Operação Carne Fraca: fiscais que deveriam emitir certificados de que os produtos estavam de acordo com as regras sanitárias, recebiam propina para liberar os documentos sem fiscalização efetiva (Ricardo Moraes/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 22 de março de 2017 às 21h57.
Última atualização em 22 de março de 2017 às 21h58.
Brasília - Deputados protocolaram na noite desta quarta-feira, 22, na Câmara o pedido de criação de uma CPI para investigar as denúncias apontadas pela Polícia Federal na Operação Carne Fraca.
Os deputados Júlio Delgado (PSB-MG), Ivan Valente (PSOL-SP) e Carlos Zarattini (PT-SP) coletaram 208 assinaturas de apoio à comissão, 37 votos a mais que o mínimo necessário exigido pelo regimento interno.
No pedido de instalação da comissão, os deputados sugerem a apuração de irregularidades na fiscalização fitossanitária no País, com base na ação policial deflagrada na última sexta-feira, 17.
Segundo a PF, um grande esquema de corrupção envolveu empresas de alimentos e fiscais do Ministério da Agricultura.
De acordo com a investigação da PF, fiscais que deveriam emitir certificados de que os produtos estavam de acordo com as regras sanitárias, recebiam propina para liberar os documentos sem fiscalização efetiva.
A operação envolveu 1.100 policiais, 309 mandados judiciais, sendo 27 de prisão preventiva, 11 de prisão temporária, 77 de condução coercitiva e 194 de busca e apreensão em residências e locais de trabalhos dos investigados e empresas supostamente ligadas ao esquema.
As duas das maiores produtoras e exportadoras de carne do Brasil, a BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, e o JBS, dono da Friboi e da Seara, foram citadas nas investigações.
Pelo menos nove pedidos de criação de CPI aguardam despacho do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e normalmente a permissão de instalação obedece a ordem da fila de pedidos.
Duas CPIs estão em andamento na Casa hoje: a da Funai e Incra 2 e da Lei Rouanet. A Mesa Diretora permite o funcionamento simultâneo de, no máximo, cinco CPIs por vez.