Brasil

Derrota põe ponto final na busca de Serra pela presidência

Cientistas políticos avaliam que, tanto o candidato, quando o PSDB, saem arranhados da disputa, e resta a Serra tentar cargos em São Paulo

Futuro de Serra dependerá de como ele vai articular suas relações dentro do PSDB (José Reynaldo da Fonseca/Wikimedia Commons)

Futuro de Serra dependerá de como ele vai articular suas relações dentro do PSDB (José Reynaldo da Fonseca/Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 3 de agosto de 2012 às 20h05.

São Paulo – Na visão de cientistas políticos, a derrota nas eleições para Dilma Rousseff (PT) coloca um ponto final nas tentativas de José Serra (PSDB) de chegar à presidência da República. E, embora não deva abandonar a política, tende a permanecer em sua área de maior influência, o Estado de São Paulo.

“Em termos de política nacional, o Serra perdeu a vez. Ele sai marcado como alguém que perdeu duas disputas presidenciais, mas é diferente, por exemplo, do que aconteceu com o Lula”, afirma Rafael Cortez, cientista político da consultoria Tendências.

Cortez explica que, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disputou - e perdeu - três eleições (1989, 1994 e 1998), ele usou as derrotas para crescer na política e mobilizar o PT. Esta estratégia, para o consultor, foi crucial para que ele fosse eleito em 2002.

“O mesmo não acontece no caso do PSDB, pois perder uma eleição parece não ter este efeito lá. E no caso do PT, não havia outro nome que fizesse sombra sobre o de Lula. Já no PSDB, podemos citar o Aécio Neves, que é um nome competitivo para disputar a presidência em 2014”, diz.

Grande parte do futuro de Serra na política dependerá de como ele vai articular suas relações dentro do PSDB, principalmente com o candidato ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin. Os dois tomaram rumos diferentes, e suas divergências se acentuaram principalmente depois das eleições municipais em 2008. Na ocasião, Alckmin perdeu a disputa com Gilberto Kassab (DEM) à Prefeitura de São Paulo.


Na visão do analista, agora que Alckmin desponta como o nome forte do partido em São Paulo, Serra terá que repensar suas estratégias e coligações. “O que ele vai conseguir está diretamente ligado a como será seu relacionamento com Alckmin”, diz Cortez.

Consistência
A situação de Serra reflete o momento que o PSDB atravessa. Segundo a professora Maria Sousa Braga, cientista política da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), embora o partido não perca muito em termos de votos, sai enfraquecido da disputa presidencial.

“Eles têm que fazer uma reavaliação. O que os eleitores esperavam era que o PSDB trouxesse uma agenda política mais consistente em termos de alternativas políticas. Os discursos do Serra apresentavam propostas, mas tudo ficou muito disperso. Isto distrai o eleitorado e afeta o partido enquanto grupo político. Eles carregam o nome de maior peso na oposição. Se não apresentam algo de novo, perdem credibilidade.”

Para a professora da Ufscar, o PSDB precisa definir com urgência o que fará nos próximos anos. “Os eleitores são cada vez mais críticos em relação à questão programática do partido. Eles precisam saber com clareza o que o PSDB pretende, para poderem se posicionar”, conclui.

Rafael Cortez, da Tendências, diz que a campanha de Serra foi incoerente. "Ele mudou estratégia, bateu no Banco Central, no Mercosul, no aborto. A Marina Silva foi derrotada, mas vislumbra alguma coisa no futuro. No caso do Serra, é mais do que uma derrota eleitoral, é a derrota de um projeto político para o futuro."

Acompanhe tudo sobre:Dilma RousseffEleiçõesEleições 2010José SerraPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

Governo quer aumentar número de setores fora do tarifaço

Governo quer ampliar número de setores isentos do tarifaço de Trump, diz Alckmin

Recuperação de áreas degradadas pode contar com R$ 31,4 bilhões

Rio Grande do Sul registra neve em algumas localidades