenida Presidente Vargas, no centro da cidade.

Mas o chefe de Estado insistiu que este ano os soldados passassem pelo local onde costumam acontecer as manifestações bolsonaristas.

Não haverá carros blindados perto da praia, mas navios de guerra no oceano e aviões militares no céu, além de paraquedistas.

Discurso mais moderado

Bolsonaro deve cumprimentar uma multidão de motociclistas que marcaram uma mobilização em Copacabana, e depois falará aos manifestantes de um grande palanque alugado por pastores aliados.

Os magnatas do agronegócio também têm contribuído financeiramente para a organização de eventos no país, segundo a imprensa local.

Uma intensa campanha foi realizada nas redes sociais para reunir o maior número possível de manifestantes, e youtubers bolsonaristas lançaram pedidos de doações online.

"A campanha de Jair Bolsonaro está se preparando para uma grande demonstração de força em todas as cidades brasileiras, sobretudo nas cidades com mais de 100.000 habitantes. Essa demonstração de força é para se traduzir em votos, para fidelizar os eleitores, e seduzir eleitores de outros candidatos menores", comentou Paulo Baia.

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Para não assustar os eleitores moderados, o chefe de Estado pediu aos seus apoiadores mais entusiastas que evitem as faixas e slogans exigindo intervenção militar para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF), que abriu vários inquéritos contra Bolsonaro, especialmente por espalhar informações falsas.

Bolsonaro moderou um pouco seu discurso nas últimas semanas, embora no sábado tenha chamado o juiz do STF Alexandre de Moraes, um de seus alvos favoritos, de "marginal".

De acordo com a última pesquisa do instituto Datafolha, divulgada na semana passada, Lula mantém uma vantagem confortável, com 45% das intenções de voto, ante 32% de Bolsonaro, embora a diferença tenha diminuído nas últimas semanas.

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