Brasil

Deputados decidem votar proposta que desagrada governo

Câmara decidiu votar ainda esta semana o chamado orçamento impositivo, que torna obrigatório o pagamento das emendas individuais dos parlamentares

Presidente Henrique Eduardo Alves fala sobre a PEC 565/06, que institui o chamado Orçamento impositivo (JBatista)

Presidente Henrique Eduardo Alves fala sobre a PEC 565/06, que institui o chamado Orçamento impositivo (JBatista)

DR

Da Redação

Publicado em 6 de agosto de 2013 às 17h54.

Brasília - Apesar dos acenos do governo para melhorar a relação com a base aliada no Congresso, a Câmara dos Deputados decidiu nesta terça-feira votar ainda esta semana o chamado orçamento impositivo, proposta que desagrada o Planalto, já que torna obrigatório o pagamento das emendas individuais dos parlamentares.

A liberação de emendas já esteve diversas vezes no meio de disputas entre parlamentares e governo --que atualmente pode contigenciá-las e muitas vezes acaba usando sua liberação como importante argumento nas negociações de matérias a serem votadas. A PEC do Orçamento Impositivo determina que o governo não poderá fazer cortes orçamentários sobre as emendas individuais.

"O governo tem algumas preocupações sobre como se implementará a ideia do orçamento impositivo", disse o vice-líder do governo na Casa deputado Henrique Fontana (PT-RS). "Nós estamos trabalhando nas próximas horas para criar um ambiente que permita chegar na composição necessária." Como o pagamento dessas emendas não é obrigatório, elas se tornaram instrumentos de pressão política tanto para o governo como para os parlamentares.

O Executivo libera mais emendas quando enfrenta dificuldades para aprovar suas propostas no Congresso. E os parlamentares, por sua vez, seguram a votação de projetos de interesse do governo quando há demora na liberação desses recursos, no popular "toma lá, dá cá".

Segundo Fontana, a decisão de votar o tema nesta semana foi anunciada pelo presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), durante reunião de líderes de bancada nesta manhã. A proposta que recebeu o apoio da maioria das lideranças.

Atualmente, cada parlamentar tem direito a indicar até 15 milhões de reais em emendas. Segundo o relator da proposta, deputado Édio Lopes (PMDB-RR), se for levada em conta a receita corrente líquida de 2012, nesse ano deputados e senadores teriam direito a liberação de cerca de 11 milhões de reais em emendas individuais.

Antes de ser votada no plenário da Câmara, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) precisa ser aprovada em comissão especial, o que pode ocorrer ainda nesta terça, mesmo com a tentativa do governo de se aproximar da base e evitar a votação no Congresso de pautas que podem representar um revés para o governo.


A presidente Dilma Rousseff reuniu-se na segunda-feira com lideranças da base na Câmara e na quarta participa de encontro com líderes aliados no Senado.

"Depois de muitos meses que nós reclamamos do diálogo com o governo, a presidente Dilma deu uma demonstração ontem de que quer diálogo. Isso merece um espaço de reflexão", afirmou o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS).

"É que às vezes o diálogo, quando é retomado tarde demais, ele também não resolve", ponderou. "Não se sabe se a tentativa de diálogo nessa altura do campeonato já não é tardia. Eu gostaria que não fosse." ROYALTIES Além do orçamento impositivo, os líderes discutiram outros temas polêmicos que permeavam a pauta da Câmara, como os royalties do petróleo e o novo marco regulatório da mineração.

A Câmara não deve votar nesta terça o projeto dos royalties, de acordo com o presidente da Casa, porque a pauta do plenário está trancada pela proposta que estabelece um novo marco regulátorio para o setor da mineração, que tramita em regime de urgência constitucional.

"A pauta está trancada pela urgência constitucional da questão do Código da Mineração. Enquanto o governo não retirar essa urgência, e eu espero que retire, a pauta está trancada", disse Henrique Alves a jornalistas ao chegar na Câmara.

O projeto original dos royalties enviado pelo Planalto ao Congresso também tramitava nesse regime, mas perdeu a prioridade de votação quando a Câmara aprovou e enviou ao Senado um outro texto, em substituição ao redigido pelo Executivo. Essa interpretação, no entanto, não é unânime entre os líderes partidários.

De acordo Fontana, o Planalto ficou de decidir em 24 horas se retira a urgência do Código de Mineração. O vice-líder disse ainda que há uma proposta, a ser levada ao governo, de retirar a urgência tendo como compromisso a votação do tema no dia 15 de setembro na comissão especial.

A presidente deve ter uma nova conversa sobre os royalties com líderes da Câmara na próxima semana.

Acompanhe tudo sobre:Câmara dos DeputadosGoverno DilmaOrçamento federalPolíticaPolítica no Brasil

Mais de Brasil

Brasil pode ser líder em aço verde se transformar indústria com descarbonização, dizem pesquisadores

Cassinos físicos devem ser aprovados até 2026 e temos tecnologia pronta, diz CEO da Pay4fun

Com aval de Bolsonaro, eleição em 2026 entre Lula e Tarcísio seria espetacular, diz Maia

Após ordem de Moraes, Anatel informa que operadoras bloquearam acesso ao Rumble no Brasil