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Desabamento de prédio no Grande Recife deixa ao menos 14 mortos

Os bombeiros continuam em busca por uma mulher e duas crianças que permaneciam sob os escombros no local da tragédia, ocorrida no município de Paulista, região metropolitana da capital do estado, Recife

Desabamento em Recife (AFP/AFP)

Desabamento em Recife (AFP/AFP)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 8 de julho de 2023 às 13h58.

Última atualização em 8 de julho de 2023 às 18h34.

Subiu para 14, neste sábado, o número de vítimas fatais do desabamento de um prédio em Paulista, município do Grande Recife. Com os últimos corpos encontrados, todos os desaparecidos foram localizados, e as buscas pelas vítimas foram encerradas. Um dos mortos chegou a ser resgatado com vida, mas não sobreviveu aos ferimentos, de acordo com a Secretaria de Defesa Civil de Pernambuco.

As operações de resgate tiveram início na sexta-feira. Três vítimas foram retiradas dos escombros com vida, enquanto outras quatro foram localizadas já fora do prédio. As operações do Corpo de Bombeiros, no entanto, ainda deverão continuar. Há animais vivos presos em uma parte que não desabou da construção e que serão resgatados nas próximas horas, segundo a Defesa Civil.

Em nota, a prefeitura disse ainda que o local é considerado um foco de imóveis que ruíram ou foram interditados pela Defesa Civil. No início de junho, o município afirmou ter tratado do tema com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante a inauguração do prédio do Instituto Federal de Pernambuco. Na ocasião, foi apresentado, segundo a prefeitura, o diagnóstico dos prédios do tipo "caixão", predominantes na Região Metropolitana de Recife.

Os prédios do tipo caixão são edificações em que, pela definição técnica, usam “alvenaria resistente na função estrutural”, em vez de concreto armado — ou seja, em que as próprias paredes sustentam a estrutura, sem o uso de vigas ou pilares. Em Paulista, são mais de duzentas construções deste tipo identificadas.

"Na ocasião, o prefeito Yves Ribeiro solicitou providências do Governo Federal, no sentido de encaminhar uma solução definitiva por parte da Caixa Econômica Federal e das seguradoras responsáveis pelos prédios. Foi proposta uma agenda com Lula para uma definição de solução para esse problema crônico ", disse a prefeitura no comunicado.

O GLOBO procurou o Ministério do Desenvolvimento Regional, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

Prefeitura se solidariza com as vítimas

A prefeitura de Paulista se solidarizou com as famílias do prédio que desabou, no Conjunto Beira Mar, no Janga, e informou que mobilizou profissionais de diversas secretarias para oferecer suporte às pessoas. Não há informações se os moradores eram assistidos por algum programa habitacional ou se tinham suporte para deixarem o local.

"A Prefeitura do Paulista reforça que as secretarias de Políticas Sociais e Direitos Humanos; Saúde; Obras e Serviços Públicos; Secretaria de Segurança, Mobilidade e Defesa Civil, entre outras, estão mobilizadas para amparar as famílias atingidas", disse a nota.

Segundo prédio que desaba este ano

Em abril deste ano, outro prédio-caixão de três andares desmoronou em Olinda, Pernambuco. Na ocasião, três pessoas morreram, sendo um homem adulto, um adolescente de 13 anos e uma mulher. Outras cinco ficaram feridas, segundo informações do Corpo de Bombeiros.

Quando ocorreu o desabamento, 16 pessoas estavam no edifício. A Defesa Civil de Olinda informou que já havia desocupado o imóvel, localizado no bairro Jardim Atlântico, há mais de 20 anos. Os moradores relataram ter ouvido um "grande estrondo" antes da tragédia.

Defesa Civil evacua três prédios

De acordo com informações do G1, a Defesa Civil de Paulista evacuou três prédios próximos ao edifício que desabou, na manhã desta sexta, por risco de novos desmoronamentos. Desde abril, o órgão iniciou um cronograma de vistorias em prédios com risco de desabamento em bairros como Pau Amarelo, Maranguape, Nossa Senhora da Conceição e Janga, para prevenir novos desastres.

— Quando é detectado o risco, é feita a interdição. Às vezes a própria seguradora contrata a vigilância e coloca no local. Infelizmente o pessoal não tem onde morar, então acaba vindo e reocupando. A Defesa Civil [...], como órgão de prevenção, não pode deixar acontecer. A gente está buscando fazer vistorias e mandando pra procuradoria do nosso município — afirmou à TV Globo a secretária da Defesa Civil de Paulista, Cintia Silva.

Ainda segundo a secretária, já foi realizada uma solicitação oficial para agilizar o cronograma de vistorias. No bairro do Janga, são 32 edificações em modelo semelhante ao que desabou no Conjunto Beira Mar, popularmente conhecidos como “prédio caixão”. Em Paulista, são mais de duzentos prédios deste tipo identificados.

O Conjunto Beira-Mar fica no bairro do Janga e foi inaugurado em 1982. São 1.711 apartamentos, divididos em 29 blocos, sendo 20 do tipo “caixão” e nove prédios maiores, com estrutura de pilotis - que é o conjunto de colunas que sustentam a construção deixando o pavimento térreo livre. Em 2004, um dos blocos do conjunto precisou ser desocupado por causa do risco de desabamento.

Nove anos depois, em 2013, um laudo feito a pedido da justiça confirmou que o prédio do bloco B precisava ser demolido. À época, 10 prédios foram interditados, totalizando 536 apartamentos. Os moradores deixaram os imóveis por ordem judicial, mas muitos apartamentos foram reocupados por outras famílias.

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