Embora a indústria brasileira tenha crescido 3,2% no acumulado de 2024, desempenho superior à média mundial de 2,3%, o último trimestre mostrou sinais de enfraquecimento, destaca o Iedi (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter
Publicado em 26 de abril de 2025 às 09h35.
O Brasil perdeu seis posições no ranking global da produção industrial no quarto trimestre de 2024, segundo análise do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) com base em dados da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO). Com isso, o país caiu da 20ª para a 26ª colocação entre 82 economias avaliadas, refletindo a desaceleração do setor no encerramento do ano.
Embora a indústria brasileira tenha crescido 3,2% no acumulado de 2024, desempenho superior à média mundial de 2,3%, o último trimestre mostrou sinais de enfraquecimento, destaca o Iedi.
Entre outubro e dezembro, a produção manufatureira nacional recuou 0,1% na comparação com o trimestre anterior, já descontados os efeitos sazonais — uma reversão importante frente ao avanço de 1,4% registrado no terceiro trimestre. No mesmo período, a indústria global acelerou de 0,6% para 1,0%.
A perda de ritmo do setor no Brasil, de acordo com a análise, foi influenciada por fatores internos como o aumento das taxas de juros e incertezas em torno do equilíbrio fiscal.
Esses elementos comprometeram a confiança e os investimentos, em contraste com o bom desempenho da indústria chinesa, que ajudou a puxar o crescimento global no período.
Na China, a produção manufatureira avançou 1,9% no quarto trimestre ante o anterior, com alta de 6,6% na comparação anual. Os dados da UNIDO mostram que medidas de estímulo à indústria e o aumento das exportações foram decisivos para sustentar o crescimento.
Os demais países da Ásia também registraram recuperação, com destaque para as nações que têm se beneficiado de estratégias de relocalização de cadeias produtivas e aumento de barreiras às exportações chinesas.
Por outro lado, outras regiões do mundo não apresentaram melhora significativa. Europa (-0,2%), América do Norte (-0,4%) e América Latina e Caribe (+0,1%) tiveram desempenho próximo da estabilidade na comparação trimestral. Frente ao mesmo período de 2023, europeus e norte-americanos voltaram a registrar quedas.
Na América Latina, o desempenho modesto da região refletiu, além da retração do Brasil, a queda de 1,2% da produção manufatureira do México no quarto trimestre. A exceção foi a Argentina, que teve alta de 2,7%, sua segunda variação positiva consecutiva.
Apesar da piora no fim do ano, o Brasil teve um desempenho melhor do que no último trimestre de 2023, quando ocupava a 38ª colocação no ranking global. Além disso, o país terminou 2024 em 25º lugar no acumulado do ano, uma melhora considerável frente à 45ª posição registrada em 2023.
Mesmo com a queda recente, o Brasil continua à frente de outros países latino-americanos relevantes. No quarto trimestre, o Chile apareceu na 31ª posição, a Argentina ficou em 46º, a Colômbia em 51º e o México, em 55º lugar.